A liberação miofascial energética (myofascial energetic release – MER) é um trabalho corporal de toque profundo e consciente, que atua, como o próprio nome diz, na miofáscia.
A fáscia, ou miofáscia (chamada assim quando compreende um músculo, cujo vocábulo em latim é “mio”) faz parte do tecido conectivo que envolve todos os nossos ossos, órgãos, tendões, ligamentos e músculos.
Debaixo de um microscópio, a fáscia se assemelha a uma teia de aranha – estende-se por todo o corpo, um sistema holístico, sem começo nem fim. É chamada de “tecido do movimento”, o que dá forma ao nosso corpo, integrando todas as partes e onde se encontra o maior número de células sensitivas.
Em um estado saudável, a fáscia está relaxada e flexível. Tem a capacidade de alongar-se e mover-se sem restrições, nos permitindo realizar os diversos tipos de movimento sem dor. Quando está demasiado contraída, seja por estresse, traumas, dificuldades emocionais, padrões posturais, pode causar uma série de problemas como dores de cabeça, dores musculares, espasmos, dores crônicas de coluna, pescoço, ciático, etc.
A liberação miofascial energética (MER) atua na causa da dor, o tecido contraído, com um toque profundo e sensitivo. Ao desbloquearmos estas tensões, auxiliados pela respiração, o tecido volta a receber nutrição, e a energia a fluir. O trabalho, com profundidade e ao mesmo tempo suavidade, vai ajudando o corpo a relembrar de seus espaços internos, acordando nossa capacidade de autocura. A longo prazo, padrões corporais e emocionais vão se transformando; corpo, mente e alma voltam a se integrar em um estado de profundo relaxamento.
Em inglês o termo deep bodywork se refere a este tipo de trabalho, que não é somente uma massagem, porque o cliente tem um papel ativo durante a sessão. Na liberação miofascial energética, o terapeuta dá indicações sobre a respiração, faz perguntas para que o cliente desperte a consciência corporal e também trabalha com o movimento, de forma espontânea e livre, e a expressão das emoções. Ambos, terapeuta e cliente, entram em um estado meditativo, de presença no aqui e agora.
Dessa maneira, deep bodywork é ciência, arte e meditação. O primeiro contato que tive com esse tipo de trabalho foi quando recebi uma sessão, por volta de 2007, se não me falha a memória. E a experiência foi extraordinária: nunca havia me sentido tão bem dentro de mim! Em 2015 conheci a liberação miofascial energética, em uma formação com o criador da técnica, Satyarthi Deva, na França. E, então, um mundo inteiro se abriu para mim.
Aprendendo a técnica e recebendo sessões de meus companheiros, percebi que tudo estava no corpo – as respostas que eu tanto buscava estavam ali, dentro de mim; o corpo físico também abrangia o corpo emocional e espiritual, universos onde eu, xamã de mim mesma, podia ir e vir. Tudo que buscamos já está em nós e podemos ter essa percepção quando realmente estamos presentes, vivos no aqui e agora. E nesse momento vislumbrei o que era para mim a liberdade. Sentir que o corpo é nossa casa, sentir-se completo, com raízes profundas que abraçam a terra e grandes asas para voar, como diz o mestre Osho. Tudo isso em uma atmosfera sem esforço e com prazer, suporte, alegria e, sobretudo, amor.
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Ao longo destes anos, muitas vezes testemunhei as mesmas sensações nas palavras dos clientes após uma sessão – voltar para casa, habitá-la, retornar ao coração, a um estado de relaxamento e presença de onde, acredito, podemos construir nossas melhores ações e estares no mundo. Ao final, este é o grande objetivo deste trabalho.