Autoconhecimento Sagrado Feminino

O empoderamento da mulher desempodera o “Adão Barba Azul” – (Parte 1)

Escrito por Deva Layo Al-N-Dara
– I Parte –

Dentro da psicologia feminina ocidental, existe um arquétipo da independência feminina muito poderoso, herdado da cultura judaico-cristã: Lilith. Para quem não a conhece, sua presença pode ser sentida em nossas vidas, quando temos sensações de vazio, para mostrar-nos a escassez de nossa plenitude, trazendo fadiga quando nos doamos demais aos outros, esquecendo-nos de nós mesmas. Logo, é bastante comum surgirem em seguida da constatação desses nossos “automatismos comportamentais”, sentimentos e necessidades como justiça e mais equidade nas relações com os homens, e até mesmo certa aversão à misoginia e à sociedade patriarcal em que vivemos.

A principal intenção neste artigo é esclarecer a respeito das “sutis amarras” do patriarcado, que aprisionam não apenas as mulheres, mas também os próprios homens, obrigando-os a seguirem padrões de imposição, que muitas vezes não têm necessariamente a ver com suas naturezas, perpetuando uma teia de sofrimento que mantém a ambos, mulheres e homens, em uma ilusão, em uma prisão psicológica de um interminável jogo de poder, e onde há poder, não pode haver amor.

Por isso, é muito importante que entendamos o que é o patriarcado nos dias atuais.

Quando se fala em patriarcado, estamos nos referindo a um conjunto de práticas que foi instituído há milênios atrás, cujos perpetuadores se mantêm na ignorância, e estão interessados em manter as mulheres sob o domínio dos homens, porque acreditam que os homens são de fato superiores. Assim, não se trata de um grupo de homens conspiradores como pode aparentar, mas um paradigma cultural que é introduzido nas pessoas através de todas as nossas redes de relacionamentos: família, escola, religião e instituições. Esse paradigma é expansivo, agressivo, subliminar e milenar, funciona como o sistema onde que nascemos, desfavorecendo homens e mulheres em todas as esferas sociais. Logo, os homens também são vítimas deste patriarcado.

Táticas Masculinas de Desempoderamento

Não há como falar de Lilith sem mencionar seu primeiro esposo, Adão.

A principal razão de evocarmos aqui o arquétipo judaico-cristão de Adão (um homem infantilizado que deseja a submissão total de suas companheiras [Lilith, a primeira esposa e Eva, a segunda] por “ordem divina”), e o do “Barba Azul” (um mito francês do século 17, que fala de um homem sinistro habitante da psique feminina, um predador inato, que, segundo a analista junguiana Clarissa Pinkola Estés [autora de “Mulheres que Correm com os Lobos”], é uma força que precisa ser contida e mantida fora da memória feminina, pois como elemento psíquico ele é um aspecto “contra naturam”, isto é, uma força voltada “contra a natureza”, e portanto, contra a individuação da mulher), é que tanto Adão, quanto Barba Azul são histórias muito antigas que falam da ingenuidade, da frustração e da coragem feminina frente à uma poderosa sedução masculina, insistente em conquistar e apossar-se da alma da mulher. O Barba Azul, por exemplo, é um sedutor que depois de ter sua presa conquistada, a mantém presa em um quarto após um “ato de desobediência”, até decidir o momento ideal para matá-la… E esse tipo de homem não deseja apenas o corpo ou o coração de uma mulher, ele quer aprisionar a sua alma, como um carcereiro devorador dos “pecados femininos”. E este, é um fator bastante arquetípico vinculado ao patriarcado: A Posse.

Conhecendo o que nos move, somos capazes de transformar e interromper este automatismo de sadomasoquismo e poder.

Assim, eu gostaria de expor algumas táticas masculinas de desempoderamento do Sagrado Feminino, Sagrado que toda mulher herda de sua mãe e avós, a fim de elucidar as mulheres e também os homens, c-o-m-o essa dinâmica psíquica acontece dentro deles, muitas vezes de maneira inconsciente, já embutida em seus comportamentos, em suas memórias celulares que foram transmitidas de gerações em gerações, e estão ainda presentes nas situações mais corriqueiras e imperceptíveis do dia a dia. Conhecendo o que nos move, somos capazes de transformar e interromper este automatismo de sadomasoquismo e poder.

Peço que, sejamos ponderados e lúcidos para perceber que nem sempre as nossas relações são pautadas nas realidades descritas neste texto, ok? Então, não nos insuflemos de raiva ou criemos contendas em nossas relações, priorizemos a harmonia e a consciência sobre como administrar os nossos comportamentos nas questões de gênero e se necessário, busquemos por auxílio terapêutico.

