Muito se tem dito sobre o bullying nos dias de hoje, principalmente por se tratar de uma das formas de violências que mais crescem no mundo.
E como conseguimos identificá-lo?
De acordo com Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apenas podemos chamar de bullying uma agressão que possua as seguintes características:
1. A repetição da agressão – discussões e desentendimentos não são necessariamente bullying. Portanto, todo bullying é uma agressão, mas nem toda agressão é bullying.
2. A presença de um público espectador – o bullying normalmente ocorre para que aquele que o pratica se mostre superior ao que sofre. Para que isso aconteça, é necessário que haja uma plateia, ou seja, aqueles que “confirmarão” a superioridade de um sobre o outro.
3. A intenção do autor em ferir o alvo – quando há bullying, aquele que o pratica age de forma intencional: ele sabe o que dizer e como machucar o outro, física ou psicologicamente.
4. Há a concordância do alvo em relação à ofensa – de acordo com sociólogos, temos a tendência de agir com as pessoas de acordo com a forma que elas agem conosco. Aquele que sofre o bullying aceita a ofensa porque ele não consegue reagir de outra forma, pois ele responde à forma que foi tratado.
Como, portanto, podemos lidar com o bullying?
Ao invés de pensarmos em como lidar com situações que já ocorreram, o ideal é trabalhar com a sua prevenção.
Para Brooks Gibbs, premiado educador de jovens no desenvolvimento de habilidades sociais, a forma de se fazer isso é ensinando resiliência aos jovens (todos eles, tanto os que podem vir a praticar quanto sofrer o bullying).
Quando se é resiliente, as críticas podem ser rebatidas com atitudes gentis e amorosas, o que impede aquele que pratica o bullying de se sentir superior. Além disso, a mesma lógica do tratar ao outro como se é tratado vale aqui: ao receber palavras gentis em resposta, aquele que pratica o bullying acaba por responder também de forma gentil. Ou fica sem graça e vai embora.
Em suas palestras, Gibbs responde de duas formas aos jovens que fazem papel de bullying. Na primeira vez, ele responde da mesma forma do agressor: com muita raiva e “atacando”, o que faz o jovem desejar “vencê-lo” e ser ainda mais agressivo. O mesmo não ocorre quando Gibbs responde de forma gentil. Os jovens que fazem o papel de agressor ficam sem graça e não conseguem mais agir como tinham agido anteriormente, o que demonstra que é uma prática que pode funcionar.
Apesar de parecer simples, desenvolver a resiliência não é fácil. A família precisa estar envolvida, buscando fortalecer seus filhos, sendo sinceros quanto às suas qualidades, conversando abertamente sobre suas dificuldades e auxiliando-os quanto às suas opções de diálogo.
A escola deve ser consultada para que se estabeleça uma parceria entre família, escola e as ações estabelecidas pela instituição. E devemos ficar atentos! Se os pais questionam a escola, o jovem passa a duvidar da segurança do ambiente em que ele está. E insegurança não fortalece a resiliência.
O trabalho deve ser em conjunto para que o jovem se perceba em ambientes seguros, tanto na escola quanto em casa.
Você também pode gostar:
Podemos sempre colaborar para evitar o bullying mantendo uma relação de diálogo com os jovens que temos em casa e uma relação próxima com a escola. Quando todos estão envolvidos, fortalecemos os nossos jovens, aumentamos sua resiliência e reduzimos a possibilidade de sofrerem o bullying ou, pelo menos, aumentamos a sua capacidade de enfrentá-lo de uma forma mais saudável.