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Setembro Amarelo: risco de suicídio na adolescência

Imagem de uma mulher olhando para baixo com letreiro escrito "setembro amarelo"
Eu Sem Fronteiras

A cada 5 adolescentes que tentaram o suicídio, 4 deram sinais de alerta.

Alarmante, não?

Infelizmente devido ao estigma, vergonha e a culpa, grande parte das tentativa de suicídio não são informadas, dificultando o acompanhamento real das estatísticas. A notificação ao SUS (Sistema Único de Saúde) de qualquer tentativa de suicídio é obrigatória e deve ser feita pelo médico que atendeu o paciente.

Nossos adolescentes, quando estão em grupo, são alegres, ruidosos, mas quando estão sozinhos nem sempre apresentam este mesmo comportamento… Eles são diferentes…

Jovens muito impulsivos, que sofrem excesso de pressão, que fazem uso abusivo de álcool e drogas, que sofrem bullying ou sofreram abuso na infância merecem atenção especial.

A mídia por muitas vezes é infeliz na exploração do suicídio como algo glamouroso e romântico; como forma de punir ou castigar as pessoas; como algo desafiador…

Duas mulheres se abraçando
Eugenio Maurangiu / Canva / Eu Sem Fronteiras

Recentemente vimos o quê foi a repercussão do jogo da “Baleia Azul” e da série “13 Reasons Why”.  Infelizmente, a série não mostrou as possíveis patologias da garota, como um distúrbio paranoide de perseguição, provável estresse pós-traumático, decorrente de tantas mudanças e quebra de vínculos que teve durante toda sua vida…

Sim, foi importante para trazer luz para este assunto, mas pode ter deixado em muitos jovens a impressão equivocada de solução para seus problemas. Estudos mostram que em praticamente todos os casos de tentativa de suicídio, a pessoa sofria de alguma doença mental, porém, na serie “13 Reasons Why”, não há menção alguma sobre isso.

Acontecimentos como rompimentos afetivos, paixões não-correspondidas, bullying, cyberbullying, que ocorrem agora até por grupos de WhatsApp ou Facebook, ser excluído, ridicularizado, exposto ao grupo, ter fotos postadas, das quais posteriormente se arrependem e se envergonham, e transtornos mentais associados são fatores de risco, dependendo da resiliência que esses jovens têm diante das adversidades da vida.

Autoestima é algo muito importante e que os livra de se sentirem tão vulneráveis às opiniões do grupo.

Duas mulheres se abraçando
Liza Summer / Canva / Eu Sem Fronteiras

Como está a autoestima de nossos adolescentes? Será que, como pais, permitimos que se frustem em pequenas coisas durante sua vida, para que aprendam a conviver com o “não”, com a adversidade? Sempre é tempo de rever nossas atitudes. Nossas intenções são sempre boas, porém por vezes mais atrapalhamos do que ajudamos seu desenvolvimento nesse sentido, criando copinhos de cristal.

Como está a autoestima de nossos adolescentes?

São fatores protetivos pais presentes, mesmo que separados, mas que tenham atenção em manter a relação parental, já que a separação se dá entre os cônjuges e não com os filhos, além de terem um suporte familiar e  estarem inseridos num grupo.

A escola tem papel importante e deveria proporcionar aos professores algum treinamento em saúde mental, o suficiente para identificar e intervir caso perceba algum aluno em risco.

O adolescente está com seu corpo físico preparado para a reprodução, então já é adulto, porém ainda está gestando seu cérebro, uma vez que, apenas por volta dos 25 anos, o córtex pré-frontal terá seu desenvolvimento concluído e ele poderá ter noção de consequências futuras, por exemplo. Se durante esse período acontece o uso de drogas, como a maconha, que tem seu pico de uso entre os 14 e 25 anos, podemos imaginar que, dependendo da genética de cada um, poderá haver danos cognitivos irreparáveis.

Adolescente segurando um tablet e olhando para frente
Julia M Cameron / Canva / Eu Sem Fronteiras

O uso de drogas, associado ao transtorno bipolar, pode desencadear uma psicose, a esquizofrenia e, muitas vezes, o jovem não é diagnosticado e nem se atenta a um possível antecedente familiar, o que aumenta significativamente as possibilidades de desenvolver a doença.

