Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.
Oscar Wilde
Vivemos de objetivos. Todos os seres vivos vivem de objetivos. Nos seres inferiores da escala animal o instinto tem por objetivo a preservação da vida e da espécie. No ser humano o instinto também se faz presente, mas a inteligência e o senso moral têm peso significativo.
Nota-se, no entanto, que a diversidade humana traduz níveis de consciência variável em relação aos valores éticos e morais intrínsecos à sua natureza e, por isso, também não são uniformes os entendimentos quanto a melhor vida para ser vivida.
A Benfeitora Espiritual Joanna de Angelis, observando-nos a partir do Mundo Espiritual, opina que a maioria de nós ainda somos seres que vivem do queixo para baixo, porque nossos objetivos visam, quase que exclusivamente, saciar nossas necessidades fisiológicas tais como comer, beber, dormir, fazer sexo, ter segurança, etc.
Por outro lado, também objetivamos, sistemática e de forma alienante, ter coisas, comprar coisas, acumulando patrimônio material, e para justificar chamamos a isso de progresso. Por isso, vivemos em uma época em que predomina o consumismo, com o meio midiático trabalhando intensivamente, às vezes de forma direta nos aguçando o orgulho, outras vezes de forma subliminar para nos conduzir ao consumo desenfreado e, por fim, acabamos por comprar de tudo, principalmente o que é novidade. Daí o desarranjo financeiro generalizado.
A vida reclama um significado subjetivo, diz o Dr. Viktor Frankl, para que ela possa ser uma vida que vale a pena ser vivida. Frequentando campos de concentração como prisioneiro judeu durante a Segunda Guerra Mundial, o Dr. Viktor observou que os prisioneiros que tinham objetivos subjetivos positivos suportavam melhor as condições desumanas dos campos de concentração, incluindo aí a percepção da morte sempre iminente.
Aqueles que desistiam de seus sonhos e objetivos adoeciam e faleciam precocemente. Ao ver que homens que nada tinham doavam as suas mirradas rações de pão para que outros semelhantes pudessem se fortalecer e sobreviver, verificava ele que valores humanos se sobrepõem a quaisquer valores materiais.
Viktor Frankl se tornou uma das páginas brilhantes da natureza humana, deixando-nos conclusões imprescindíveis ao nosso entendimento:
“Quem tem um ‘porquê’ enfrenta qualquer ‘como”.
“Uma das principais características da existência humana está na capacidade de se elevar acima das condições biológicas, psicológicas e sociológicas, de crescer para além delas.”
“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano é trabalhar por algo além de si mesmo”.
Teilhard de Chardin, padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia, disse que:
“Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.
Esse entendimento é o mesmo da Doutrina Espírita, que nos esclarece dizendo que somos Espíritos que, criados por Deus – Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas – fomos criados simples e ignorantes tendo como objetivo a perfeição, conforme O Livro dos Espíritos:
“132: Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?
– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da existência corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo: dar ao Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-la é que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia com a matéria essencial desse mundo para executar aí, sob esse ponto de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a ordem geral, ele próprio se adianta”.
É evidente que se está falando da perfeição moral; daquilo que sobrevive à morte do corpo físico; do Espírito, que é imortal, e que tem, para alcançar esse objetivo macro, que observar outro objetivo em menor escala, conforme O Livro dos Espíritos:
“860: O homem, por sua vontade e ações, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?
– Pode, desde que esse desvio aparente caiba na ordem geral da vida que escolheu. Depois, para fazer o bem, como é seu dever e único objetivo da vida, ele pode impedir o mal, especialmente aquele que poderia contribuir para um mal maior”.
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Conclui-se, então, que quando fugimos de nossos reais objetivos, os que são relativos ao Espírito imortal, vivendo tão somente para os objetivos do homem material, tornamo-nos pobres de realizações que correspondem à essência e destinação humanas, e essa pobreza resultará em um vazio existencial que nunca permitirá a sustentação do edifício chamado felicidade, que tanto buscamos nas coisas materiais, por contrariar, frontalmente, a ordem geral da Vida.