Não, este não é um texto de autoajuda. Ou quase. Entenda-o como a ciência da autoajuda. O cérebro é um órgão fascinante, ele controla nossos pensamentos, ações, emoções, sentidos e movimento. Enfim, ele é o grande responsável pelo nosso lado emocional e racional — portanto, aquela imagem de coração e cérebro brigando deveria ser, na realidade, dois cérebros. De qualquer forma, por muito tempo, a ciência acreditou que o cérebro, ao atingir a fase adulta, parava de se desenvolver. Isso é, ainda podíamos aprender, entretanto ele não produziria mais neurônios e ficaria cada vez mais debilitado com o passar dos anos. Contudo, hoje sabemos que nosso cérebro não funciona assim graças a uma característica chamada neuroplasticidade. E isso, meus amigos, é a sua chance científica de alcançar ou ser quem você quiser.
Como a neuroplasticidade influencia a sua vida
A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se moldar e adaptar a novas situações e realidades. Isso fica extremamente claro quando analisamos aqueles que sofreram algum tipo de trauma, por exemplo, as pessoas que ficam cegas passam a perceber o mundo através do desenvolvimento dos outros sentidos. No caso de um cientista chamado Paul Bach-y-Rita, da Universidade de Wisconsin, ele criou um dispositivo que permitiu a uma pessoa, cujo sistema vestibular (conjunto de órgãos responsáveis pela manutenção do equilíbrio) tinha sido danificado, recuperar seu senso de equilíbrio. Dessa forma, muitos outros experimentos foram feitos e comprovaram a capacidade do cérebro de se “reinventar”, principalmente em resposta a um trauma.
Porém, não é só de traumas que vive a neuroplasticidade. Um estudo realizado pelo neurocientista Eleanor Maguire, da University College de Londres, estudou o cérebro — mais especificamente o hipocampo (área do cérebro responsável pela memória espacial — de taxistas antes e depois de estudarem para exames de licenciatura e descobriram que o hipocampo cresceu após esse processo. Isso revelou que o cérebro não só é capaz de adaptar seus circuitos, mas também de criar novos para desenvolver novas habilidades.
Como a neuroplasticidade pode influenciar a sua vida
— Quando eu crescer, quero ser cientista.
— Ah! Eu quero ser dançarina.
— Eu só quero ser feliz mesmo.
Três belíssimos sonhos. Tanto para o primeiro quanto para o segundo é necessário desenvolver determinadas habilidades: para ser cientista, é preciso um bom raciocínio lógico e grande conhecimento na área desejada — seja medical, biológica ou exatas. Já para ser dançarina é preciso ter um profundo conhecimento do próprio corpo, ter elasticidade, saber a teoria das danças, o ritmo dos gêneros musicais e a intensidade dos movimentos. E tudo isso pode ser aprendido com o tempo. Com o devido comprometimento, seu cérebro vai se adaptar à sua necessidade de aprendizado e, com o passar do tempo, se desenvolverá para isso. Quantos idosos não começam a dançar depois de uma certa idade? Quantas pessoas não se tornam cientistas só depois de passarem longos anos de dedicação a uma outra profissão? Tudo é possível e, graças a neuroplasticidade, nunca é tarde!
Agora, quanto ao desejo de ser feliz… Talvez você já tenha tido raiva de uma pessoa otimista. É incrível como ela consegue estar tranquila e esperançosa quando o mundo está para desabar. Mas na realidade — por mais que tenhamos dificuldades de aceitar esse jeito angelical dela — é comprovado que o otimismo melhora a nossa tolerância à dor e diminui nossa sensação de solidão — o que talvez explicaria por que as pessoas otimistas costumam ser menos ciumentas. A questão é: podemos ser treinados para sermos mais otimistas, simplesmente nos focando mais nas coisas que estão dando certo, ao invés de concentrar nossa energia nos problemas do dia a dia. E o que você ganha com isso? Fora os benefícios já mencionados:
- Sua vida fica mais leve;
- Seus problemas ganham menos importância;
- Você fica mais livre para se dedicar às suas paixões;
E, principalmente, com o coração tranquilo e a cabeça no lugar, você tem mais tempo para ser feliz. Porque, de fato, a felicidade vem de dentro, mas só conseguimos acessá-la quando estamos de bem com a vida e conosco mesmos.
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Portanto, use a neuroplasticidade para desenvolver suas habilidades, inclusive a capacidade de ser otimista. E, como diria o grande lema da Barbie, seja quem você quiser.