Quantas vezes não nos pegamos lembrando de uma lembrança triste, responsável por ter gerado uma grande dor e/ou apreensão no passado, mas que nos machuca como se estivessem acontecendo no exato momento? Para nos consolar, alguma pessoa nos diz que o fato já passou, portanto, não há porque nos abalarmos pelo acontecimento, que a vida segue e etc. Realmente é verdade que o fato é passado, porém a sensação de dor pode permanecer por muito tempo depois.
Embora seja um ditado popular, a expressão de que “o que passou, passou” está longe de ser verdade. O autor, Eckhart Tolledo, do livro “Um Novo Mundo – O Despertar de Uma Nova Consciência”, acredita que toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada e nem considerada pelo que ela é no momento em que se manifesta não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.
Metaforicamente falando, vamos explicar que nós somos como uma grande floresta repleta de vegetação. Algum acontecimento ruim, como, por exemplo, um grande incêndio, atinge essa floresta e destrói centenas de árvores e outros seres vivos que ali viviam. Com o passar do tempo, o incêndio é controlado. É um grande engano pensar que a floresta voltará a ser como era antes depois dos danos causados pelo fogo. Além de ter impactado para sempre a floresta, as dores causadas pelas lembranças do incêndio ainda são latentes. Além da destruição, as memórias também impactam negativamente em nossas vidas, além de estarem intimamente interligados.
Continuando a metáfora, a floresta nunca vai conseguir ser plenamente recuperada se a lembrança e as dores do incêndio não forem superadas. Quando a gente consegue se restabelecer do impacto do acontecimento triste, chega o momento de refletir e aprender, ponto fundamental para a nossa reconstrução e, principalmente, para uma nova floresta que seja capaz de não ser destruída novamente. Após nos restabelecermos de uma tragédia, a gente se torna mais forte e aprende a lidar melhor com os problemas.
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É uma hipocrisia dizer que as coisas podem ser esquecidas. Infelizmente, não. Mas transformar a ferida aberta que nos traz dor em uma cicatriz imperceptível e indolor é perfeitamente possível. Não é uma transição fácil e vai requerer muita força.
Dentro de nós existe a capacidade natural de nos restabelecermos. Para isso, a gente precisa trabalhar para conseguirmos superar as lembranças tristes, depende apenas de nós mesmos curar e fechar todas essas feridas que incomodam no nosso dia a dia.
Escrito por Diego Rennan da Equipe Eu Sem Fronteiras