Nos foi ensinado ao longo do tempo, e essa ideia ainda persiste, que somos resultado. Resultado da genética mais o meio em que fomos criados e vivemos. É claro que a genética nos influencia e influenciou. Da mesma forma que o nosso entorno.
Nossa educação, os valores e princípios que nos foram passados, toda construção social em nosso entorno, tudo isso nos movimenta, nos alicerça e nos constrói.
Mas não somos apenas resultado disso.
Fazendo uma analogia com o tricotar, é como se a uma das agulhas correspondesse à genética e a outra, às circunstâncias que nos abrigam.
Mas e quem tricota?
Quem tricota é definitivo.
José Ortega Y Gasset disse que o homem é si mesmo e suas circunstâncias. Na verdade, sua frase é: “Eu sou eu e a minha circunstância e, se não a salvo, não salvo a mim mesmo”.
“Salvar as circunstâncias” tem a ver com interagir no mundo e deixar um legado. E, visto que as circunstâncias me constroem, ao construí-las, ou reconstruí-las, reconstruo a mim mesmo.
Com base nessa ideia, os indivíduos precisam se relacionar, pois se relacionar é estar presente às circunstâncias e ao entorno que nos circunda.
As circunstâncias são distintas do indivíduo, mas o constroem e, portanto, ele é responsável por alterá-la.
Mas Ortega não esquece o “si mesmo”. Ele reconhece a importância de quem tricota.
Um outro filósofo contemporâneo, mais conhecido, Sartre, dizia: “Não é o que a vida faz conosco, mas sim o que fazemos com o que a vida fez conosco”.
Você também pode gostar
Ao viver dessa maneira, segundo sugerem os filósofos, há a possibilidade da retomada do nosso poder, mas, se eu acreditar que sou um simples resultado, nada mais me resta que lamentar meu triste destino e as circunstâncias que me criaram.