– A Tática da Persuasão –

Nesta tática, aprendida pelos meninos através da observação dos modelos do mundo adulto, o homem transmite uma informação, construindo um raciocínio com “vantagens e consequências”, supostamente positivas, sobre “o quanto ele é bom” para você só porque “precisa” de você – e neste caso, ele se coloca como um “coitadinho” ou “carente de recursos”, quando na realidade é um “bon vivant” – seja apelando para sua afetividade se ele estiver apaixonado, ou para sua força de trabalho e organização se ele quiser alguém que faça o que ele tem preguiça de fazer por si mesmo. Mas analisemos mais a fundo: isso ocorre principalmente porque >> ele << lhe oferece vantagens e por isso ele é “o mais importante da relação”… Claro que isso tem um preço.

Veja a situação: você sabe o porquê Lilith abandonou Adão?

Porque ele desejava ficar por cima em todas as relações sexuais, impondo a ela “o dever de amá-lo” segundo a “vontade de deus”. Aqui, o “mito do falo provedor” pode se tornar uma armadilha psicológica para ambos, tanto para o homem quanto para a mulher, pois se trata de um jogo de poder, onde o homem a provê por um lado, mas lhe suga os recursos do outro, e nesta somatória ele também perde. Convém desta forma, ponderar se vale a pena jogar esse jogo e se cuidar para conseguir sair dele, caso decida entrar…

– A Tática da Comunicação Divertida –

Aqui, o homem “desenvolve o dom” de transmitir ideias inadequadas e desrespeitosas sobre o Feminino de “forma engraçada”, o “famoso piadista”, para diminuir o impacto negativo que isso causaria sobre as pessoas do seu convívio e também sobre você.

Quando um homem age desta maneira infantil – assim como Adão ridicularizou Lilith por requerer o direito de mudar de posição na relação sexual – desconhece que está em sofrimento, pois quando ele se esforça para diminuir o Feminino, ele se torna inimigo de sua própria anima (o aspecto feminino interior dele mesmo), e, se tornando um inimigo de sua anima, sempre se sentirá emocionalmente descompensado, pois a anima é a figura que compensa a consciência masculina.

Fique atenta se, ao seu redor, há homens que se comportam desta maneira e sinta-se livre para discordar com elegância e liberdade, frente à deselegância masculina em achar que é mais do que você ou mesmo ao competir com você, explicando a ele que o deboche pode ser sinônimo de complexo de inferioridade e tem tratamento.

– A Tática da Influência Sedutora –

Bom, esta tática é muito comum em Don Juans de plantão e Lestats que só desejam seu sangue.

Aqui, o homem trata as pessoas da forma como gostaria de ser tratado, seja em um tom mais “diplomático ou mais desafiador”, sendo “convidativo” em t-o-d-a-s as suas investidas e roubando o tempo feminino, a cena alheia, principalmente se a mulher é o centro das atenções, se ela é importante em algum meio, ou considerada pelos amigos e admirada. Assim, este tipo de homem demonstra-se muito cortês e útil, no começo ele costuma ser bastante sutil e ao mesmo tempo, cômico e prestativo.

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Não se engane, enquanto você acha que está se divertindo com uma companhia agradável, o homem que age assim está observando e absorvendo sua influência e o seu sucesso, estudando o poder e encanto natural do Feminino, para ter mais poder sobre as pessoas (que são parte do seu círculo) para si mesmo. A questão interna que leva um homem a se comportar dessa maneira tem mais a ver com aquilo que ele crê não ser capaz de desenvolver em si mesmo, uma grande ilusão…

Este é um típico caso do temor e da inveja da força e da posição ocupada pela mulher em seu meio social.

Novamente, pondere se vale a pena estar com um vampiro.

Continua…

“Cerque-se daqueles que têm a mesma missão que você.”

Leia aqui a segunda parte deste artigo!

Sobre o autor

Deva Layo Al-N-Dara

Deva Layo – nome tântrico de Luciáurea Coelho – é autora e arquiteta com especialização em cura de ambientes (Feng Shui, radiestesia e radiônica).

Atua como condutora de percepções, é empata sensitiva consciente e contatada de fenômenos anômalos (UFO), com vasta formação e experiência no segmento artístico, holístico e em espiritualidade: técnicas de dança para educação somática, terapêutica tântrica, terapêutica Yoni Egg, mestria em Reiki, practitioner em ThetaHealing, terapêutica psicanalítica e junguiana, renascimento, leitura de oráculos e condução do sagrado.

É mantenedora da Plataforma de Conhecimento LILITH-BRASIL, criadora da “Jornada para Lilith – de 21 Dias” e mentora do “Lilith Satsang – Encontros com Lilith”, da Escola Psicopompo de Lilith, do Programa Consciência Rúnica (na Rádio StartFM, em 2017), compiladora e transmissora das obras “O Chamado de Lilith”, “Lilith – Rainha da Lua”.

É também autora das obras “A Sombra Que a Gente Tem”, “O Vampiro no Divã”, “Yoni Egg – A Pedra Filosofal da Consciência Feminina”, “Meditação Yoni Egg” e da série de cinco volumes sobre Geometria Corporal Expressiva para Dança do Ventre, disponíveis no Clube de Autores e na Amazon.

Compartilha conhecimentos por meio de seus livros pela expansão da consciência planetária.

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