As características de personalidade de um narcisista perverso começam a se formar desde muito cedo, mas é apenas na idade adulta e em meio aos seus relacionamentos interpessoais e mais íntimos que essa forma de violência criará corpo para se manifestar. Os abusos desenvolvem-se de modo velado, insidioso e ininterrupto.
Como característica básica da perversão narcisista, o abusador sabe que existem limites e leis, mas especializam-se em invalidá-las. Estas a todo custo necessitam ser destruídas, mas não de modo explícito, exatamente por saberem da sua importância, apenas que, secreta e inconscientemente não as aceitam.
Para eles, a incompreensão emocional do limite e da lei do outro, acontece por sentirem-se no risco de serem irremediavelmente castrados por elas. Ainda que seja um assunto simbólico no desenvolvimento do psiquismo humano, em algum lugar de suas profundezas, não é assim que concebem essa realidade.
A diferença básica de um psicopata para um narcisista perverso é que o tal narcisista fica focado em quebrar absolutamente tudo o que signifique lei moral e de construção de identidade do outro. As leis que organizam as sociedades, por vezes, até podem ser quebradas por eles, mas não é este o foco. O alvo do narcisista perverso são pessoas.
Pessoas em geral e principalmente as que estão mais próximas, em suas relações mais íntimas. Estas funcionarão como verdadeiros inimigos que a todo momento servem de ameaça na impermanência de seus frágeis “selfs”.
Com essa demanda, narcisistas perversos, distantes dos seus verdadeiros “eus”, criarão personagens muitas vezes cruéis em nome de minimizarem a luz de quem quer que seja e que imaginem como ameaça e ofuscamento de si mesmos.
A demanda interna, o que os move, é um enorme sentimento de vazio interior que a todo tempo visam preencher, com beleza, objetos, pessoas ou o que seja. Infelizmente estão a anos luz de compreenderem as suas reais demandas emocionais interiores. Psicopatas usam a roupagem sedutora dos narcisistas perversos.
Psicopatas, por vezes, usam a roupagem sedutora dos narcisistas perversos e suas manipulações, embora seus objetivos primordiais sejam de outra ordem. Estes costumam atuar na realidade de modo drástico e como os narcisistas perversos, conhecem as leis, mas estas de nada valem para eles.
O alvo do psicopata costuma ser a destruição concreta de algum objeto externo. Psicopatas também são reféns dos obscuros caminhos de seus psiquismos e acabam funcionando como máquinas autômatas, em total exílio de sentimentos.
E por que os narcisistas perversos agem deste modo?
O narcisista imagina que pode fortalecer o seu ego quando está em contraponto com alguém que ele diminui ou tenta eliminar. Ele acredita, mesmo que seja de modo inconsciente, que para sobreviver, o outro não deve existir como identidade. Por isso que também são conhecidos como vampiros emocionais, pois paulatinamente sugam tudo o que pode representar vida e energia de vida no outro que imaginam ser ameaça ao seu brilho.
Existem diferentes tipos de abusadores narcisistas?
Como em todas as patologias, existem os narcisistas perversos mais prejudicados e os menos, suas ações e crueldades variam de acordo com as suas frágeis e desesperadas camadas emocionais. Quanto mais se sentirem ameaçados, mais se especializarão em suas manobras manipuladoras, onde as vítimas cada vez mais correrão o risco de ficarem confusas em suas próprias leis de sobrevivência.
Lembrando que isso ocorre deste modo, porque o ataque do narcisista sempre é velado, afinal ele conhece a lei do outro, mas não a aceita porque estas se apresentam como ameaças para a integridade dos seus frágeis “eus”.
Vejo muita dificuldade de um abusador narcisista mudar. Pelo aspecto da fragilidade emocional que se encontram, quase todos, ou até mesmo todos, estão dissociados de si mesmos. Um caminho delicado de resgate da unidade. Mesmo assim, sempre penso que a tentativa de uma vida em sua inteireza, vale a pena.
Por outro lado, a dica para alguém que está em busca de libertação ou mesmo para se blindar deste tipo relação tóxica, se for uma relação inicial, o rompimento se possível de imediato e o contato zero valem a pena para que a descontaminação emocional tóxica possa acontecer com maior eficácia.
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Para aqueles que estão há mais tempo, muita terapia, se possível o contato zero ou o mínimo de contato e buscar fazer coisas que promovam bem-estar! Quanto mais despertos, melhor!