Autoconhecimento Psicanálise

Você sabe o que é amor de verdade?

Bride and groom standing over beautiful landscape
Escrito por Ana Cerqueira

Olá, amigos do Eu sem Fronteiras, muito bem-vindos novamente ao nosso cantinho de autoconhecimento. É sempre uma honra escrever para vocês.

Hoje vou falar sobre amor. Aliás, é um tópico que venho abordando muito nas consultas psicanalíticas e fico muito feliz por isso, pois sinto que as pessoas estão cansando de sofrer e em busca de formas mais verdadeiras de amar.

Mas o que é o amor?

Quando crianças, a nossa autoestima é regulada pelo amor dos nossos cuidadores. Se fazemos algo que eles gostam, eles nos retribuem, quando não fazemos, eles ficam bravos e temos perdas, sejam elas emocionais ou materiais. Isso faz parte da vida e é assim que aos poucos vamos criando a nossa personalidade. Quando crescemos, precisamos avaliar tudo que nos foi passado, para absorver o que nos serve e deletar o que não nos serve, para que possamos ser mais verdadeiros e individuais, sem sofrimento.

Acontece que com trocas do tipo “se você comer tudo vai ganhar a sobremesa”, “se você estudar e passar de ano o Papai Noel trará presente”, “se você fizer isso a mamãe não vai mais te amar”, “se você fizer aquilo o papai vai ficar bravo”, aprendemos que temos que fazer algo para que possamos receber o amor de volta. Ou seja, precisamos sempre dar para receber. E assim seguimos pela vida.

Se quando estivermos já um pouco maduros não começarmos a perceber e elaborar que na vida o amor verdadeiro não é troca, sofreremos absurdamente à espera do que está fora de nós. Passaremos a vida toda dando para receber, e nos frustrando quando não temos de volta o que queremos. Assim, passamos a exigir que o outro atenda as nossas necessidades, que são nossas e não dele. Também exigimos demais de nós mesmos, pois sentimos que quando não somos atendidos da forma que esperávamos é porque algo não foi feito direito. Sofremos, sofremos, e amor não é isso.

Amor não é troca. E temos o dever de educar nossas crianças de forma melhor do que os nossos pais puderam fazer por nós. Devemos ensinar não a troca, mas a empatia, o se colocar no lugar do outro. Devemos ensinar que precisamos assumir as consequências dos nossos atos, e que o fato de receber ou não presente no fim do ano não pode ser o responsável pela nossa dedicação ou não aos estudos.

Amar-se primeiramente é a chave principal para poder amar o outro. E como fazer isso? Nos respeitando, impondo os limites quando precisam ser impostos, falando o “não” com amor quando precisa ser falado, não aceitando simplesmente fazer as coisas para agradar os outros. E como amar o outro? Aceitando que ele é imperfeito como nós, que ele erra como nós e que ele NUNCA irá preencher os vazios que só podem ser preenchidos por nós mesmos, porque a felicidade está dentro, e não fora.

Smiling couple near the tent. man shows away. couple sitting on log

Quando buscamos a troca, exigimos que o outro faça o que ele não quer fazer, que ele esteja quando ele não quer ou não pode estar, e isso não significa que ele não nos ama, mas que também existe um mundo além de nós.

Quando buscamos a troca não aceitamos o não, agimos como criança birrenta que comeu tudo e a mãe resolveu mesmo assim não dar a sobremesa. Sim, amamos errado, e tudo bem!

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Todos os dias temos a oportunidade de ser melhores, de amar pelo que o outro é, respeitando as diferenças, compreendendo que ele tem defeitos como nós.

É um exercício diário, mas que vale a pena, porque nos tira da ilusão de que algo fora de nós irá nos fazer feliz, nos tira da idealização, que é a companheira mais próxima da dor.

Pense nisso, você está amando de verdade?

Sobre o autor

Ana Cerqueira

Sou Psicanalista Clínico, com especialização em Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente. Tenho graduação em Publicidade e pós-graduação em Comunicação Digital. Sou Autora do Blog “Amor pela Psicanálise”.

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