No Brasil, o trabalho voluntário é regulamentado pela Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Em ‘O Livro dos Espíritos’, livro básico da Doutrina Espírita, encontramos os seguintes esclarecimentos dados pelos Espíritos Superiores em respostas dadas às perguntas de Allan Kardec – os grifos são nossos:
Item 766: A vida social é uma obrigação natural?
– Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao relacionamento.
Item 767: O isolamento absoluto é contrário à lei natural?
– Sim, uma vez que os homens procuram por instinto a sociedade, para que todos possam concorrer para o progresso ao se ajudarem mutuamente.
Item 825: Há posições no mundo em que o homem pode se vangloriar de desfrutar de liberdade absoluta?
– Não, porque todos necessitam uns dos outros, tanto os pequenos quanto os grandes. Não é preciso nenhum esforço para se verificar o quanto a sociedade humana experimenta enormes dificuldades, individuais e coletivas, de todos os tipos.
Se as leis humanas estabelecem critérios para a convivência social atingir o máximo de harmonia, as leis divinas, no campo moral, estabelecem critérios para o Espírito imortal, que preexiste e sobrevive a vida física.
Fundamentada nas lições de Nosso Senhor Jesus Cristo, que para os espíritas é o Guia e Modelo máximo dado por Deus, a Doutrina Espírita preconiza os Seus ensinamentos para a convivência, e Jesus estabelece como Lei o amor ao próximo ao dizer:
“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas”
(Mateus, 22:39).
E ainda acrescenta:
“E assim, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles”
(Mateus, 7: 12)
Enquanto seres humanos todos temos necessidades, materiais e subjetivas, individuais e coletivas, que só podem ser satisfeitas, direta ou indiretamente, por outras pessoas, e vice-versa.
Os Governos têm algumas dessas necessidades, de cunho eminentemente social, nos seus mais diversos níveis, diretrizes e mecanismos de trabalho para atuação direta no sentido de eliminar ou minimizar as necessidades dos menos favorecidos.
Infelizmente, porém, e sem juízo de valor, a ação governamental não tem alcançado o mínimo de sucesso em suas investidas, bastando ver a quantas andam, por exemplo, as áreas da educação, saúde e trabalho, que resultam em uma massa humana sem as mínimas condições de sobrevivência.
É nesse campo, o das necessidades humanas, que surgiu e se fortalece a cada dia o chamado Terceiro Setor, através de Organizações Não Governamentais, entidades filantrópicas, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, organizações sem fins lucrativos e outras formas de associações civis sem fins lucrativos. (2)
Em contrapartida, porém, em nenhuma época da história humana se registrou tantas ações voluntárias para a melhora da dignidade humana. Nunca existiram tantas pessoas e entidades voltadas para o voluntariado, no Brasil e no Mundo, para produzir melhores condições de vida para todos.
É a Beneficência, que vem, paulatinamente, sendo implantada em nossa sociedade. Mas é preciso entender corretamente a Beneficência e a forma de colocá-la em prática. No capítulo treze de ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’ encontra-se, inserida por Allan Kardec, importante resposta do Eminente Espírito de São Luiz a respeito: é correta a beneficência quando é exclusivamente praticada entre pessoas de uma mesma opinião, da mesma crença ou de um mesmo grupo social?
Não, pois é principalmente o espírito de seita e de grupo que é preciso eliminar, porque todos os homens são irmãos.
Aquele que crê, o cristão, vê irmãos em todos seus semelhantes e, quando socorre aquele que está necessitado, não lhe interessa nem crença, nem opinião, no que quer que seja. Estaria ele seguindo o preceito de Jesus Cristo, que diz para amar até mesmo aos inimigos, se rejeitasse um infeliz por ele ter uma crença diferente da sua? Portanto, que o socorra sem lhe interrogar a consciência, porque, se ele for um inimigo da religião, será um meio de fazer com que ele a ame. Repelindo-o, fará com que ele a odeie.
Assim, a prática da Beneficência se firma como o Amor pregado por Jesus e que mais dia, menos dia, naturalmente será implantado por nós, afastando-nos do egoísmo que mantém o estado de sofrimento alheio pela ausência de nossa participação voluntária.
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Queremos terminar estes apontamentos transcrevendo interessante conclusão a que chegou Alfred Adler, eminente psicólogo Vienense que fundou a psicologia do desenvolvimento individual: “É o indivíduo que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros. É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos”. (3)
O grande cientista do psiquismo humano confirmou, na prática, que o efeito produzido pelo bem aos outros resulta em benefício próprio a quem o pratica, como deixou claro em Suas orientações Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pensemos nisso.
Referências:
(1) http://www.voluntarios.com.br/oque_e_voluntariado.htm;
(2) https://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_setor;
(3) https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Adler.