O livro “Inteligência Emocional”, de Daniel Goleman, estabeleceu, definitivamente, o conceito de que as emoções são passíveis de serem administradas e educadas, como também impactam diretamente no funcionamento do corpo físico.
Editado em 1995 e fundamentado em pesquisas científicas, o livro de Goleman instituiu o QE – Quociente Emocional, como uma segunda inteligência da natureza humana, além do conhecido QI – Quociente de Inteligência, acabando por estabelecer uma correlação entre os conceitos:
“A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocional. Os mais brilhantes entre nós podem afundar nos recifes de paixões desenfreadas e impulsos desgovernados; pessoas com altos níveis de QI são às vezes pilotos incompetentes de suas vidas particulares”. (1)
Todos sabemos, por experiência própria, o quanto o nosso desequilíbrio emocional acaba por impactar nas pessoas de nossas relações. Quantas feridas se abrem no coração delas, inclusive nas que amamos mais profundamente, em decorrência de nosso descontrole emocional.
Esse é um aspecto terrível e muito presente nas relações humanas desses dias de “modernidade líquida” em que vivemos, e que tem levado ao naufrágio muitas amizades e uniões que começaram com alta expectativa de sucesso.
Outro aspecto não menos importante é o do impacto das emoções no corpo físico.
Escreve Goleman:
“Talvez o dado mais compulsório sobre a importância médica da emoção venha de uma análise em massa combinando resultados de 101 estudos menores num único grande, com vários milhares de homens e mulheres. O estudo confirma que as emoções perturbadoras fazem mal à saúde – em certa medida. Descobriu-se que pessoas que sofriam de ansiedade crônica, longos períodos de tristeza e pessimismo, incessante tensão ou hostilidade, implacável ceticismo ou desconfiança corriam duplo risco de doença – incluindo asma, artrite, dores de cabeça, úlceras pépticas e males cardíacos”. (2)
O livro traz muito mais a respeito, e por isso é obra de fundamental leitura.
A respeito do assunto em tela, a Doutrina Espírita tem um contributo extraordinário para nos oferecer, e os espíritas têm tido a oportunidade de receber informações vindas do Mundo Espiritual, através dos Benfeitores desencarnados, antecipadamente às descobertas da ciência convencional.
O Benfeitor Espiritual André Luiz, por exemplo, nos diz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, em 1958:
“A inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço… tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica”. (3)
O Benfeitor Emmanuel, também pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, e também em 1958, ensina:
“A cólera e o desespero, a crueldade e a intemperança criam zonas mórbidas de natureza particular no cosmo orgânico (corpo físico), impondo às células a distonia pela qual se anulam quase todos os recursos de defesa, abrindo-se leira fértil à cultura de micróbios patogênicos nos órgãos menos habilitados à resistência.
Todos os sintomas mentais depressivos influenciam as células em estado de mitose, estabelecendo fatores de desagregação.
Nossas emoções doentias mais profundas, quaisquer que sejam, geram estados enfermiços. Os reflexos dos sentimentos menos dignos que alimentamos voltam-se sobre nós mesmos, depois de convertidos em ondas mentais, tumultuando o serviço das células nervosas que, instaladas na pele, nas vísceras, na medula e no tronco cerebral, desempenham as mais avançadas funções técnicas.
Não nos esqueçamos, assim, de que apenas o sentimento reto pode esboçar o reto pensamento, sem os quais a alma adoece pela carência de equilíbrio interior, imprimindo no aparelho somático (corpo físico) os desvarios e as perturbações que lhe são consequentes”. (4)
E também:
“Os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influência sobre todas as doenças.
Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante à martelada forte sobre a engrenagem de máquina sensível, e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento.
Guardemos, assim, compreensão e paciência, bondade infatigável e tolerância construtiva em todos os passos da senda, porque somente ao preço de nossa incessante renovação mental para o bem, com o apoio do estudo nobre e do serviço constante, é que superaremos o domínio da enfermidade, aproveitando os dons do Senhor e evitando os reflexos letais que se fazem acompanhar do suicídio indireto”. (5)
Lembremo-nos que o suicídio, direto ou indireto, é grave infração à Lei de Deus, e que custará muito ao infrator, no Mundo Espiritual e em futuras reencarnações, a consequente correção do mal praticado a si mesmo e aos outros.
Necessário se faz, apontam os Benfeitores Espirituais em geral, o exame de consciência acerca de como agimos e reagimos emocionalmente, para então traçarmos um programa de educação emocional, afim de evitarmos não só o adoecimento e morte das nossas relações humanas, mas sobretudo o adoecimento e morte precoce do corpo físico, e quando não o conseguirmos por nós mesmos, que o façamos com a ajuda especializada.
Você também pode gostar
Pensemos nisso.
(1) Inteligência Emocional, cap. 3;
(2) Inteligência Emocional, cap. 11;
(3) Evolução em dois Mundos, cap. 3;
(4) Pensamento e Vida, cap. 15;
(5) Pensamento e Vida, cap. 28.