Educação Nutrição

Comunicação, empatia e conexão

Escrito por Andreia Howell

Quando você se comunica usando um vocabulário que é livre de críticas, está se comunicando de forma empática. Ninguém gosta de julgamento e todos adoram empatia. Em outras palavras, você está apenas se expressando e não dizendo a ninguém como eles se sentem ou o que eles deveriam estar fazendo. É um método que se aplica aos pais e filhos e a relacionamentos em geral, incluindo trabalho e vida cotidiana.

“A maioria de nós cresceu falando uma linguagem que nos encoraja a rotular, comparar, exigir e pronunciar julgamentos em vez de estar ciente do que estamos sentindo e precisando”. (Marshall Rosenberg)

A forma de se expressar das crianças tem raiz na maneira que as pessoas com quem elas convivem se expressam. Queremos um ambiente harmonioso e de paz, que nossos filhos tenham uma imagem positiva de nós e que o canal da comunicação e conexão seja aberto. Por isso, tão importante quanto o conteúdo também é a forma como nos comunicamos com eles.

A comunicação não-violenta ou comunicação empática é uma ótima ferramenta de comunicação para os pais desenvolverem um relacionamento mais harmonioso e de respeito com os filhos.

O autor é Marshall Rosenberg, mediador, autor e professor. A partir do início da década de 1960, ele desenvolveu a Comunicação Não-Violenta (CNV), um processo de suporte e parceria na resolução de conflitos entre pessoas, nos relacionamentos e na sociedade. Trabalhou em todo o mundo como pacificador e em 1984 fundou o Centro para a Comunicação Não-Violenta, uma organização internacional sem fins lucrativos.

A ideia básica é que quando sentimos frustração, raiva, tristeza ou outros sentimentos semelhantes, isso é resultado de necessidades insatisfeitas. Um exemplo comum para os pais é quando não dormimos e durante o dia temos um “pavio curto”, tornando os desafios cotidianos da vida significativamente mais difíceis. A solução não é culpar ou envergonhar os nossos filhos, mas dormir mais. Descansar e dormir eram necessidades não atendidas.

Quando seu filho parece ignorar todas as palavras que você diz, você sente a raiva tomando conta, mas ele não está tentando irritá-lo, está apenas cumprindo as próprias necessidades como brincar, explorar ou se divertir. O que ocorre simplesmente é que ambas as necessidades não estão alinhadas neste momento ou contexto, isso é natural e acontece o tempo todo. Então, como podemos nos comunicar de forma empática e elevar um ao outro?

Leve em conta estas distinções:

1- Necessidades: o que importa para você nesta situação? Que necessidade não está sendo atendida? Segurança? Paz? Conexão? Autonomia e liberdade? As necessidades serão muito diferentes dependendo da situação. Suas necessidades com seu filho serão muito diferentes de quando você estiver, por exemplo, com os seus amigos ou em um ambiente de trabalho.

Aproveite a oportunidade para também ouvir e reconhecer os sentimentos e necessidades do seu filho.

2- Observações: queremos ficar longe de culpar, envergonhar ou atacar os outros. Para que esse objetivo seja alcançado, precisamos iniciar expressando observações sem críticas.

“Eu vejo que você está se divertindo…”

“Lembro-me de chamar seu nome e você não respondeu… “

“Eu ouvi” ou “eu vi” são ótimas frases iniciais.

3- Sentimentos: qual é o seu sentimento? Mais uma vez, trata-se apenas de um sentimento, sem julgamento, ao invés de um pensamento ou interpretação. Frustração, medo, raiva, tristeza, tensão, confusão, há dezenas de sentimentos que você pode ter.

É normal o seu filho vê-lo como uma pessoa que tem sentimento, estamos criando seres humanos, o mais importante é como você expressa ou lida com esse sentimento. Você pode se sentir vulnerável e não há problema algum nisso. Sinta-se confiante em saber que você está colocando o amor em primeiro lugar no relacionamento com o seu filho.

4- Pedidos: Faça um pedido positivo que enriquece sua vida sem exigir. “Você estaria disposto a …” ou uma expressão semelhante. Em contrapartida dizer “Pare com isso” é uma demanda e não um pedido positivo, mesmo que você diga de forma agradável.

A CNV ajuda a interromper esse processo de demandar ou criticar com o “Não” ou “Pare com isso ou vai se machucar“.

comunicação não violenta

“A empatia nos permite reviver nosso mundo de uma maneira nova e avançar.” (Marshall Rosenberg)

Os quatro passos podem parecer um pouco estranhos, não desanime, afinal você está desenvolvendo uma nova forma de se comunicar, e isto não acontece de um dia para o outro. Caso você deslize (e você vai deslizar, acredite!) não se culpe, apenas recrie na sua mente como você poderia ter reagido e aguarde a próxima oportunidade para exercitar seu novo padrão de comunicação. O resultado será recompensador!

O que encontrará nesse artigo:

A CNV é uma maneira de se comunicar que coloca seu relacionamento em primeiro lugar, acredito que você criará belos momentos com seus filhos usando a CNV. Eles reconhecerão o esforço que você está fazendo, mesmo que seja estranho e imperfeito, e seus relacionamentos se aprofundarão em cada interação.

Caso você queira se aprofundar no assunto, recomendo o livro: Comunicação Não-Violenta, de Marshall B. Rosenberg.

Sobre o autor

Andreia Howell

Andreia morou na Austrália e desde 2007 reside nos Estados Unidos.

Graduada em Nutrição com Pós-graduação, atuou 15 anos na área de Nutrição Clínica.
Formada em Ballet Clássico dançou e deu aulas no Brasil e Estados Unidos.

O seu estilo de vida trouxe a oportunidade de conviver com indivíduos de diferentes continentes e culturas.
Apaixonada pelos mistérios e enigmas do desenvolvimento humano, nos últimos 8 anos vem estudando e observando o comportamento humano, principalmente ligado a primeira Infância, o que a levou ao processo de desescolarização e um interesse crescente sobre o início da vida e o condicionamento e adaptação da mente humana em diferentes ambientes e circunstâncias.

Seu trabalho tem influência de Gabor Maté, Shefali Tsabary e Gordon Neufeld entre outros.

E-mail: andreiahowell@hotmail.com