Ultimamente, tenho recebido muitos tapinhas nas costas calorosos falando da minha coragem, abraços amorosos exaltando a minha iniciativa e escolha, também já fui presenteada com acolchoados futuros ombros amigos se algo “não der certo” e já tive olhares assombrosos e desconfiados para o meu espírito aventureiro. Para estes momentos, sigo um ritual: dou um sorriso largo e solto o meu mais novo famoso “Gratidão”, afinal, como não ser grata a tais gentilezas amorosas. Mas o que na verdade gostaria de explicar é que não é uma escolha. Eu não tive escolha. Eu não fiz uma escolha. Nunca houve uma escolha!
Tudo o que vivi, todas as pessoas, experiências, momentos, amores e lições, sorrisos e lágrimas que passaram na minha vida me levaram até este momento. E escolha seria não viver, deixar de ser, deixar o presente se esvair. Isto sim seria escolher. Viver é ser livre a ponto de deixar o fluxo seguir sem sucumbir a racionalizações e dilemas. Eu não estou a escolher. Estou, sim, a viver.
Qual seria a opção? Não viver é deixar-se morrer. Quando entendemos que tudo é amor, se paramos para escolher, estamos optando entre amor e amor, certo? Então, escolher o que? Se apenas o amor é real, quando escolhemos ficamos com a irrealidade? Aprendi que, quando o amor nos chamar, devemos seguir. Então, onde está a coragem nisto? Isto é obviedade.
Coragem talvez fosse virar as costas para algo grandioso e maravilhoso como o amor e a vida. Coragem talvez fosse fechar a mão para reter o momento passado, enquanto pensamos no futuro. Eu não tenho esta coragem. Eu sou um ser humano divinamente normal e quero me preencher de amor. Quero receber e viver deste presente. Quero ver o meu amor em mim, em ti, no próximo e quero o amor do próximo em mim. Não sei mais viver sem amar. Desaprendi, graças a mim! Treinei muito para chegar até aqui. Então, nunca teve uma válvula opcional.
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Como virar as costas para a nossa energia vital e seguir adiante? Isto não é coragem, aventura ou desapego, é somente amor. Amor por mim, pelo outro, pelo mundo, por nós. Então, lhes digo, queridos amigos, colegas, família, eu não sou corajosa porque faço o que vocês acham que não seriam capazes de fazer, eu não sou forte porque tive a delicadeza de entender que não há o que temer, eu não sou desapegada porque abandono coisas e situações que não me cabem mais, muito menos aventureira porque estou a viver a vida como quem recebe um presente. Eu sou sim alguém que segue algo que considera maior que si, seus anseios, apegos, medos e defesas. Seguir o amor não é ser corajosa, é ser amorosa. E isto, sem dúvida nenhuma, eu sou.