Autoconhecimento Convivendo

O medo do abandono

Escrito por Carla Bettin
O medo de ser abandonado é muito mais comum do que se possa imaginar. Por ser inconsciente, não é algo tão simples de identificar como o medo do escuro ou o medo de cobra por exemplo.

Imagine como isso pode ser vivenciado já no início da vida. O recém-nascido sai de um lugar seguro e aconchegante que é o ventre de sua mãe, e desembarca em uma realidade desconhecida.

Para facilitar o entendimento, cito dois casos concretos trabalhados na terapia:

Em um deles, a mãe buscou ajuda porque o filho estava apresentando conflitos na escola e ela estava sendo chamada pela direção com muita frequência. Imediatamente, questionei sobre a sua situação física, mental e emocional durante o período em que o gestava, e ela mencionou que durante toda a gravidez sua preocupação constante era se teria condições de sustentar mais uma criança.

Outro caso concreto é o caso dos relacionamentos afetivos, onde o mais inseguro da relação, por medo de ser abandonado, acaba inconscientemente dando motivos para que o abandono se concretize, por meio de suas atitudes ou palavras. Como a função da crença é se comprovar como verdade, a crença no abandono sempre se concretiza, posto que esse é o sentimento que o subconsciente conhece.

Somente a presença constante da mãe ou dos cuidadores pode gerar o sentimento de segurança que dará ao ser que acabou de chegar a garantia de que a sua sobrevivência está garantida.
É durante a gestação que vamos registrando os nossos primeiros sentimentos e emoções, porém como um feto ainda não possui a atividade consciente, ou seja, raciocinar, pensar e analisar tudo o que esteja ligado à atenção, então ele grava os sentimentos e emoções de sua mãe como se fossem seus, e mais ainda, como sua atividade subconsciente, automática e mecânica já está em atividade e atuando para garantir sua sobrevivência, vai interpretando os sentimentos negativos como ameaça à sua vida.

Em ambos os casos, tanto o exemplo da criança que está em conflito na escola quanto o da pessoa no relacionamento em questão, estão agindo inconscientemente e, na verdade, isso é uma forma de chamar a atenção do outro, de forma que, recebendo atenção, sinta-se seguro(a). Esse mecanismo inicia-se após o nascimento, onde a criança desempenha comportamentos específicos para chamar a atenção da mãe, caso esse seja bem-sucedido em sua tentativa, então o subconsciente registra tal comportamento, do qual se torna um mecanismo automático de defesa e proteção.

Os estudos sobre o funcionamento da mente humana, sob a ótica da Parapsicologia Clínica, já comprovaram que o mental vale mais que o biológico, e mais ainda, o Dr. Pedro Grisa fala em muitas de suas obras sobre a comunicação telepática que ocorre continuamente entre as pessoas, principalmente quanto maior o grau de ligação afetiva.

Nesse contexto, o que se sente mais inseguro levará o motivo do afastamento para o lado pessoal, desencadeando então o sentimento de medo de ser abandonado(a).

Baseando-se nessas constatações, a sugestão dada para ambos os casos é que se mantenha sempre uma atitude mental positiva, que se tenha bons pensamentos em relação ao outro, tais como de confiança, respeito, valorização, reconhecimento, afeto e que o diálogo esteja sempre presente, dando ao outro a oportunidade de saber sobre os seus sentimentos e compreender que, muitas vezes, o distanciamento nos relacionamentos ocorre por conta de alguma preocupação que a pessoa está vivenciando. Então, não quer dizer que a pessoa se afasta, mas que a sua mente está com outro foco (no caso, o objeto de sua preocupação), afetando o elo telepático entre ambos.

Quanto maior o nosso grau de compreensão, mais chances temos de viver relacionamentos saudáveis, baseados não no medo e na carência, mas na consciência e na manifestação constante da paz e da harmonia. 

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Sobre o autor

Carla Bettin

Área de atuação e prática: reprogramação mental, ressignificando crenças limitantes, identificando suas origens dentro do sistema familiar.

Acompanhamento gestacional para casais que tenham a intenção de uma gestação e parto mais consciente e humanizado.

Análise da tabela familiar, observando padrões repetitivos.

Constelação familiar.

Disponível para palestras, cursos, retiros, atendimentos em grupo e individual.

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