“Não julgueis para não serdes julgados.”
O julgamento é uma das maiores causas de sofrimento, miséria e descontentamento no planeta. Julgar pressupõe comparar uma coisa com outra, e isso é estupidez.
Repare agora no que acontece a seu redor, em sua vida. Veja quantas coisas novas, quantas coisas diferentes acontecem.
O contentamento e a felicidade são incompatíveis com nossa ânsia de julgar tudo e todos. De colocar pessoas e realidade no banco dos réus e, como promotores e juízes infalíveis, decretar punições e até penas rigorosas. E impossível ser feliz nesse tribunal que você constrói dentro da sua mente.
O não-julgamento, ao contrário, é, por exemplo, olhar para uma rosa sem pensar e penetrar na sua realidade, não julgando se é bonita ou feia, mas simplesmente sentindo seu perfume, tocando-a, vendo suas cores, interagindo com ela. O não-julgamento é ouvir uma pessoa e procurar aceitá-la.
O não-julgamento é olhar para a sua própria história devida e, em vez de ficar distribuindo críticas e lamentos, aceitar com um sorriso de sabedoria cada acontecimento, mais doloroso e absurdo que seja.
Não julgue. Esse é um dos ensinamentos mais comuns de vários mestres. Se sentir o desejo de condenar o mundo, foque outra coisa. Desvie o olhar para suas mãos e sinta-as sem pensar era nada. Olhe-as sem julgar. Agradeça por tudo o que essas mães lhe deram até hoje: alimento, prazer, carinho, etc.
Ou então olhe para uma flor, ou sinta o chão, ou volte seu olhar para o céu, ou até mesmo fique folheando um bom livro. Esvazie sua mente e arquive o processo de julgamento. O julgamento sempre é da mente, nunca da essência / alma. Por isso que as pessoas que sentem a alma são compassivas, generosas e silenciosas.
Disse o Buda Jesus:
“Aquele que não errou que atire a primeira pedra.”
O julgador/crítico vai treinando seus olhos para ver maldade em tudo. Ele condena tudo como errado. Vê alguém muito rico e já “acha” que roubou. Vê alguém muito pobre e “acha” que é vagabundo. Vê alguém idoso namorando uma pessoa mais jovem e “acha” que é por interesse.
Atenção: também não permita que o julguem. Só aceite críticas quando elas ajudarem a construir algo. E esse tipo de crítica é difícil encontrar. As pessoas querem falar mal, e não auxiliar. O bom daquele que não julga é que não liga a mínima para julgamentos maldosos e críticas iludidas que possam fazer sobre ele.
Certa vez, um buscador encontrou o mestre sufi Dhun-Nun e lhe disse que a teologia dos sufis estava errada, além de desferir outras ofensas. O mestre tirou um anel do dedo, entregou-lhe e disse: “Leve-o aos feirantes e troque por uma peça de ouro”.
Ninguém da feira ofereceu nem sequer uma peça prata. O buscador retornou. Dhun-Nun lhe disse: “leve então o anel a um joalheiro”.
O palheiro, ao tomar o anel, arregalou os olhos e ofereceu por ele mil moedas de ouro, dizendo que estava disposto a aumentar a oferta.
O buscador ficou perplexo. E o mestre Dhun-Nun lhe disse: “Seu julgamento sobre os sufis é tão mesquinho quanto o julgamento dos feirantes sobre as joias. Se você quer julgar jóias, torne-se um joalheiro. Se você quer julgar um sufi, torne-se um sufi”.
Essa parábola conta o julgamento e a perversidade do buscador na tentativa de ofender a escola de Dhun-Nun, sem ter a menor consciência do que a mesma representa. Reflexão:
O que é julgar?
Mesmo quando o julgamento é bom, continua sendo um julgamento. Vá aos poucos abrindo seu coração para o não-julgamento.
É uma nova atitude que talvez demore a se concretizar em sua vida, mas você pode incorporá-la para atingir o contentamento.
Se, no entanto, flagrar-se julgando, não se culpe, não se condene. Corrija-se. Parando de julgar, você vai economizar um universo de energia que pode ser utilizado em tantas outras atividades criativas e prazerosas.
Faça uma lista das pessoas que você julga.
Faça uma lista das realidades que você julga.
Faça uma lista das condenações que você já formulou contra você ou contra a realidade.
Treine não julgar pessoas ou situações.
Tenha coragem suficiente para refletir sobre quais de seus julgamentos são simplesmente ilusões da realidade com base em seus conceitos de certo/errado, bonito/feio, bem/mal, etc.
Rabi Gamaliel ordenou a seu criado Tobias que fosse ao mercado comprar o que de melhor houvesse. O criado trouxe uma língua. No dia seguinte, rabi o mandou ao mercado para comprar o que de pior houvesse, e Tobias voltou a trazer-lhe uma língua. Intimado a dar uma explicação, disse:
— A boa língua é o que há de melhor no mundo. Mas a má língua é o que há de pior.
– Rabi Abáu
Sinta como seu julgamento é absurdo.
Pense em cinco situações que:
Fico feliz por não ser ou não ter: (ser pobre, sem amigos, mudo, desnutrido, inculto, solitário, etc.)
Sinta como essa análise lhe causou satisfação.
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Agora faça este outro exercício:
Eu gostaria de ser ou ter: (um carro melhor, mansão em Miami, corpo perfeito, jatinho particular, etc.).
Sinta como este exercício o deixou insatisfeito consigo ou com a própria vida.
Aprenda: muitas vezes alegria ou tristeza é uma questão de como você julga uma situação.
O que você é diferente de mim para me julgar mal? Por que chove no mar?
Jesus ensinou: Não julgue.
Você consegue pensar algo que não seja um julgamento?
– Koan