O Reiki Celta tem suas raízes na ancestralidade do povo celta, outrora habitando diversas partes da Europa e Ásia Menor (na região onde hoje é a Turquia). Isto não significa, necessariamente, que o praticante deve morar na Irlanda, País de Gales, Escócia… Ou ter antepassados celtas, por exemplo. O que nos liga com essa modalidade de terapia complementar é o profundo respeito e reconhecimento pela Mãe Terra e a gratidão por suas dádivas à Humanidade e a todos os seres vivos.
“Possa você experimentar cada dia como um dom sagrado tecido que envolve o coração de admiração.”
– John O’Donohue
O que hoje conhecemos como “espiritualidade celta” é um conjunto de crenças tradicionais – cujas origens se perdem no tempo – aliadas à forte presença do Cristianismo, especialmente na Irlanda, no País de Gales e na Escócia.
Se fizermos uma rápida pesquisa na internet, vamos encontrar muitas referências a respeito dos celtas na Irlanda. Isto ocorre porque este país ocupa uma posição geográfica mais isolada, o que evitou a invasão dos romanos. Dessa maneira, na Antiguidade, os irlandeses puderam manter os antigos costumes e tradições por mais tempo que os demais habitantes da Inglaterra e da Europa, evitando adotarem os costumes romanos.
Acredito que é importante que o praticante do Reiki Celta conheça um pouco sobre a espiritualidade que deu origem a esta modalidade de terapia complementar.
O respeito pela terra, pelos ancestrais, pela tribo, pelos seres vivos e locais importantes da sua história, guiavam e davam um sentido profundo à vida das diversas tribos celtas. Os deuses e deusas estavam presentes em todas as manifestações da Criação – e por isso encontramos alguns desses deuses com aspectos muito agressivos, selvagens e assustadores!
Com a chegada do Cristianismo, a antiga religião não deixou de ser praticada. Ela apenas incorporou alguns ensinamentos cristãos, mas continuou presente no espírito do povo. O isolamento natural contribuiu para que a cultura celta perdurasse. O Cristianismo assumiu uma forma distinta da praticada no resto do continente, assimilando muitos aspectos do antigo Druidismo (*1). Alguns estudiosos afirmam que a reverência dos antigos pelo Sol, fonte da Vida e símbolo maior da espiritualidade celta, aproximou o Cristianismo do Panteísmo.
A Igreja Celta teve que se submeter aos preceitos cristãos estabelecidos pela Igreja de Roma em 664, quando várias questões foram resolvidas no Sínodo de Whitby (Inglaterra). Porém, algumas igrejas cristãs celtas resolveram permanecer fiéis aos antigos costumes.
O isolamento da Irlanda (uma ilha ao oeste da Grã-Bretanha) favoreceu o estabelecimento das ordens monásticas, fortalecendo a natural inclinação dos irlandeses a reverenciar e contemplar a Natureza ao seu redor.
São Columbano disse: “Se você quer conhecer a Deus, primeiro conheça a Sua criação”. Se houver uma única palavra que resumisse a essência da Espiritualidade Celta, é a palavra “presença”, isto é, a consciência da Presença Sagrada em cada momento da vida, em todos os lugares. Os monges celtas, antigos druidas, permaneciam contemplando o Sol durante a alvorada, sentindo que suas almas e mentes eram inundadas pela luminescência de Deus.
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A harmonia com a Natureza permeia a cultura celta até os dias de hoje. John O’Donohue (1956-2008), erudito, poeta, filósofo irlandês e especialista em espiritualidade celta, expressava a alma celta em seus poemas:
“Abençoados sejam os dons que nunca notais,
Sua saúde, olhos para contemplar o mundo,
Pensamentos para suportar o desconhecido,
Memória para colher dias desaparecidos,
Seu coração para sentir as ondas do mundo,
Sua respiração para respirar o alimento
À distância que goza da intimidade da terra.”
*1 – Os Druidas eram os antigos sacerdotes celtas. Foram ferozmente perseguidos e exterminados pelos romanos, mas durante o século XVII houve uma retomada de suas tradições, inicialmente na Alemanha, passando depois para outros países europeus, especialmente no final do século XIX.
*2 – Columbano (540 – 615) foi um monge e missionário irlandês, fundador de inúmeros mosteiros. A Igreja Católica o considera padroeiro dos motociclistas.
Referências
In the Light of the Sun
Celtic Spirituality
A Igreja Celta
Columbano