O esquema de suas atuações, para quem os conhece, é de fácil detecção, na segunda fase, quando já sabem que aprisionaram as suas presas, começam a articular em suas condutas alguns breves sumiços ou fazem algum tipo de silêncio ameaçador, como se elas estivessem lhes devendo algo. Tudo isso vai ocorrendo ao mesmo tempo em que sutilmente vão lançando no ar alguma fala de menos valia que as desqualifiquem.
Na medida em que o tempo vai passando, vão se fazendo mais e mais importantes, como se apenas eles fossem os donos das verdades. As vítimas, por sua vez, vão ficando cada vez mais dependentes, necessitando mais e mais de um olhar benevolente de aprovação.
Quando o terreno já está bem “amaciado”, começam a fazer observações grotescas, mudando drasticamente de humor, culpando e irritando-se fortemente caso ousem reclamar. Como resultado do abuso emocional perverso, passo a passo as vítimas começam a ficar tensas e horrorizadas pelas ameaças ao ponto de esquecerem-se de quem um dia foram.
Para que não se entre ou para sair de um ciclo tóxico de abuso desta ordem, observe se a sua parceria afetiva te culpa de tudo e te confunde, sempre arrumando argumentos negativos e de modo distorcido sobre o que você fez, se não para de falar ao ponto de você esquecer ou duvidar se falou ou não falou algo, ao ponto de você se deixar para lá, esquecendo-se de si mesma em nome de acalmar o seu suposto parceiro.
Uma das táticas é a de sempre te responsabilizar pelo mau humor que ele ficou e pelas brigas ocasionadas.
Inúmeras vezes você pode se desmantelar pedindo referências do porquê ele está de mau humor e ele sadicamente ficar em silêncio enquanto você se destrói em absoluto desespero, não há regra sobre qual tipo de reação ele terá, mas uma coisa é certa: o objetivo sempre será o de te “quebrar as pernas” ou de te “puxar o tapete”, como tantos falam que acontece quando menos se espera e quando mais se está afetivamente entregue e, portanto, desarmado.
Um dos piores momentos é quando o casal aparece em público, ele sempre impecável e não deixando um fiasco de dúvida do quanto é um bom moço e educado, e ela parecendo uma pobre destroçada, mas ainda tentando se manter de pé e bem, até por estar confusa sobre toda a trama e também pela dificuldade em acreditar que pode estar em uma arapuca dessas.
Psicopatas, abusadores, narcisistas perversos e outros do mesmo espectro são reféns de si mesmos, desses sombrios temas emocionais que incessantemente os rondam nos porões de suas consciências sem mostrar a cara, porém comandando um espetáculo de atuações macabras.
Embora sejam funcionais e saibam lidar com os assuntos da realidade, não se pode perder de vista que são mentalmente adoecidos. Seria importante para a vida deles que legitimamente pudessem ter alguma consciência do quanto são reféns de si mesmos, infelizmente dificilmente entram em contato com tais aspectos, sendo que a maioria continua na inconsciência e agindo como verdadeiros predadores.
Para as vítimas, é importante saber como eles são e buscarem se resgatar por meio de terapia competente a fim de reconhecerem e reprocessarem quais foram os fios emocionais soltos que serviram de isca para que se envolvessem em um filme de terror dessa ordem. Sem se culparem, acolhendo-se em suas dores e abrindo espaço para terem um verdadeiro renascimento em vida!
*Embora o artigo tenha sido escrito na versão feminina, fica declarado que homens igualmente podem ser vítimas da mesma ordem de situações abusivas e passarem pelos mesmos aflitivos contextos emocionais e com as mesmas possibilidades de resgate.
Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud.
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