Esse tal de amor só pode ser coisa de Deus mesmo! Profetas e escribas até que tentaram uma especificação para ele, enquanto poetas e literatos supuseram tolamente aprisioná-lo em palavras profanas, perdendo-se da mesma forma como os historiadores e filósofos em suas explicações que apenas satisfazem seus egos e realçam vaidades.
Volta e meia, lendo aqui e ali, ouvindo palestras proferidas por homens e mulheres embriagados por seus saberes e poderosos na posse da Verdade, chego a hesitar quanto à face do amor e do seu significado e hesito sobre a natureza divina desse estado de proximidade íntima com o… Divino!
Esse tal de amor não está aí para brincadeiras, não se deixa subjugar por regras do tipo “a ordem dos fatores não altera o produto” e segue adiante no cumprimento da sua missão de unir e fundir homens e mulheres de todos os gêneros e levá-los a que se libertem de si mesmos e que sejam melhores e maiores nos encantos de amar e de serem amados.
Esse tal de amor contraria regras. Uma delas é que tudo é finito. Amor não é, porque finita só a matéria e ele escapa dessa ciclotimia de nascer, crescer e morrer e não se submete a nada que não seja a sua própria noção de existência. Amor não acaba. Apenas se apieda de nós que ainda não estamos suficientemente prontos para tanta grandeza e, por nos amar tanto, pega carona no primeiro ser alado que estiver por perto e volta para a sua origem, no peito de Deus e aguarda o momento em que dele mais estivermos carentes.
Esse tal amor só pode ser coisa de Deus e é como Ele: não é de ninguém, mas é feito de todo mundo para todos…
Esse tal de amor, que se manifesta às vezes como saudade, outras como compaixão, todas as vezes magia e arte puras, é de tal forma parte de nós, que se apresenta corajoso e magnânimo quando maior é a nossa perplexidade, o não entender o instante da maior libertação: na passagem de estado, de matéria para espírito, o amor se veste de luz e cumpre a anterior promessa, a de nunca nos abandonar e estar presente quando mais nada estiver. Do lado de lá da Vida, existe e espera por nós, ninguém menos que o Amor!
Para mim, que não ligo muito para as explicações eruditas e muito menos para as definições arrumadas conforme a época do ano (amor de mãe não existe, cá entre nós, porque ele não é de ninguém, por mais que o marketing de consumo insista nessa bobagem), esse tal de amor só cabe em uma dimensão de Tempo e Razão, qual seja aquela que insiste ser prudente fazer na vida tudo moderadamente, seja comer, beber, dormir, trabalhar, ganhar dinheiro, farrear, dançar, acreditar em duendes de jardim, sexo, tudinho, tudinho, deve ser feito moderadamente… Menos perdoar e amar! Perdão e amor são coisas muito pessoais de Deus, portanto, são ilimitadas!
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E como ainda sou aprendiz nas artes e magias quanto ao ato de amar, entendo ser melhor deixar o mister das explicações para quem melhor dele dê conta e volte ao refúgio de devolver ao colo de Deus a criação dessa quinta força da ordem cósmica (gravidade, nuclear forte, nuclear fraca e eletromagnetismo). Lá é o melhor lugar, porque é preciso manter a ordem nessa desordem em que ficam as almas dos que amam, encharcadas das alegrias decorrentes do amar, sob pena de vermos estrelas e outras coisas desabando sobre as nossas cabeças, certamente sem que tenhamos tempo para dizer “eu te amo” mais uma vez.
