É importante fazer as perguntas certas para descobrir mais sobre nós, sobre como vivemos a vida e quais ideias pré-estabelecidas temos em diferentes campos. Entre eles, a saúde. O que você entende por saúde e como a vive?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) a define como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas como a ausência de doenças.
Quantas vezes você já se sentiu assim, em um estado de completo bem-estar?
Há momentos curtos ou específicos em que acreditamos estar vivendo a plenitude do bem-estar e da saúde, mas o que realmente está nele?
Há um equívoco nessa questão. Entendemos que ser saudável é sinônimo de não manifestar nenhum sintoma ou doença. Ter saúde vai além. Para falar sobre esse estado de bem-estar é necessário ter saúde mental como fator essencial.
Por que essencial?
Porque a saúde mental é o começo de tudo, inclusive da saúde física. A saúde e os cuidados mentais são os pilares da nutrição emocional e, consequentemente, do estado das células, manifestando tudo isso em um corpo saudável ou doente, dependendo de como temos cuidado de nós mentalmente.
Se cuidarmos de nós mesmos desde o início e se adquirimos esse hábito, evitaremos que nos tornemos idosos doentes.
Mas quando começa esse “início”?
Desde jovens, naquele momento em que deixamos de ser responsabilidade de outra pessoa (com ela também os seus cuidados e sua sobrevivência) e adquirimos o papel de responsabilidade por nós mesmos, por nossa vida, nossas decisões e ações. Em resumo, é quando você é responsável pela vida que deseja ter. Essa responsabilidade inclui cuidar da sua saúde todos os dias para ter uma mente saudável, de acordo com o seu corpo. Os cuidados físicos estão muito na moda: exercício, dietas etc., mas se não nos cuidarmos também mentalmente, mais tarde ou mais cedo acabaremos ficando doentes.
Idade não é sinônimo de doença e não é sinónimo de nenhum dos sintomas que associamos socialmente ao avanço da idade e ao envelhecimento.
Qual conceito social aprendemos sobre o envelhecimento?
Somos educados para cuidar de nossos pais até o fim de seus dias, para que mais tarde sejam nossos filhos que cuidem de nós. Desta forma, os filhos ou familiares estão atentos de forma permanente a nós ou vivem em função de nossa predisposição para adoecer. Ou seja, assimilamos e nos educamos conscientemente a estarmos doentes e a termos um cuidador ao nosso dispor. Assimilamos que também seremos dependentes.
Esse conjunto de crenças, padrões e maneiras de se comportar compõem o primeiro sintoma de que não estamos bem, porque anulamos nossas capacidades e vivemos com a crença e a predisposição para adoecer.
Nós nos programamos inconscientemente para adoecer. Se você olhar ao seu redor, uma grande porcentagem de pessoas, quando atinge certa idade, parece “encolher”, porque sua coluna fica curvada. Essa fragilidade física que se manifesta na coluna vertebral nasce de um problema mental, porque associamos o processo de envelhecimento que vivemos à fragilidade. O corpo está apenas respondendo à ordem e à programação mental que continuamos a alimentar.
A doença se manifesta de várias maneiras, não com uma perna quebrada ou uma gripe. Começa se manifestando mentalmente, o que se reflete em muito mais do que um quadro depressivo ou ansiedade; manifesta-se na maneira como você pensa, em como se trata e como programa sua mente.
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E você, também quer fazer parte do círculo vicioso que liga o envelhecimento à doença?
Está em suas mãos romper essa realidade. O normal é que cuidemos de nós mesmos e que o façamos permanentemente, para mudar o papel de “idosos doentes” para “idosos saudáveis”, mas nesse caso questione-se: quando você diz que é saudável, você acha que é verdade?
Não é verdade se você não se conhece. Se você não cuida de sua mente, você não pode ser saudável. Se você se questionar, entenderá que também podemos mudar isso, independentemente da idade, para transformar o conceito de envelhecimento traumático para um conceito de envelhecimento saudável.
Por que falamos sobre envelhecimento traumático?
Quando, na vida adulta, assumimos esse conceito de envelhecimento, vivemos com medo de adoecer, porque não nos cuidamos antes, senão não teríamos esse medo.
Consequentemente, cria-se um medo de morrer, porque acreditamos que ambos estão associados.
Mas isso é uma mentira, um autoengano no qual acreditamos. O envelhecimento é uma transição que não ocorre adoecendo, mas redescobrindo e compreendendo que o envelhecimento não significa ser descartável, muito pelo contrário! Essa é a etapa de ouro do ser humano! Na idade sênior desempenhamos um papel muito a nível social e familiar. Qual?
Educar. O que não é especificamente assumir o papel de cuidador dos netos. Quando falamos de educar, é transmitir suas experiências, vivências, conhecimentos, sabedoria, tradições e cultura às gerações mais jovens. Esse é o papel de ouro do sênior.
Mas isto se vê nublado porque não pensamos que somos capazes e a maneira usual de transmitir aos jovens suas experiências, vivências etc. é uma abordagem negativa, de drama e doença. Sem destacar a sabedoria por trás dessas experiências e sem valorizar todo o conhecimento e as experiências positivas que acumularam ao longo de sua vida.
Por que é tão difícil focar este conhecimento a partir de outra perspectiva? Porque pensamos que não temos valor, que o que temos a dizer não importa, esquecendo que, na realidade, o aprendizado de nossa vida é a referência para as gerações futuras, para que elas aprendam a se cuidar de uma forma diferente.
Roberto Castillo
Escuela Integral para el Desarrollo Humano.