Acostumar o recém-nascido ao aleitamento leva tempo e precisa de muita dedicação da mãe, principalmente quando o bebê é especial. Crianças com síndrome de Down, microcefalia, fissura palatina e outras alterações têm maior dificuldade para mamar e por isso merecem uma atenção especial.
A amamentação é fundamental para a formação do bebê, por isso médicos recomendam que as mães não desmamem seus filhos antes do tempo. A má-formação neurológica ou física dificulta o processo de amamentação, mas vale lembrar que através de uma intervenção precoce os problemas podem ser contornados.
A seguir você verá alguns tipos de malformações e síndromes que interferem na amamentação e o que pode ser feito para que os bebês consigam se beneficiar do valioso leite materno.
Microcefalia
A microcefalia é uma má-formação neurológica que faz com que a criança nasça com o crânio menor do que o normal. Aqui no Brasil ela se tornou mais conhecida devido a acontecimentos em 2015 que chamaram a atenção para o zika vírus.
Mas se engana quem pensa que ela atinge apenas quem sofre com essa doença, ela pode ser causada por diversos fatores como rubéola, HIV, toxoplasmose, sífilis ou até mesmo pela má-formação do cérebro do feto.
Crianças com microcefalia têm muita dificuldade para mamar, pois seu sistema neurológico afeta o reflexo, coordenação, respiração e sucção.
Como amamentar um bebê com microcefalia
Bebês com microcefalia exigem cuidado em dobro na hora da amamentação, sem atenção eles correm o risco de aspirar o leite para os pulmões.
A UTI neonatal é a melhor forma de auxiliar durante os primeiros dias da criança, inicialmente pode ser preciso o uso de sonda para que a criança se torne apta a mamar no peito.
A mãe precisa de cuidados especiais tanto quanto o bebê, devido o estresse ela pode ter dificuldade de produzir leite.
No peito ou na mamadeira
Não existe uma posição para amamentar bebês nessas condições, ele precisa apenas ser sustentado pelo quadril e ficar com a boca na altura da aréola. Não hesite em procurar orientação médica, caso ele tenha dificuldades.
Síndrome de Down – hipotonia muscular global
A Síndrome de Down não é uma má-formação ou deficiência, mas sim uma alteração genética que não impede em nada o desenvolvimento da criança.
Durante os primeiros meses é comum que alguns bebês com essa alteração tenham hipotonia muscular global, que é basicamente uma flacidez na musculatura corporal. Isso pode dificultar na hora da amamentação por dificuldades em reflexos orais.
Como amamentar um bebê com Down e hipotonia muscular global
Mais uma vez é bom destacar a importância de uma intervenção médica precoce para estimular a criança a mamar. Durante essa intervenção é comum que a equipe estimule a língua e a musculatura corporal para que o bebê se adapte à mama.
No peito ou na mamadeira
O posicionamento dessa vez não exige nenhum cuidado especial, além do conforto da mãe e da atenção. É importante deixar o bebê em uma altura compatível com o mamilo para que ele não aspire leite para os pulmões.
Fissura labiopalatina
A formação do lábio e do céu da boca acontece no primeiro trimestre da gestação. Entretanto, alguns fatores genéticos e ambientais – como raios-x e consumo de álcool – podem impossibilitar que as estruturas do bebê se formem corretamente, fazendo assim com que ele nasça com elas abertas.
A fissura labiopalatina é uma anomalia congênita que acontece frequentemente em crianças no Brasil. Na maioria dos casos, ela não envolve o lábio e o céu da boca ao mesmo tempo. Algumas vezes pode ser apenas uma cicatriz labial e em casos mais graves comprometem a gengiva e até mesmo o nariz, podendo envolver em um ou nos dois lados da boca.
Nem todos os bebês que nascem com essa má-formação precisam de cuidados especiais na hora da amamentação, apenas em casos de lábio fissurado e abertura no céu da boca o aleitamento fica comprometido.
Como amamentar um bebê com fissura labiopalatina
No peito ou na mamadeira
Quando o palato está aberto a criança não consegue sugar a pressão e é preciso amassar o bico para tirar o leite. A posição que a criança se encontra também conta, a mãe precisa estar confortável tanto para o amamentamento direto da mama quanto com o auxílio da mamadeira. A criança nunca poderá estar deitada para não acarretar o refluxo nasal. A postura semissentada ou mais elevada impede que o alimento passe para o ouvido e cause otite ou perda de audição.
Caso seja difícil para a mãe e para a criança ter o leite direto do peito, o ideal é que o bico da mamadeira seja macio como o de silicone ou latéx. Bicos com furo também facilitam a saída do líquido, fazendo com que o bebê se adapte facilmente.
Na hora de colocar o leite, verifique se o bico está com leite na ponta, isso ajuda a evitar a entrada de ar que pode fazer com que o bebê tenha cólica. O período de amamentação deve durar menos que 30 minutos, e em todos os casos é necessário fazer o bebê arrotar para evitar riscos de refluxo.
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Não é um bicho de sete cabeças. Com permissão médica, amor, paciência e determinação, bebês especiais podem aproveitar todos os benefícios do leite materno e as mães podem ficar tranquilas durante o aleitamento.
Texto escrito por Juliane Rodrigues da Equipe Eu Sem Fronteiras.