Ansiedade é diferente de medo, mas o medo é o gatilho que a ativa. Ela te traz a sensação de perigo, mesmo sem ter a ameaça por perto; concentra-se em uma ideologia futura, mas sem ações determinadas. Ela é a motivação para a ação.
A ansiedade também é a resposta para traumas que estejam escondidos do consciente, guardados no inconsciente. Por outro lado, podem ser pulsões, ações e reações predestinadas e não realizadas. Essa pendência ativa a ansiedade e armazena as “possíveis realizações”, ou seja, algo que deveria ter sido concluído e não o foi, assim como todos os tipos de pendências.
A ansiedade é a necessidade de realização que ainda não encontrou desfecho. Ela atravessa todos os campos da arquitetura da mente, nasce na memória primitiva, é passada para o inconsciente, joga no inconsciente toda a pendência, chama-nos a atenção no subconsciente e instala-se no consciente.
Ansiedade torna-se sinônimo de pendência
Defino a ansiedade da seguinte maneira: imagine um móvel com milhares de gavetas. Vamos chamar esse armário de armazenador de pendências, de coisas que tenho de fazer e de acontecimentos que me desagradaram e não os resolvi.
Há gavetas de traumas não resolvidos e de vontades e objetivos não realizados. Nesse armário da pendência, as gavetas podem ser abertas de acordo com os acontecimentos da vida.
Cada gaveta pode representar um ponto em meio a nuances de um acontecimento, ou seja, caso aconteça algo no presente que arremeta a um trauma passado, esse trauma resultou em várias gavetas. Cada uma delas é uma consequência diferente para esse trauma. Quanto maior a quantidade de gavetas abertas, maior a ansiedade.
Então imagine que esse trauma do passado foi tão grave, que as nuances das respostas traumáticas cabem em 10 gavetas. Quando acontece algo no presente que arremeta a esse trauma passado, 10 gavetas da ansiedade e das chances traumáticas são abertas.
Se o trauma coube em 3 gavetas por não ter sido tão grave, são 3 gavetas da ansiedade abertas. A potência da ansiedade está relacionada ao número de gavetas neste caso.
Já as gavetas dos pensamentos do que temos de fazer, das realizações que queremos alcançar e ainda não agimos para que fossem realizadas são moldáveis às vivências. Se o medo, a turbulência do dia a dia causa um terremoto em meu quarto e as gavetas desse tipo de ansiedade se abrem (suponhamos 8), temos 8 potências de ansiedade que são abertas em simultâneo.
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Quanto maior a quantidade de gavetas, maior o estresse, e isso fará abrir mais gavetas. O acumulado de situações leva a um ponto de confusão mental, e é nesse momento que respiramos, que é a primeira saída para controlar esse terremoto, pois tomamos consciência da situação.
A ansiedade faz parte de nós, tem de existir para que possamos ter reações. Sem a ansiedade, ficaríamos estagnados diante do perigo. Ela nos alerta para que possamos agir. A não ação ou reação resulta em estresse, que, com mais intensidade, pode levar ao pânico. A ansiedade sem reação pode nos levar a um sentimento de tristeza; e, se acumulado e contínuo, a depressão pode ser o resultado final.
O que podemos fazer para amenizar a ansiedade e tirar proveito dela?
Primeiro faça exercícios de respiração, sempre funciona. Em meio a tantas ideias e pensamentos, o medo de perdê-los pode levar ao estresse, então faça anotações com ordem de prioridade. Use o celular ou caneta e papel (eu prefiro este último, pois incentiva a vencer a preguiça). Falando dela, é o que pode nos impedir de agir. Então, para vencer a preguiça, conte até três e faça logo, pois estará usando a ansiedade para agir e assim ativando ainda mais ansiedade para logo concluir.
Caso a ansiedade tenha levado a um estresse que o tira fora do eixo, busque o equilíbrio em meio a pensamentos positivos e busque a natureza, pois temos uma relação muito íntima com ela, e essa energia poderá ajudar.
Há horas em que vale mais a pena se retirar, descansar, desligar e logo voltar ao normal, afinal, se o que perdeu da memória era tão importante, então uma hora vai voltar.
“O uso inteligente da ansiedade é a pulsão necessária para a conquista.”