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A corrida como uma forma de meditação

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Desde que consigo me lembrar, sempre gostei de correr. Acho que, quando crianças, todos gostávamos, mas ao crescer fomos parando aos poucos e com o tempo nos esquecendo dos vários benefícios que essa prática pode trazer às nossas vidas. Agora, como adultos, muito escolhem se sentar o dia todo, e mover o corpo o mínimo possível. Ficamos sentados em casa, no carro, no escritório.

Mal andamos, imagine correr. E, como sabemos, as consequências de uma vida sedentária são terríveis, tanto para o nosso corpo quanto para a nossa mente. Este artigo, no entanto, não aborda o quanto sua vida fica mais saudável através dos exercícios físicos.

Em vez disso, vamos tratar sobre como usar o movimento físico para nos tornarmos mais atentos. Ou, para ser mais precisa, falaremos sobre como usar a corrida como uma ferramenta para entrar num modo meditativo.

A corrida como meditação

Mais de uma década atrás, enquanto aprendia sobre meditação e procurava me inteirar sobre suas técnicas, acabei descobrindo a corrida. Descobri que diversos professores espirituais e psicoterapeutas recomendavam a corrida como uma das formas mais rápidas para conseguir meditar. Então, um dia, decidi tentar. Comecei a correr e correr e correr… E gostaria de compartilhar aqui o que tenho aprendido com a minha experiência de usar a corrida como uma forma de meditação.

Correr desacelera a nossa mente

Dizem que a mente é poderosa como servo, mas péssima como mestre. Realmente, quando a mente foge do nosso controle, milhões de pensamentos e preocupações enchem e torturam a psique, nos impossibilitando de parar um pouco, relaxar e encontrar nossa paz interior. Consequentemente, no Budismo, uma mente fora do controle é ligada ao macaco. Assim como um macaco, que pula de galho em galho sem fim, a mente faz a mesma coisa, pula continuamente de pensamento em pensamento, sempre mais cansada e insatisfeita. Quanto mais eu corro, mais meus pensamentos somem.

A meditação é essencial para acalmar a mente do cansaço e se livrar do caos. Há diversas técnicas que podem te induzir a esse estado, sendo sentar ereto e com as pernas cruzadas, prestando atenção na respiração ou no fluxo de pensamentos, a maneira mais conhecida. Algumas pessoas, no entanto, não sabem que para nem toda técnica de meditação é preciso estar sentado e imóvel.

Há outras maneiras que precisam do movimento, e uma delas é o simples ato de correr. A corrida tem sido usada como um meio de meditação por buscadores espirituais do passado e presente que expressaram o imenso poder que essa atividade tem de nos trazer a atenção plena, e há até alguns corredores que podem comprovar os efeitos calmantes desse exercício.

O que tenho descoberto nas minhas experiências com a corrida é que, toda vez que corro por meia ou uma hora, minha mente sempre relaxa. E, quanto mais eu corro, mais meus pensamentos somem, até que eu chego num ponto em que meus medos e preocupações já não existem mais. Quando isso acontece, experimento um estado de consciência tranquilo e calmo, nada que eu tenha conseguido alcançar com horas sentada em sessões de meditação.

Correr traz a nossa concentração ao presente

Na maior parte das vezes, a maioria das pessoas não está concentrada no agora. Nossos pensamentos estão no passado ou futuro, e o que está acontecendo agora acaba não sendo vivido plenamente. Portanto, não somos capazes de aproveitar e saborear ao máximo o que a vida tem a oferecer durante a jornada.

O objetivo principal de qualquer prática de meditação é ajudar a trazer a nossa mente para o presente — ao único momento que foi, é e sempre será — O Eterno Agora, como muitos o chamam. A concentração mental é a base de todas as práticas meditativas, o objetivo é nos trazer a um estado de consciência unidirecional, quando a nossa consciência se foca completamente no que está acontecendo aqui e agora.

Correr nos ajuda a fazer exatamente a mesma coisa — sermos mais conscientes do momento presente. Eu vivenciei isso após correr muito rápido por algum tempo, o passado e o presente tinham desaparecido da minha mente, e a única coisa na que eu estava concentrada era no que estava acontecendo ali na hora.

Meus sentidos ficaram bastante afiados, e eu era capaz de experimentar intensamente como meu corpo se movia e interagia com o ambiente — o movimento das minhas pernas conforme elas tocavam o chão, a brisa gostosa contra a minha pele suada, o ar entrando e saindo do meu corpo enquanto eu tentava respirar e assim por diante. Nesses momentos de mindfulness, minha consciência se tornava muito clara, livre das distrações dos meus pensamentos que confundiam e agitavam minha mente.

Correr desperta a nossa energia adormecida

Existem muitas pessoas que vivem de forma passiva, quase uma vida zumbi — não vivem, simplesmente sobrevivem. Para essas pessoas, a vida parece com um castigo que precisam enfrentar até a hora de suas mortes. Elas sempre se sentem sem energia e precisam forçar seus corpos para continuar a seguir em frente. Mover o corpo pode fazer maravilhas para despertar a nossa energia adormecida.

Ser sedentário e se alimentar mal nos suprime de muitas formas, e não ter encontrado nenhuma verdade ou propósito na vida é algo que quase justifica esse comportamento. Mas isso pode ser mudado a qualquer momento, se realmente quisermos. E há diversas formas para que possamos alcançar isso, assim como ter uma alimentação mais saudável, fazer mais o que amamos e menos o que odiamos e sermos mais ativos fisicamente.

Mover o corpo, e particularmente correr, pode fazer maravilhas para despertar a nossa energia adormecida e suprimida, assim nos sentimos menos estressados e mais renovados. Enquanto você corre, toda parte do seu corpo está envolvida no processo do movimento, e, portanto, todo seu corpo é energizado.

Não é de se admirar que uma das experiências mais intensas que tive enquanto corria (e por bastante tempo depois) foi o quanto passei a me sentir mais viva. Senti uma grande carga de energia. Me sentir forte, poderosa. Me senti limpa, aliviada de qualquer coisa que tentasse me colocar para baixo. Eu me senti completa.

Escrito por Amanda Magliaro da Equipe Eu Sem Fronteiras

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