Percebo que o desafio vai um pouco além do que imaginamos, porque as crianças costumam ser o reflexo daquilo que veem e ouvem e do ambiente e pessoas que as rodeiam.
Alguns questionamentos precisam ser feitos para compreendermos o que está acontecendo nos dias atuais. Uma pergunta comum é: a quem cabe o papel de educar uma criança? Uns responderiam a escola, outros diriam que são os pais. Outros, ainda, deixam isso para os jogos de tablet e celular, justificando que muitos jogos são educativos. Com essa questão tão simples, podemos perceber o tamanho da dificuldade para lidar com esse tema.
A escola ensinará várias disciplinas e as abordagens poderão ser muito diferentes. Algo importante para lembrar-se é que quanto mais sintonia houver entre os valores da família e os da escola, melhor será o desenvolvimento emocional das crianças, porque maior congruência haverá entre as partes. Quanto maior for a coerência, maior será a saúde emocional dos adultos e das crianças.
Augusto Cury fala em seu livro “Socorro, meu filho não tem limites” sobre a importância de aprendermos a gerir nossas emoções. Mas o que isso significa e como fazer? Uma das coisas mais importantes é aprendermos a ser os autores de nossa própria história, lidar com as perdas e frustrações que vivemos quase que diariamente. Aprendermos a pensar antes de reagir, sermos mais empáticos, mais flexíveis, tolerantes e altruístas. Tudo isso será útil na gestão da emoção.
Augusto Cury diz também que “os pais sofrem por antecipação, ruminam mágoas e se angustiam com o futuro”. Se os pais têm esse comportamento, o que esperar dos filhos? As crianças fazem o que os adultos fazem.
Hoje em dia, percebemos que os pais têm dificuldade em colocar limites para os seus filhos, daí o surgimento de uma nova síndrome, a Síndrome do Imperador. É a criança que manda nos pais, professores, amigos, mostrando claramente a incapacidade de gerir suas emoções, mostrando-se altamente egocêntrica, exigindo que as pessoas ao seu redor atendam os seus desejos.
Ivan Capelatto, psicólogo, diz que os pais confundiram o significado de autoridade e autoritarismo. Ou seja, eles abriram mão da forma de educação que receberam e foram para o outro extremo, deixando os filhos à vontade para fazer tudo que desejassem. Por um lado, isso acontece devido a culpa pela falta de tempo e o desejo de oferecer tudo para os filhos, cobrindo uma possível ausência pela correria do trabalho. Por outro lado, pelo medo de não serem aceitos pelos filhos, permitiram que eles fizessem tudo à sua maneira, gerando os “imperadores”, ditando suas regras e todos cumprindo suas ordens.
É importante lembrar que para gerir as emoções, precisamos aprender que o “não” coloca limites de forma empática e significa amor, ao contrário do que muitas pessoas pensam.
Para encerrar esse artigo, deixarei 5 dicas de “limites inteligentes que os pais deveriam impor com sabedoria a seus filhos”. Todas as dicas estão no livro “Socorro, meu filho não tem limites”, de Augusto Cury:
1.) Dar valor ao dinheiro. A conquista de virtudes não está ligada ao dinheiro.
2.) Arrumar a cama. Compreender que todos temos direitos e deveres.
3.) Usar celulares com inteligência. O uso excessivo gera uma hiperconstrução de pensamentos, que produz a Síndrome do Pensamento Acelerado.
4.) Não usar celulares e outros dispositivos eletrônicos na mesa de refeição. Precisamos olhar nos olhos um do outro para conversar.
5.) Ter um horário para a prática de esportes e leitura de livros. A leitura desenvolve a criatividade e aumenta a concentração, e o esporte é um calmante natural e ensina a trabalhar em equipe.
Ainda há muito para se falar sobre esse assunto, mas aqui já temos bastante material para reflexão. Desejo que cada ponto aqui abordado possa ajudar na transformação necessária de adultos e crianças para a construção de um futuro melhor.
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