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Pais que se ajudam: Papo de Infância

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Escrito por Eu Sem Fronteiras

É Dia das Crianças!

E para falar desse assunto conversamos com Renata Monteiro, idealizadora do Papo de Infância, um projeto que reúne troca de informações com os pais e crianças a respeito de uma das fases mais importantes da nossa vida: a infância. Nesta entrevista, Renata também fala da transição profissional que fez depois da maternidade e a descoberta de uma nova trajetória. Confira!

Eu sem Fronteiras: Renata, me fale um pouco de você, de sua formação, onde mora, o que fazia:

Renata Monteiro: Tenho 38 anos e sou de uma cidade chamada Campos dos Goytacazes, localizada no estado do RJ. A minha primeira profissão foi o magistério, mas dei aula por apenas 1 ano, para a alfabetização, e logo depois comecei a fazer jornalismo na FAFIC (Faculdade de Filosofia de Campos dos Goytacazes). Me formei em 2000. Ao longo da minha trajetória profissional, atuei como repórter em várias emissoras de TV (Record, TV Alto Litoral, TV TEM, INTER TV), em freelas em um produtora de vídeos de Sorocaba (SP) e no Canal Futura de SP. Nos últimos 5 anos, trabalhei na Comunicação interna de uma grande empresa da área de petróleo em Macaé (RJ).

Eu sem Fronteiras: Como surgiu a ideia do Papo de Infância?

Renata Monteiro: O Papo de Infância surgiu de um momento de muita inquietação profissional e pessoal. Como eu moro em Macaé (conhecida como a capital nacional de petróleo) e trabalhava numa empresa desse segmento, a crise chegou forte por aqui. No fim de 2015, as demissões se intensificaram e eu comecei a me questionar: e se eu perder o emprego, o que quero fazer? Que atividade profissional está aliada ao meu propósito de vida? Qual é o meu propósito de vida? Foram meses de muitas inquietações e reflexões que anunciavam um ciclo de mudanças. Por causa do meu filho, na época com 2 anos, eu tinha certeza que:

– Não queria voltar para o jornalismo diário (pelo menos, naquele momento…em função da rotina pesada).

– Desejava algo com flexibilidade geográfica, de tempo e que me permitisse momentos de qualidade com o meu filho.

– Procurava algo que estivesse muito alinhado com o meu propósito de vida.

Renata e o filho, Pedro.

Em setembro de 2016, quando fui dispensada do emprego, comecei a fazer um curso de empreendedorismo materno. No entanto, eu ainda não havia encontrado uma possibilidade de trabalho que fizesse o meu olho brilhar. Pensei em criar uma loja virtual, mas o que eu gostava mesmo era me relacionar com pessoas, interagir, compartilhar ideias e experiências. Aí, tive a ideia de fazer um blog sobre empreendedorismo feminino. Me inscrevi num Programa de Protagonismo Digital para Jornalistas – o REALIZE, e comecei a falar sobre o projeto. Só ali, me dei conta de que o blog sobre empreendedorismo feminino também não era o caminho certo. Fiquei abalada emocionalmente porque estava ansiosa, queria encontrar um plano B logo, ter a vida sob controle. Mas nem sempre isso é possível. Achei que não ia conseguir me encontrar de verdade.

No fim, era isso que estava faltando: me encontrar de verdade, me afastar de quem eu estava sendo até aquele momento para dar lugar a uma nova Renata – que iniciava um ciclo diferente e, portanto, tinha objetivos diferentes ainda não identificados.

Naquele momento, decidi dar tempo ao tempo e ficar atenta aos insights. Dias depois, fui chamada para uma reunião na escola do meu filho. Naquela oportunidade, foi exibido o documentário Tarja Branca (que fala sobre a importância do brincar na formação da pessoa) e tudo se encaixou. Na hora, pensei: por que não unir jornalismo com maternidade? Por que não falar sobre a primeira infância, uma fase tão fundamental na vida das pessoas?

E assim surgiu o Papo de Infância. Não conseguiria, no entanto, sem o apoio do meu marido e do programa REALIZE.

Eu sem Fronteiras: O que é de fato o Papo de Infância?

Renata Monteiro: O Papo de Infância é um projeto feito para compartilhar ideias, experiências e informações com outros pais que ajudarão a formar o futuro da nossa sociedade. O conteúdo é voltado, principalmente, para a 1ª infância: fase que vai de 0 a 6 anos e que molda a gente para a vida. Afinal, é nesse período que se forma a base das futuras habilidades emocionais e cognitivas do adulto.

