Na inconsciência habitual que a maioria das pessoas vive, um pensamento prejudicial leva imediatamente a outro, depois a outro e a outro, em uma sequência contínua sem praticamente haver espaço de real presença entre um pensamento e outro.
Quando passamos a pegar em flagrante e a interromper esses pensamentos, ao voltarmos voluntariamente nossa consciência para o presente, essa cadeia ininterrupta de pensamentos começa a se partir. Isso significa que, inicialmente, começa a haver pequenos intervalos de presença real entre um pensamento e outro, intervalos esses novamente interrompidos pela ocorrência de mais um pensamento desnecessário, até o próximo ser pego em flagrante e a próxima interrupção voluntária e assim por diante.
Dessa maneira, no começo da prática de técnicas de meditação, algumas pessoas ficam surpresas e frustradas ao perceber a grande quantidade desses pensamentos que insistem em ocorrer, apesar do empenho da pessoa em se manter presente. É assim mesmo, esse é o processo normal de “desmanche” da cadeia contínua de pensamentos prejudiciais.
Assim, o primeiro passo é fragmentar essa cadeia contínua de pensamentos em sequências de pensamentos cada vez menores, com os respectivos intervalos de presença entre uma sequência e outra.
Por isso, a meta de nos mantermos continuamente presentes durante uma prática de meditação não significa que não tenhamos pensamentos involuntários durante aquela prática, pois é perto do impossível deixar de tê-los no início.
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Em outras palavras, pegar em flagrante os pensamentos involuntários e imediatamente voltar ao aqui e agora é “restaurar” a continuidade de presença! Assim, a verdadeira interrupção da continuidade de consciência se dá apenas quando “comemos bola”, ou seja, quando os pensamentos involuntários ocorrem e não nos damos conta de que eles ocorreram!
Com a prática, fica cada vez mais fácil e rápido pegar em flagrante os pensamentos involuntários, o que leva a uma diminuição progressiva das nuvens de pensamentos poluentes que tanto nos sufocam, com o consequente aflorar progressivo de nossa sabedoria.