Uma das frases que eu mais repito em minhas aulas de meditação, em palestras ou treinamentos é: “Transforme conhecimento em sabedoria”. Conhecimento é aquilo que você leu, ouviu ou assistiu. Que talvez tenha feito muito sentido, mas que, por algum motivo, você não colocou em prática.
Sabedoria é aquilo que você experimentou.
As frases positivas que pipocam nas redes sociais são inspiradoras, mas na maioria das vezes nós as admiramos, sem necessariamente colocá-las em prática. Conhecer, investigar e experimentar tem grande importância, caso você esteja aqui, lendo este artigo, em busca de se conhecer melhor.
Nas escrituras budistas, encontramos três termos para essa transição:
– Suta maya panna – Sabedoria de outra pessoa, passada para você.
Serve como inspiração para atingir o próximo nível de ciência, chamado:
– Cinta maya panna – Sabedoria intelectual.
Serve para investigar e decidir se o que foi aprendido faz sentido. É a ponte para o próximo estágio, chamado:
– Bhavana maya panna – Sabedoria experimentada por você.
A realidade dos outros não é a sua realidade. Quando você tem acesso a um conhecimento, o investiga intelectualmente e decide praticar com consciência os ensinamentos, está no caminho certo para ser o verdadeiro sábio.
A maioria das pessoas se encontra no estágio de Suta maya panna. É muito bom ouvir ou ler palavras corretas, filosóficas e benevolentes, mas não experimentá-las, colocando essa sabedoria em prática, é como ir a um restaurante e ficar satisfeito ao ler o cardápio.
Da mesma forma, muitas pessoas propagam os incríveis efeitos da meditação mindfulness, enquanto ainda estão secretamente, em seu íntimo, tentando alcançar resultados. Sentar em silêncio por 10 minutos ainda é um grande desafio.
Muitas vezes isso pode acontecer porque temos a sensação de que meditar é tedioso.
Fora da meditação, queremos meditar. Mas quando tentamos, a mente grita que é um desperdício de tempo, que existem tarefas realmente importantes para serem executadas e que não podem esperar. O celular vibra, pessoas chamam nas redes sociais, a culpa surge em forma de obrigações que você não cumpriu.
Se você se encontra em Suta ou Cinta maya panna e quer se livrar do sentimento de monotonia para alcançar o próximo estágio:
Aceite o tédio!
Condicionados que estamos em responder instantaneamente a todas as distrações em nossas vidas, facilmente nos entediamos quando somos privados desses estímulos.
Quando surge a sensação de tédio, a mente vagueia em busca de ação. Quando ocorrer de a mente deslizar para o aborrecimento e começar a se distrair com os pensamentos, investigue e reconheça o sentimento. Aceite-o, sem julgar a sensação.
Tome ciência dos pensamentos relacionados à monotonia, que podem ser:
“Qual é o objetivo em fazer isso?”
“Quando vai acabar?”
“As sensações me irritam (som, dor ou dormência)”.
“Isto é uma perda de tempo”.
Crie interesse nessa sensação:
Investigue de onde veio o tédio, para onde ele está indo e em que momento ele perdeu a intensidade.
Onde as sensações são sentidas no corpo e qual é o desejo (adormecer, se mexer, tomar um remédio, levantar).
Seja observador de si mesmo:
Sabe quando você está em uma festa e percebe um estranho que não está se divertindo? Você pode até desenvolver compaixão por essa pessoa, mas não necessariamente deixa de se divertir. Há uma diferença entre ficar aborrecido e observar o aborrecimento. Use essa perspectiva de terceira pessoa e observe o tédio dentro de você como se fosse o tédio de outra pessoa.
O tédio nos leva à inquietação, mas esse estado de agitação terá mais sucesso em interromper sua meditação quando suas frequências cerebrais estão em Beta (14-40HZ). As ondas cerebrais Beta estão associadas ao estado de vigília, onde a mente opera com lógica e o raciocínio é crítico.
O relaxamento nos leva a reduzir a frequência cerebral para Alpha (7.5-14HZ), a porta de entrada para o subconsciente e a intuição, que se torna mais clara e mais profunda quanto mais você reduz suas ondas cerebrais. E o tédio para de incomodar.
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Mantenha-se perseverante, disciplinado e paciente, mas não crie expectativas em relação ao objetivo. Não se apegue aos resultados ou benefícios da meditação. A jornada é a recompensa e o trabalho é experimentar. A medida em que medita, transforma o conhecimento em prática. E quando perceber, virou um meditador.
Boas práticas! _/|_