A maioria de nós, se não todos, certamente já presenciou alguém agindo em meio a comportamentos perversos. É no tempo de escola que costuma-se vivenciar as primeiras situações abusivas, hoje reconhecidas como bullying.
Durante a manifestação desse tipo de maus tratos é comum a instalação de um silêncio ensurdecedor no ambiente onde as crianças são vitimadas. O trauma também ocorre naquelas crianças que presenciam tais cenas, sendo que muitas delas, de tão terrificadas, acabam paralisando qualquer possibilidade que as fariam tomar atitudes de enfrentamento, pois não há condição emocional.
Por conta das brincadeiras sarcásticas, do receio de serem castigadas e de correrem o risco de poderem passar pelos mesmos tipos de sofrimentos, recebendo as insuportáveis agressões que assistem, muitas crianças acabam ocupando o desconfortável lugar de cúmplices passivas de tais abusadores.
O pavor é tão grande que algumas, temendo serem os novos alvos, em meio a um pacto invisível, chegam até a auxiliá-los. Nas classes em que esse tipo de comportamento é mantido, o clima é de terror, de aliança entre os “fortes” em detrimento dos mais “fracos”. Em poucos casos, ainda que secretamente, determinadas crianças e adolescentes ousam consolar os abusados escolhidos.
Pouquíssimos possuidores de uma autoestima diferenciada, juntamente com o suporte parental, conseguem enfrentar os abusadores de modo declarado e não são poucas as vezes que os pais necessitam interferir para que mudanças contextuais possam efetivamente ocorrer.
As escolas de hoje em dia estão bastante despertas para brecarem esses padrões e também para orientarem aos pais tanto em relação aos filhos abusados, como aos que são abusadores. Mesmo assim, penso que crianças e adolescentes envolvidos nestes temas, de imediato, deveriam ser direcionados para processos terapêuticos emergenciais.
Se acaso você passou por isso em sua infância ou juventude, saiba que este pode ter sido o seu primeiro contato com possíveis futuros narcisistas perversos/psicopatas. Embora nem todos possam se transformar nesses tipos psicológicos patológicos, o alerta de reconhecimento sempre é válido.
Existe um perigo devastador em qualquer lugar em que a empatia é praticamente nula e não existe “o colocar-se na pele do outro”.
Na idade adulta, costuma acontecer que as agressões desses abusadores irão se tornar cada vez mais sofisticadas na medida em que os mesmos vão entrando em contato com o mundo da realidade, aprendendo que não poderão mais sair imunes se forem explícitos demais em suas ações. O que antes era feito de modo meio velado, agora será feito de modo totalmente velado, escondido e praticamente invisível aos olhos de todos, inclusive das próprias vítimas.
Um alerta: na vida adulta, aquelas crianças que fizeram pacto cego com tais abusadores, podem funcionar como facilitadores dos abusos. Enquanto não despertarem de seus medos escondidos ou mesmo de sua falta de coragem para fazerem, quem sabe, o mesmo que os abusadores emocionais fazem, serão os piores inimigos das vítimas que clamam por justiça.
Estes, mesmo que de modo inconsciente, continuarão a ser os grandes aliados dos narcisistas perversos/abusadores, ajudando a denegrir as imagens das vítimas, dificultando ao máximo a percepção externa de quem elas realmente são para os amigos, para a sociedade, ambiente de trabalho, etc.
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Se você estiver saindo de um relacionamento abusivo, seja observador e veja em quem de verdade pode confiar. Muitas vezes, os abusados devem esperar o tempo passar para a vida mostrar quem é quem. Por mais que narcisistas e psicopatas aparentemente possam se dar bem, de algum modo e em algum momento, a vida evidencia a todos quem eles de verdade são. Nessa hora, se você ainda se importar com isso, poderá assistir.