Atualmente, encontramos diversos métodos e modalidades oriundos de diferentes culturas na área das terapias complementares e integrativas. Por exemplo, o Reiki Usui traz em sua concepção original muito da cultura e costumes do Japão.
Isso nos faz entender a razão de alguns preceitos e princípios que norteiam a atividade do profissional, nesta ou naquela terapia. Claro que não é preciso uma imersão total, mas acredito que os terapeutas devem procurar conhecer melhor as origens culturais de cada terapia, para aprimorar seu trabalho.
Infelizmente, notamos que nossa própria cultura, por descaso ou doutrinação cultural/política, é desconhecida e desprezada. Constantemente valorizamos aquilo que vem de fora, por ser “exótico“ ou “diferente”. Tratando-se da cultura indígena, verificamos que a “norma” ainda hoje é considerá-la como sendo de “segunda categoria”.
O termo tupi-guarani é designado para definir uma das dez famílias linguísticas do tronco tupi. O guarani é falado ainda nos dias de hoje pelos povos guarani, guarani-kaiowá, guarani-ñhandeva e guarani-m’byá. Mantendo sua língua, seus costumes e organização social, os povos indígenas do Brasil são denominados nações (e não tribos). O termo “guarani” significa “pessoa”.
Na época do descobrimento do Brasil, a nação Guarani ocupava um vasto território, que compreendia as regiões do sul de Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina. Cultivavam o milho, batata-doce, aipim, feijão, erva-mate e amendoim.
Os Guaranis possuíam um sistema primitivo de correio, o parejhara (equivalente ao termo tupi antigo paresar, “convidar para festa”), que consistia na troca de informações e produtos entre os viajantes que chegavam às aldeias e seus moradores. Esse sistema ajudava na manutenção da coesão cultural dos guaranis, dispersos pela América do Sul.
O correio se utilizava também de um antigo caminho gramado, o Peabiru, que ligava o litoral brasileiro à Cordilheira dos Andes através dos atuais territórios do estado brasileiro do Paraná, do Paraguai e da Bolívia. O Peabiru era muito utilizado pelos tupis e guaranis para manter contato com o império inca.
Antes da chegada dos europeus, sua sociedade era descentralizada, composta de caçadores e agricultores semi-nômades. Os missionários jesuítas instalaram várias missões na região habitada pelos Guaranis, estudando e documentando a língua, rica em imagens e muito expressiva, desde 1625.
Com a destruição das missões jesuítas, os Guaranis se espalharam e muitos foram capturados, servindo como escravos para os bandeirantes e fazendeiros (sobretudo no Paraguai).
Os Guaranis antigamente ocupavam concentrações marcadas por maior solidariedade e maior unidade entre o mesmo grupo, mas em relação a outros grupos caçadores mantinham lutas permanentes.
Durante a guerra, obedeciam a um chefe: o morubixaba, também chamado tuixaua. Porém, em tempos de paz, quem tinha maior autoridade era o pajé (chamados de karai). Os pajés orientavam os índios em relação às suas doenças, lidavam com as conexões entre os seres vivos, a natureza e os espíritos.
Eles eram responsáveis pela remoção das enfermidades e faziam isso mediante os poderes e a sabedoria que dominam, conduzindo as cerimônias sagradas. Orientavam os rituais de vida diária e os ritos fúnebres.
Tudo que o Guarani faz está ligado à espiritualidade, expressa através de sua música. Os conhecimentos ancestrais, assim como suas lendas, são passados oralmente de geração em geração. Seu artesanato evoca também a profunda e respeitosa ligação com a terra. Seus desenhos retratam as matas e os animais que nelas vivem. Consideram a própria terra como uma extensão de suas almas.
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Para os Guaranis, existe um Deus Supremo (Ñanderú guarú) e invisível, que criou tudo e tudo governa. Admitem semi-deuses como os justiceiros que amparam cada um dos seres viventes. Acreditam, também, que a alma é imortal e que o espírito dos defuntos permanece certo tempo no corpo morto com grande poder sobre os vivos.
Alguns símbolos do sistema de cura xamânica Ama Deus são usados especialmente para confortar as almas. Confira alguns deles:
- Para salvar uma pessoa agonizante: usado nas situações em que alguém se encontra no limiar entre a vida e a morte, este símbolo ajuda a alma a se decidir.
- Para ajudar na transição para o mundo dos espíritos: é o símbolo que auxilia as pessoas que fizeram a transição recentemente.
- Para ajudar na transição para o mundo dos espíritos daqueles que fizeram a transição a mais de 21 dias: estas almas são consideradas ainda espíritos na terra e este símbolo as ajuda a seguirem seu caminho.
Um mito interessante sobre um “herói civilizador” é a lenda de Nhaderequei, que teria passado conhecimentos fundamentais para os índios. Este é um mito muito difundido entre diversas nações indígenas das Américas.