Eu sem Fronteiras: É possível ver muitas mães que após a maternidade começam a reavaliar seu caminho profissional. E muitas vezes a escolha é colocar em prática um projeto pessoal e profissionalizá-lo. Ao mesmo tempo, esse caminho não é fácil. Qual dica você daria para as mães?

Renata Monteiro: Acredito que a maternidade é transformadora porque nos coloca novamente em contato com a inocência, a pureza e o afeto – coisas que a gente vai “perdendo”, principalmente, ao longo da nossa trajetória profissional. A rotina corrida, as exigências e as cobranças – de maneira geral – exigem tanto que a gente passa a ser mecânico, esquece de olhar para o outro e para a gente. Por isso, a presença de uma criança abala tanto as nossas estruturas. Eu precisei me conectar novamente comigo, voltar na minha infância e relembrar a minha essência para seguir numa nova jornada. Por tudo isso, os conselhos que eu dou, são:

  • Faça algo que, realmente, te dê prazer e não tenha medo de tentar coisas novas. Quando a gente dá o primeiro passo, as coisas acontecem. 
  • Vença o medo, a insegurança e coloque o seu projeto no ar mesmo que ele não esteja 100% ok. As melhorias vêm com os feedbacks, as pessoas amigas que a gente encontra pelo caminho, as tentativas e os erros, 
  • Cuidado para não se autossabotar. A gente vive inventando desculpa para começar, somos campeãs em dizer que não podemos, não conseguimos, etc. 
  • Se você não tem as habilidades necessárias para o que quer, aprenda! Eu não entendia de diagramação, de WordPress, não sabia gravar e editar vídeos e não tinha toda a estrutura necessária. Mas corri atrás para aprender, fui conversar com quem sabia e estou seguindo. O amanhã tende sempre a ser melhor do que hoje. 
  • Persista apesar das dificuldades (vai ter dia em que você vai achar que tudo está sendo em vão, que os retornos não vêm, que você não vai conseguir. Mas…CADA PASSO É UMA JORNADA. 
  • Se perceber que o caminho escolhido não é para você, não tenha medo de mudar de rota. Aproveite a caminhada e não dê mais peso às coisas do que elas têm. 

Eu sem Fronteiras: Poderia me falar dessa série sobre autismo?

Renata Monteiro: A série sobre autismo aconteceu de uma forma muito bacana. Comecei a trabalhar com a Mariliza (mãe da Alice – menininha autista), quando ela virou mãe. Por isso, acompanhei todas as fases narradas na série e sabia da importância de falar sobre elas.

Pouco tempo depois de lançar o Papo de Infância encontrei com a Mariliza e disse: “Gostaria muito de fazer uma matéria com você sobre autismo. Se você quiser escrever, fique à vontade também”. Ela fez, me entregou e eu amei o texto. Na hora, pensei: temos que desdobrar esse conteúdo em uma série porque vamos pode ajudar muita gente. Fiz o convite e a Liza aceitou prontamente. A partir daí, ela começou a escrever as outras reportagens e eu comecei a procurar profissionais para gravar vídeos relacionados aos temas. No total, foram feitas 5 reportagens especiais e 2 palestras online:

Eu sem Fronteiras: Tenho uma opinião pessoal e eu queria saber a sua: vejo que cada vez mais as crianças estão pulando etapas importantes da infância. As meninas muito cedo já usam salto, já se vestem como mocinhas e logo perdem a vontade de brincar, com os meninos a mesma coisa. Por trás de toda essa indústria que fabrica e vende esse consumo exagerado, acabamos deixando de lado a importância da infância. Qual a sua opinião sobre isso?

Renata Monteiro: Como tudo na vida, penso que é importante respeitar as fases da criança. Tudo chegará na hora certa. Portanto, não vejo necessidade de antecipar etapas. A intenção do Papo de Infância, porém, não é demonizar nada. A ideia é, justamente, convidar pais a refletirem sobre temas como esse e avaliar que consequências as nossas ações podem trazer para os nossos filhos.

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Eu sem Fronteiras: Deixe uma mensagem!

Renata Monteiro: O mundo está em um movimento de mudança. No caso do Brasil, a coisa é preocupante porque enfrentamos uma crise moral. Acredito que a volta por cima só ocorrerá quando as pequenas ações cotidianas mudarem, a transformação ocorrer da base para o topo. Mas, talvez, essa mudança só aconteça na geração dos nossos filhos. E é aí que entra a nossa responsabilidade como pais. Acredito na revolução da criança e na contribuição que o Papo de Infância pode dar, junto com pais e educadores, no caminho da mudança… Fortalecendo valores como empatia, respeito, afeto, amor. Como diz um velho ditado: “o grão de areia nada é diante da montanha, mas sem ele não existiria a montanha”.

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