“Cada pessoa é um universo…”
Ouvi essa frase ontem e de todas que eu ouvi no meu dia essa foi a que mais me tocou.
Fez-me refletir sobre todas as coisas incompreendidas que permeiam nossa vida, e sobre os raros momentos em que nos colocamos no lugar do outro para tentar ter o mínimo de compreensão sobre uma ação ou outra. Mas creio que a premissa básica para compreender o outro é, antes, compreender a si mesmo.
Todos os nossos julgamentos acerca do mundo são feitos com base nas nossas experiências e os valores advindos delas, logo, se estivermos equivocados ou incertos a respeito das coisas, nosso poder de empatia restringe-se à uma visão demasiadamente parcial, anulando a experiência de compreensão.
A palavra compreensão, em sua origem etimológica, significa aprender conjuntamente. Ocorre compreensão de um fato quando conseguimos perceber os elementos internos que o caracterizam. Quem compreende torna-se capaz de observar cada uma das partes que compõem um todo.
Mas compreender é um exercício, um treino constante de pausa e observação, sobretudo sobre nossas próprias sensações e sentimentos.
E como se faz isso? Não há um manual padrão que nos conduza a determinado comportamento, visto que “cada pessoa é um universo” e o que vale para um não vale para outro, mas certamente há um nível de programação pessoal que nos permitirá possibilidades cada vez mais naturais de compreensão. Penso que é um exercício constante ao longo da vida, e enriquecedor, sem dúvida.
Um bom começo, talvez, seja sempre praticar uma pausa diante das contrariedades. Parar e tentar imaginar o que pode mover o outro numa direção tão oposta à nossa, qual nossa responsabilidade nisso e, principalmente, não fazer um julgamento imediato.
Evidentemente, na maioria das vezes, agimos com os elementos e condições que temos à disposição no momento, e ainda que não sejam os melhores, são os elementos dos quais dispomos.
“Conhece a ti mesmo”, já nos ensinaram há tempos os filósofos.
Observar nossas próprias ações e reações, tentar identificar a origem dessas emoções sem a neurose de ter uma explicação para tudo, pode evitar pesarosos sentimentos autopersecutórios e um pesado fardo de culpa.
Compreender a nós mesmos é uma experiência prazerosa (e algumas vezes um pouco dolorosa também) que nos permite adquirir o controle de quem somos e, então, compreender o que está ao nosso redor. Uma análise franca e cuidadosa de nossas experiências pessoais podem nos proporcionar essas ferramentas.
As experiências revelam, fortalecem, conduzem e até libertam, e apesar de alguns caminhos parecerem muito compridos para nos ensinar certas coisas, através dos mais curtos provavelmente não seria possível absorver as mesmas lições.
Se estivermos em harmonia com nosso interior e cientes de nossos limites, teremos mais condições de compreender o mundo com o qual interagimos. Nossas reações serão mais harmoniosas e a interação com o mundo exterior mais suave. A partir daí, as relações se simplificam e nossas vibrações irradiam paz, seja através de nossa comunicação verbal ou gestual.
Você pode acreditar em qualquer teoria das relações humanas, pode crer que estamos todos ligados por pertencermos à mesma energia cósmica ou só por sermos seres da mesma espécie. Seja como for, é inegável que estamos todos ligados e dependemos uns dos outros em inúmeros níveis de coexistência.
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Assim, se nosso universo interior estiver equilibrado e saudável energética e emocionalmente, estaremos em comunhão pessoal e isso se refletirá nos universos daqueles que estão ao nosso redor. E apesar disso, serão experimentos e decisões pessoais e intransferíveis que cabem àqueles com disposição para o bem viver com seus próximos.
Neste mar de venturas e desventuras que é nosso caminhar, é fascinante perceber que os erros e acertos também são frutos de nossas vivências e que somente a nós cabe administrar.