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A carga da carência emocional: como lidar com a sobrecarga do outro

Um casal está em uma mesa. A mulher está com uma mão no rosto e tem a expressão de cansaço. Ao seu lado, o homem está reclamando com a pessoa na frente deles.
Fizkes / Getty Images / Canva
Escrito por Giselli Duarte

A carência emocional pode levar a comportamentos de competição e a conflitos em relações. A pessoa carente busca validação, o que gera comparação. Ao lidar com esse tipo de pessoa e com a sobrecarga emocional da situação, é essencial estabelecer limites, praticar a autocompaixão e buscar suporte.

Muitas vezes, nos deparamos com pessoas cuja carência emocional se manifesta de maneira intensa e, por vezes, perturbadora. Essa necessidade não atendida pode ser tão pesada que, sem querer, ela acaba recaindo sobre nós, fazendo-nos sentir como se fôssemos os responsáveis pela sua felicidade ou pelo preenchimento de seus vazios emocionais.

Nesse contexto, é essencial entender como a carência emocional pode se transformar em competição e conflito, afetando nosso equilíbrio e bem-estar.

A carência emocional e suas manifestações

A carência emocional é uma sensação de vazio ou ausência que resulta da falta de conexão ou apoio emocional. Muitas pessoas, por experiências passadas, podem desenvolver essa carência, buscando constantemente validação, amor e atenção. Essa necessidade pode se manifestar de várias formas, como ciúmes, competição ou tentativas de controle sobre os outros.

Quando uma pessoa carente se depara com aqueles que parecem estar felizes ou realizados, pode surgir uma comparação desproporcional. Essa comparação, muitas vezes não intencional, cria um cenário de competição onde a pessoa carente tenta superar ou desestabilizar o outro, mesmo que não esteja ciente disso. Esse comportamento pode levar a conflitos que, muitas vezes, parecem surgir do nada para aqueles que estão ao redor.

A competição inconsciente

A competição, muitas vezes, se revela em relações onde uma pessoa não está ciente de que está competindo. Isso pode ocorrer em amizades, relacionamentos românticos ou até mesmo em ambientes profissionais. A competição pode ser sutil, manifestando-se em críticas, menosprezo ou tentativas de se colocar em evidência à custa do outro.

Um casal está de costas um para o outro, provavelmente estão bravos após uma discussão. Ao fundo, há uma janela aberta e uma cidade desfocada.
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A psicologia tem explorado esse fenômeno por meio de diversos estudos. Um exemplo é a teoria da comparação social proposta por Leon Festinger, que sugere que as pessoas têm uma tendência natural a comparar suas próprias vidas com as dos outros. Essa comparação pode levar a sentimentos de inadequação e competição, principalmente em ambientes onde as expectativas sociais são altas. Quando alguém está emocionalmente carente, essa comparação se intensifica, gerando uma dinâmica de competição insustentável.

Desequilíbrio emocional e suas consequências

Pessoas que não conseguem lidar com suas carências emocionais frequentemente tentam transferir suas inseguranças e ansiedades para aqueles ao seu redor. Esse comportamento, embora muitas vezes inconsciente, pode ser profundamente desestabilizador. A tentativa de desequilibrar o outro pode ser uma maneira de aliviar a própria dor, mas acaba criando um ciclo de sofrimento para ambos.

O impacto emocional dessa dinâmica pode ser profundo. A pessoa que recebe essa carga pode se sentir exausta, sobrecarregada e, muitas vezes, culpada. Isso pode levar a um desgaste emocional significativo, causando sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento.

Reconhecendo a dinâmica da carga emocional

O primeiro passo para lidar com a carga emocional do outro é reconhecer a dinâmica que está em jogo. É essencial distinguir entre a responsabilidade que temos em nossas relações e a carga emocional que é de fato do outro. A psicologia nos ensina que estabelecer limites saudáveis é fundamental para a manutenção do nosso bem-estar.

Uma mulher de cabeça baixa está no centro da imagem. Ela coloca a mão na região do olho e tem uma expressão triste, simbolizando o cansaço mental.
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Ao identificar que você está absorvendo a carência emocional de alguém, pergunte-se: “Essa emoção é minha ou é dele(a)?” Muitas vezes, a resposta pode ser esclarecedora e ajudar a criar um espaço emocional mais saudável.

Estratégias para lidar com a sobrecarga emocional

Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar a lidar com a carência emocional do outro e a evitar a sobrecarga:

  1. Estabeleça limites: aprenda a dizer não quando necessário. É fundamental definir o que é aceitável e o que não é em suas interações. Limites saudáveis permitem que você proteja sua própria energia emocional.
  2. Pratique a autocompaixão: muitas vezes, as pessoas que lidam com a carência do outro podem se sentir culpadas por não atender às expectativas alheias. Pratique a autocompaixão e reconheça que é normal não conseguir resolver as questões emocionais de outra pessoa.
  3. Desenvolva a consciência emocional: aumentar sua consciência emocional pode ajudá-lo a identificar suas próprias emoções e as dos outros. Quando você se torna mais consciente, pode reagir de maneira mais equilibrada e menos impulsiva.
  4. Busque suporte: não hesite em procurar ajuda profissional. Um terapeuta pode fornecer ferramentas e técnicas para lidar com a carência emocional de outras pessoas e ajudá-lo a entender melhor seus próprios sentimentos.
  5. Cultive relações saudáveis: esteja cercado de pessoas que promovem o seu bem-estar e que também estão dispostas a estabelecer limites saudáveis. Relações equilibradas são fundamentais para a sua saúde emocional.

A importância do autoconhecimento

O autoconhecimento desempenha um papel crucial em nossa capacidade de lidar com a carência emocional dos outros. Ao compreendermos nossos próprios gatilhos e carências, ficamos menos propensos a entrar em ciclos de competição e conflito.

Práticas como a meditação e o “journaling” podem ser extremamente úteis nesse processo. Elas nos permitem refletir sobre nossas emoções, nossos padrões de comportamento e as dinâmicas que criamos em nossos relacionamentos.

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Conclusão: o caminho para relações saudáveis

Lidar com a carência emocional do outro é um desafio que muitos enfrentam em suas vidas. É essencial lembrar que, embora o amor e a compaixão sejam importantes, não podemos nos sacrificar em prol da felicidade de outra pessoa. Ao estabelecermos limites saudáveis, praticarmos o autoconhecimento e buscarmos apoio quando necessário, podemos transformar essa dinâmica e construir relações mais saudáveis e equilibradas.

A trajetória para entender e lidar com a carência emocional é uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. Ao abordarmos essas questões com consciência e empatia, não apenas cuidamos de nós mesmos, mas também promovemos um ambiente mais saudável para aqueles ao nosso redor. Isso cria um ciclo positivo de amor, compreensão e apoio mútuo.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

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Meditação para quem não sabe meditar

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