Pais biológicos com doenças psiquiátricas, além de transmitirem os genes, têm mais dificuldade em proporcionar um ambiente familiar sadio e adequado ao desenvolvimento da criança, acarretando, muitas vezes uma disfunção familiar devido à negligência física, emocional, abusos, conflitos familiares e até violência doméstica.
Em pacientes que sofreram trauma na infância, o Transtorno Bipolar está associado com a idade de início da doença mais precoce, uma pior evolução clínica, maior número de tentativas de suicídio, mais prevalência de ciclagem rápida, que é a forma mais cruel da doença, maior número de episódios e maior incidência de abuso de álcool e substâncias.
Dos filhos de mães bipolares menos de 40% conviviam com seus pais, 90% estavam presentes nos episódios de crises, mais de 30% foram expostos a riscos como abusos físicos e psicológicos e até presenciaram tentativas de suicídio.
Este ambiente altamente estressante pode ser gatilho para disparar a doença, caso haja uma predisposição genética. Cientes de que o desenvolvimento cerebral inicia-se a partir da segunda semana de gestação e segue até o final do desenvolvimento do córtex pré-frontal, por volta dos 25 anos, podemos imaginar como uma criança que se desenvolve num ambiente estressante desse pode ter seu desenvolvimento comprometido, pois o ambiente é fator importantíssimo em sua formação.
As experiências que vivemos moldam de forma estrutural e funcional nossos neurônios, que se adaptam às necessidades do meio. É o que chamamos de Plasticidade Neuronal. Esta plasticidade é muito maior durante a infância, nesse mesmo tempo ela é muito mais sensível às influências do ambiente.
As principais funções que podem ficar comprometidas quando a criança é submetida a ambientes danosos, além do próprio Transtorno Bipolar, são a memória, linguagem, suas funções executivas, atenção e percepção.
Portanto, já deu para perceber como as consequências podem ser severas, e conhecendo um pouco delas, podemos ficar atentos a nós mesmos e aos nossos conhecidos e familiares, para auxiliar na proteção destas crianças.
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Observar, conversar, oferecer ajuda a uma mãe nestas condições pode fazer toda diferença na vida da mãe e do filho.