No vigésimo sétimo aniversário da morte de John Lennon, Yoko Ono dirigiu-lhe uma carta impregnada de saudade, lágrimas e a angústia de uma dor indescritível.
A maneira como cada indivíduo encara as eventualidades ao longo da vida exerce uma influência direta sobre como essa pessoa lidará com uma perda. Nos casos em que a melancolia se instala em vez do estado de luto, isso não indica a ausência do luto, mas sim que o sujeito ficou estagnado em algum ponto do processo de elaboração.
Em uma sociedade moldada e focada na busca pelo imediatismo, é comum ouvirmos relatos de pessoas que alegam não ter tempo para enfrentar seus sofrimentos. Entretanto, é crucial destacar que a negação é parte integrante do processo de luto.
Quando algo terrível e inesperado ocorre, o aparelho psíquico parece entrar em um estado de alerta, de choque, aguardando o tempo necessário para elaborar e, assim, conferir novo significado ao acontecido.
A curto prazo, é mais fácil ignorar a situação e fingir que nada está ocorrendo; contudo, com o passar do tempo, essa abordagem se torna insustentável, transformando-se em uma realidade inescapável.
Segue o que senti ao lê-la
A carta de Yoko Ono revela uma profunda carga emocional ligada à perda trágica de John Lennon. A saudade expressa é um sinal claro do luto que persiste ao longo dos anos, uma tentativa de lidar com a ausência de um ente querido.
O desejo de voltar no tempo sugere um anseio pela reconstrução de um período em que a vida era percebida como boa e segura. Esse desejo é comum em processos de luto, onde a mente busca formas de restaurar a normalidade prévia à perda.
O relato específico do toque no lado da cama, ainda quente na noite do ocorrido, destaca um detalhe sensorial que se tornou um símbolo persistente na mente de Yoko, possivelmente simbolizando a presença contínua de John em sua vida.
A menção ao filho Sean revela as ramificações da perda não apenas para Yoko, mas também para a próxima geração.
A “raiva silenciosa” de Sean é uma manifestação do impacto emocional duradouro da ausência paterna, indicando uma necessidade de processar sentimentos complexos de perda e abandono.
A carta também se estende para além do âmbito pessoal, tocando na questão mais ampla da violência sem sentido e do desejo de transformar o mundo em um lugar de amor e paz. Essa aspiração reflete um anseio por redenção coletiva e uma resposta à violência que afeta não apenas a família de Yoko, mas também muitas outras.
Você também pode gostar
A citação da filosofia de John, “Sem problemas, somente soluções”, revela uma abordagem positiva diante dos desafios, sugerindo que a resiliência e a busca por soluções foram características fundamentais na vida de Lennon.
Em resumo, a carta é um testemunho emocional que atravessa as barreiras do tempo, revelando os complexos processos de luto, as tentativas de encontrar significado em eventos traumáticos e a aspiração por transformação pessoal e social.