Ser eminentemente social, o Ser Humano é, no Planeta, a criatura que por mais tempo solicita cuidados da família ao nascer e para se desenvolver.
Podemos enxergar a importância da formação da família folheando o Evangelho, com Jesus iniciando o seu messianato em uma festa de casamento transformando água em vinho. A união de dois seres é o início de uma nova família.
Em outra oportunidade o Senhor Jesus anunciou que a união entre dois seres os transformam, metaforicamente, em um só.
É ainda o Senhor Jesus quem vai dar uma informação de suma importância para que possamos desvendar o processo da formação familiar, ao dizer:
“O espírito sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem e nem para onde vai, assim é todo aquele que foi gerado do Espírito.” (João 3:8).
O fato de querer nascer em determinado lugar nos remete à consciência do que se quer e, por isso, mesmo quem quer algo ou alguma coisa tem, entre outras coisas, motivos, necessidades e objetivos.
Do versículo bíblico acima se deduz que a imortalidade é apresentada, com a existência do espírito antes e depois da formação e decomposição do corpo físico. Por extensão, se o espírito quer soprar a vida em determinado lugar, tem consciência das condições locais e de quem serão seus pais, se há irmãos envolvidos, da posição moral de todos, nível social, educacional, material e financeiro, incluindo a religião praticada pela família, etc.
Com isso, podemos dizer, pelo menos em linhas gerais, e sempre haverá a possibilidade de exceções, que o espírito sabe com quem e onde vai reencarnar e quais as condições gerais que o aguardam.
Como há reencarnações em todos os tipos de famílias e condições, das mais favoráveis às mais críticas, podemos ainda deduzir que quanto às dificuldades os espíritos as escolhem em função de suas necessidades espirituais.
A Doutrina Espírita, em seu livro básico, O Livro dos Espíritos, nos esclarece através de questão proposta por Allan Kardec aos Espíritos Superiores, que respondem em nome do Senhor Jesus:
Questão 258 – Na espiritualidade, antes de começar uma nova existência corporal, o Espírito tem consciência e previsão das coisas que acontecerão durante sua vida?
– Ele mesmo escolhe o gênero de provas que quer passar. Nisso consiste seu livre-arbítrio.
Os Benfeitores acrescentam, em sequência, que as escolhas são baseadas em sua condição espiritual e o que lhe falta para se aproximar da perfeição.
O espírito, porém, não pode simplesmente determinar sua vida futura sem consultar os envolvidos, porque estes também têm seus planejamentos, seus direitos e livre-arbítrio. Isto significa que temos que “negociar” a nossa presença em programas alheios, e vice-versa, a começar pelos pais, pedindo, ou até mesmo implorando pela aceitação de nossa participação em suas vidas, conforme as necessidades envolvidas, porque pode ser a oportunidade de nos reconciliarmos com eles “enquanto estamos a caminho”, como anunciou Jesus.
Portanto, as pessoas que se apresentam em nossas vidas, a começar pela família foram, na maioria dos casos, escolhidas e negociadas por nós mesmos, em função de nossas necessidades espirituais, visando uma condição melhor para os nossos espíritos no futuro, e foram concedidas por Deus a fim de que possamos nos aproximar da perfeição.
Acrescente-se que os compromissos matrimoniais e os filhos também obedecem ao princípio do planejamento e negociação no Mundo Espiritual antes de nascermos.
É inegável, no entanto, que podemos, e isto acontece com muita frequência, modificar o que foi planejado. Somos portadores de livre-arbítrio e, por isso, temos a possibilidade de alterar o rumo dos acontecimentos.
Em geral altera-se o planejamento reencarnatório pelas escolhas sem reflexão e sem análise das consequências, as ações intempestivas, a manutenção de viciações de toda sorte, os desequilíbrios morais e o egoísmo, porque isso destoa do estabelecido pelo próprio Espírito para si mesmo antes de nascer.
Todo planejamento reencarnatório visa somente o crescimento moral da criatura. Nada mais que isso. Raça, saúde, sexo, beleza, dinheiro e inteligência, por exemplo, são oportunidades de crescimento espiritual, que será reavaliado quando do retorno ao Mundo Espiritual.
De posse das informações dadas por Jesus e pela Doutrina Espírita, facilmente se entende que a existência física é particular a cada um e não podemos culpar ninguém por conta dos insucessos e sofrimentos em família.
Reclamações, acusações e desculpas são mecanismos de fugas de nossos próprios compromissos espirituais, e a Doutrina Espírita nos dá, de maneira clara e lógica, a explicação necessária para nos assentarmos no compromisso que assumimos antes de reencarnarmos e a consciência de que somos os construtores de nossa própria felicidade ou desgraça, o que é ratificado por Jesus no ensinamento “a cada um segundo suas obras”.
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O ideal, portanto, é tomar a decisão de se viver a vida como ela se apresenta, buscando soluções inteligentes e moralmente sadias para os problemas que nos envolvem, sempre fundamentadas no Evangelho, crescendo como Espíritos, embora em algumas vezes a separação se torne o mal menor.
Pensemos nisso.