Isso quer dizer que somos reféns do que nos acontece? Depende. A resposta será “sim” se nos restringirmos a ficar sob o efeito do que nos acontece, e será “não” se agregarmos novos elementos que gerem associações positivas para nossas rotinas. Isso nos serve para TUDO, inclusive para nossos relacionamentos amorosos.
A rotina de um casal pode ser desgastante, especialmente quando enfrentamos dificuldades ou traumas juntos, como eu e meu marido passamos recentemente, com a perda das tão esperadas gêmeas, nossas Maria’s.
A dor que enfrentamos nos gerou diversas associações inconscientes (culpas, medos, rejeição, incapacidade, tristeza profunda), inclusive, podendo nos afastar um do outro. O que tenho aprendido todos os dias? Que é preciso compreender claramente que é natural ter sentimentos como esses presentes na nossa vida, especialmente quando algo de ruim acontece, mas que esses sentimentos negativos são referentes à situação vivenciada, e não em relação ao outro.
Diante das adversidades, tenho aprendido a olhar para meu marido com os olhos da memória. E o que isso quer dizer? Que olho para ele resgatando o olhar daquela mulher apaixonada do início da relação, com espírito de adolescente, como quem vê seu par se movendo em câmera lenta. Como se cada sorriso dele fosse uma cena de um clipe romântico. Vai dizer que não é assim quando nos apaixonamos? Puxe aí na sua memória… rs.
Digo inúmeras vezes e agora mais do que nunca posso afirmar com convicção: amor é uma decisão consciente. Especialmente depois que o efeito da química da paixão acaba, em média após dois anos de relacionamento. Sempre me perguntei: o que faz casamentos de 20 ou 30 anos durarem? O que sustenta esses casais que vivem tanto tempo juntos e seguem superando as adversidades pelo caminho? A resposta é esta: as decisões que tomamos diariamente e os sentimentos que associamos ao outro.
Está nas nossas mãos a capacidade de acionarmos nossos sentidos para que o olhar seja doce, os ouvidos estejam atentos para captar o que nos atrai no outro, o paladar seja atraído ao encontro do beijo, o olfato cause sensações prazerosas que conduzam ao toque, e que tudo flua de uma forma atrativa e interessante para ambos.
Relacionar-se é alimentar uma negociação de ganha-ganha. Ambos precisam voltar os olhos para o que ganham estando juntos, ganhos esses imateriais. Ganhos existenciais e relacionais. Desvantagens? Bom, elas existirão em tudo o que fizermos, imagine se não existiriam também nas nossas relações amorosas. Agora cabe a você enxergar mais vantagens em estar junto do que em estar só.
A sabedoria bíblica diz, relacionado ao surgimento do ser humano, em Gênesis 2:18: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”. Em linguagem popular, frequentemente ouvimos: “Sempre existe um chinelo velho para um pé descalço”. É isso! Ter momentos de individualidade é maravilhoso, mas poder compartilhar nossa vida com alguém que valha a pena é divino!
Volte seus olhos para o que há de bom no outro e, acima de tudo, seja a pessoa com quem vale a pena compartilhar uma vida! Na vida só se pode ser plural sendo um bom singular.
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