Hoje acordei dolorida, abri o armário e ele estava vazio. Hoje é o seu primeiro dia de adulto com sua própria casa, e esse momento me traz a consciência que não haverá mais encontros matutinos na cozinha, nem despedidas com a minha benção na porta de saída.
Me lembrei do dia que peguei o teste de gravidez com a palavra ‘positivo’ — eu tinha 22 anos, uma menina —, e o quanto me senti apavorada com a nova realidade. Sai caminhando como se uma granada de sentimentos tivesse sido disparada, medo — será que dou conta?
Você foi crescendo dentro de mim, senti muito enjoo, foi com certeza uma invasão tomando posse do meu ventre. Me lembro da sensação de você se mexendo dentro de mim, indescritível, mostrando que você estava presente.
Lembro da primeira vez que te vi, você materializado, ali você era de verdade, real.
Amamentar, misto de dor e prazer, olhar para o seu rostinho e saber da sua dependência completa de mim.
Primeiro dia de aula, o quanto você já se mostrou pronto para se relacionar com as pessoas, foi fácil, é uma habilidade natural sua.
Confiança, vínculo que se formou quando eu e você vivemos o desafio de tirar o líquido da coluna, e apesar de ser absurdamente desafiante para você e para mim, nossos olhos se encontraram e sabíamos que a partir dali podíamos confiar que por mais difícil que fosse, sempre podíamos contar um com o outro.
Prazer de estar ao seu lado, você é gostoso, meu filho, é bom estar com você, conversar, ficar perto.
Parceria quando a sua irmãzinha nasceu, você foi um grande parceiro, foi muito importante para mim tê-lo ao meu lado, obrigada, muito obrigada.
Medo de te perder, quando te busquei uma, duas, três vezes que você bateu o carro, quando desafiava a vida bebendo e guiando.
Orgulho, do homem que você se tornou, um Grande homem, digno, ético, honesto, inteligente, sensível — tá bom, tô babando mesmo.
A frase que você me disse no enterro da nonna, vai ficar marcada para sempre na minha alma: “Sei que você teve uma relação difícil de mãe e filha, mas isso te fez uma mulher incrível”.
Eu complemento essa frase, você me ensinou a ser mãe, pois eu não tinha a menor ideia do que era ter.
Peço perdão pelas minhas falhas, afinal, aprendi com você, e claro que nem sempre os feedbacks foram positivos, mas o resultado é um primogênito incrível.
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Obrigada, meu filho, por tudo. Você me ensinou amar em todas as matizes de luz e sombra do amor. Eu te abençoo e desejo o melhor. Te amo absurdamente.