A escola tem papel importante e deveria ter algum treinamento em saúde mental.

É uma roleta russa e o adolescente não tem ideia disso, mas como não está com seu córtex pré-frontal desenvolvido, não acredita nas consequências.

Se souber que uma mulher está usando drogas durante a gestação, ela será fortemente criticada, mas, paralelamente, o jovem está gestando seu cérebro, sua ferramenta mais importante e comprometendo seus desenvolvimento usando drogas.

Diante de um adolescente com sinais depressivos é sempre indicado buscar ajuda médica e psicoterapêutica, pois a impulsividade, associada a dificuldade de falar de sua dor, pode leva-lo a tentar o suicídio. Transformar a dor em ato.

Se o jovem não consegue falar, xingar, liberar seus sentimentos, pode buscar meios de pedir ajuda de uma forma errada.

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Prof. Dr. Neury J. Botega, médico psiquiatra da UNICAMP, contando sobre seu trabalho no Hospital Geral, fez um comentário no último Simpósio Internacional de Suicídio, que me marcou muito: “o jovem fez a tentativa de suicídio porque não conseguiu falar do que o faz sofrer…”.

Mulheres se abraçando
Anna Shvets / Pexels / Canva / Eu Sem Fronteiras

Diante de uma tentativa de suicídio, a internação ambulatorial, ou em clínicas especializadas pode se fazer necessária, para sua proteção, e cientes de que na maioria das vezes, a origem do problema são os Conflitos Familiares. A escolha por uma internação domiciliar pode ser muito desgastante para o jovem e para a família, pois trata-se de um ambiente dominado por ele, que permanece em contato com as pessoas ou situações conflitivas.

Se o jovem não consegue falar, xingar, liberar seus sentimentos, pode buscar formas de pedir ajuda de uma forma errada.

Cuidar da saúde mental de nossos adolescentes, ajudá-los a encontrar seu caminho na vida, sim, mas sempre evitando o excesso de pressão, esse é o melhor caminho.

Um ano a mais ou a menos na vida deles com certeza não fará diferença em seu futuro profissional. Um olhar atento às suas dificuldades e mudanças de comportamento e muito importantes. Eles ainda precisam de cuidado e proteção.


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Sobre o autor

Monica Marchese Damini

Psicanalista Clínica e Editora do Eu Sem Fronteiras

Em certa altura da vida, senti o chamado para descobrir o que havia além da rotina, da vida material, do físico. Foram muitos os caminhos trilhados, muito estudo, muitas vivências e descobertas, muitos desafios, vários mestres. Gratidão a cada um deles.

Autoconhecimento, espiritualidade, física quântica, o universo, yoga, budismo, doutrinas, meditação, retiros, silêncio, corpo, mente, alma, o Ser, o Amor Maior.

Ser livre do mundo externo, do sofrimento de Maya, a ilusão.

Torna-se co-criador da própria realidade.

Colocar em prática o Dharma, o dom e recursos recebidos em prol da sociedade, privilegiar o Todo, trabalhar, estudar, compartilhar, amar, evoluir, sem apego ou aversão.

Despertar para o Divino em cada um de nós. Aprender a enxergar o Ego e deixar que ele apenas trabalhe a favor dos propósitos do Todo, aprender a praticar o desapego e a aceitação… tem que buscar, tem que querer, e eu quero!

Assim como eu, muitos estão nessa jornada, e com este propósito de nos juntar, criamos o Eu Sem Fronteiras, projeto amoroso de compartilhamento e ponte entre quem quer dar e quem busca receber todo tipo de informação e conhecimento, livre de dogmas, julgamentos e crenças, para que cada leitor aproveite o que desejar em cada momento de sua vida.

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Trabalhoso, mas tem muita gente vibrando na mesma sintonia e disposta a compartilhar o que sabe, e nessa nova era onde o coletivo impera sobre o individual, conseguimos uma equipe linda de profissionais em sinergia com nosso projeto para juntar todo o bem e todo o bom aqui neste portal.

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