“Eu não sou quem eu gostaria de ser; eu não sou quem eu poderia ser, ainda, eu não sou quem eu deveria ser. Mas, graças a Deus, eu não sou mais quem eu era.”
(Martin Luther King Jr)
A ideia expressa por Martin Luther King é a do anseio por ser alguém melhor em comparação ao que se poderia ser, e ao alívio pelo progresso já alcançado. O educador francês Allan Kardec, emérito codificador do Espiritismo, diz: “O homem, tendendo à perfeição e tendo em si o germe de seu aperfeiçoamento, não está destinado a viver perpetuamente no estado natural, como não foi destinado a viver perpetuamente na infância. O estado natural é transitório, o homem liberta-se dele pelo progresso e pela civilização. A lei natural, ao contrário, rege a humanidade inteira e o homem se aperfeiçoa à medida que melhor compreende e pratica essa lei”.
Por lei natural entenda-se Lei de Deus, portanto, o progresso é da ordem natural, de fácil constatação e ninguém pode detê-lo, embora possa, às vezes, contribuir para atrasá-lo. Os Espíritos Superiores, e são superiores moral e intelectualmente, porque aproveitaram as oportunidades que a vida lhes apresentou, não só confirmam o progresso como lei natural, como ainda nos instruem dizendo que: “O homem se desenvolve naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e do mesmo modo; é assim que os mais avançados ajudam pelo contato social o progresso dos outros”.
Surge, então, no esclarecimento acima, uma obrigatoriedade natural para o Homem, a de dedicar-se ao desenvolvimento de si mesmo e também o dever natural de ajudar no progresso coletivo. E isso é para o seu próprio bem, embora, muitas vezes, não o saiba ou não o aceite.
O progresso moral do Homem, que decorre do progresso intelectual, facilitando o entendimento do certo e do errado, torna-o mais responsável pelos seus atos com o uso cada vez mais consciente do livre arbítrio, que também se desenvolve a partir do progresso intelectual.
As diferenças humanas desembocam, então, na educação moral, individual e coletiva, que a sociedade humana deverá desenvolver, obrigatoriamente, se quiser vivenciar uma sociedade mais justa e equilibrada, e isso será, necessariamente, obra do tempo, ao que Allan Kardec propôs ao Espíritos Superiores a seguinte questão: O aperfeiçoamento da humanidade segue sempre uma marcha progressiva e lenta?
– Há o progresso regular e lento que resulta da força das coisas; mas quando um povo não avança rápido o suficiente a Providência provoca, de tempos em tempos, um abalo físico ou moral que o transforma.
O grande educador, então, tece os seguintes comentários: “O homem não pode permanecer perpetuamente na ignorância, porque tem de atingir o objetivo marcado pela Providência; ele se esclarece pela força das coisas. As revoluções morais, como as sociais, se infiltram pouco a pouco nas ideias, germinam durante séculos, explodem de repente e fazem desabar o edifício apodrecido do passado, que não está mais em harmonia com as novas necessidades e aspirações”.
Evidencia-se na resposta acima que a Providência Divina acompanha todo o desenvolvimento das criaturas, com o mais absoluto controle dos acontecimentos, levando em conta, inclusive, os maiores empecilhos ao progresso moral, que são, na opinião dos Espíritos Superiores, o orgulho e o egoísmo.
A partir da individualidade humana, o orgulho e o egoísmo avançam para os de raças e de classes, como também de nacionalidade, e por isso o progresso, em seus variados aspectos, fica circunscrito a determinado ambiente em detrimento de todo o restante da humanidade.
Esta situação não durará muito tempo, mudará à medida que o homem compreender melhor que além dos prazeres terrestres há uma felicidade infinitamente mais durável, a felicidade proporcionada pela consciência tranquila decorrente da prática da solidariedade, que neutralizará as disputas e as diferenças entre os seres humanos.
Os povos materialistas, que vivem somente a vida do corpo, aqueles cuja grandeza é fundada apenas sobre a força e a extensão territorial, nascem, crescem e morrem, porque a força de um povo se esgota como a de um homem.
Aqueles cujas leis egoístas retardam o progresso das luzes e da caridade morrem, porque a luz mata as trevas e a caridade mata o egoísmo; mas há para os povos, como para os indivíduos, a vida da alma. Aqueles, porém, cujas leis se harmonizam com as leis eternas do Criador viverão e serão o farol dos outros povos.
O progresso humano, no entanto, não criará uma única nação, isso é impossível, uma vez que da diversidade dos climas nascem costumes e necessidades diferentes que constituem as nacionalidades; é por isso que sempre precisarão de leis apropriadas a esses costumes e necessidades. Mas a caridade não conhece diferenças nem faz distinção entre os homens pela cor.
Quando a lei de Deus for a base da lei humana em todos os lugares, os povos praticarão a caridade entre si, como os indivíduos, de homem para homem; então, viverão felizes e em paz, porque ninguém fará mal a seu vizinho, nem viverão às custas uns dos outros.
Além dos prazeres terrestres há uma felicidade infinitamente mais durável.
A civilização começa pelo indivíduo, que ao desenvolver-se, somente consegue completá-la quando no sentido moral, por isso, suas leis são instáveis e frequentemente precisam ser modificadas ou ampliadas, para atender novos anseios éticos morais.
Em relação ao nosso estágio de civilização, os Espíritos Superiores alertam que apenas tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando tiverdes banido da sociedade os vícios que a desonram e viverdes como irmãos praticando a caridade cristã.
Até lá, sois somente povos esclarecidos, que percorreram apenas a primeira fase da civilização.
É preciso, pois, educar-se moralmente, desde o berço, os membros da sociedade. Em família a obrigação é dos pais e em sociedade, dela mesma, como um todo em relação aos seus membros. Porém, se percebe que os governantes não o conseguem e, às vezes, demonstram mesmo que não possuem vontade e interesse para tal, em função de diversos motivos que não vem ao caso analisar.
Surge, então, a necessidade do voluntariado nas causas que dignificam a natureza humana, e este já está sendo implantado, aceleradamente, em nosso Planeta. Com muito pouco esforço se verifica isso, e à medida que vamos eliminando o egoísmo presente em nossos espíritos, sentiremos a necessidade de colaborar direta e efetivamente na revolução moral que todos ansiamos, e que depende de cada um de nós.
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A Doutrina Espírita contribui para o progresso moral destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, e fazendo os homens compreenderem onde está seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais encoberta pela dúvida, fará o homem compreender melhor que pode, desde agora, no presente, preparar seu futuro. Ao destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos.
Pensemos nisso.