Saúde Mental

A ciência da felicidade pode ajudar você a melhorar a saúde mental

Um sorriso feminino.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Ah! A felicidade… tão buscada por muitos, mas pouco compreendida por tantos! Apesar de ser, em tese, algo simples, ainda suscita uma série de reflexões e até mesmo estudos científicos. Aliás, pesquisa é o que não falta acerca da felicidade, ainda mais pelo fato de ela estar diretamente relacionada com a nossa saúde mental.

É o que chamamos de ciência da felicidade, um resultado de estudos que se iniciaram nos anos 1960 – embora o conceito, em si, tenha sido abordado nos tempos de Aristóteles. Esses estudos comprovaram que a felicidade pode contribuir para o nosso bem-estar emocional, melhorando nossa qualidade de vida.

E você? Já ouviu falar nessa tal ciência da felicidade? Aliás, o que é felicidade para você? Neste artigo, vamos falar sobre esse bem mais que precioso e que pode estar nas coisas mais singelas da vida, não requerendo nenhum mistério ou grande desafio para existir. Vem com a gente!

O que é felicidade?

Se formos procurar um significado para o termo “felicidade” nos dicionários, encontraremos algo como “estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito”, “sucesso; ventura”, “sensação de bem-estar e contentamento” e por aí vai. Mas como somos seres únicos, o conceito de felicidade é subjetivo. E por ser tão individual, pode parecer, em primeiro momento, algo complexo de se definir.

Duas mãos segurando um papel amarelo que tem uma ilustração de um sorriso.
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Por causa dessa complexidade, além de uma busca tão intensa, a felicidade vive sendo alvo de abordagens por diversas áreas. Para os filósofos, a felicidade estava associada ao prazer. Mas será que essa associação é feita em outros segmentos? Por exemplo, o que é a felicidade para a psicologia? Para a religião?

Por que é tão importante buscar uma definição para esse sentimento tão desejado? E por que é tão essencial para a nossa saúde mental? Aliás, qual é a relação entre felicidade e bem-estar? São muitas perguntas, por isso que a ciência da felicidade tem se dedicado a entender esse sentimento e como mantê-lo em nossa vida de forma perene.

O que é a ciência da felicidade?

Bem, diante de tudo que já abordamos até aqui, você deve estar se perguntando: “O que é essa ciência?” ou “o que faz um cientista da felicidade?”. Em linhas gerais, podemos dizer que a ciência da felicidade avalia como esse sentimento pode interferir positivamente no nosso bem-estar e na nossa qualidade de vida.

Com a ajuda de três pilares, ela ajuda a identificar pistas do que fazer para nos sentirmos felizes de fato e encontrarmos nosso propósito de vida. Esses pilares são: a psicologia positiva, a neurociência e a inteligência emocional, sobre os quais falaremos mais adiante.

Respondendo a uma das perguntas lá de cima, o cientista da felicidade é um profissional habilitado a identificar contextos em que estão inseridos, para promover ações que nos guiem ao bem-estar emocional e à melhoria da saúde mental. Praticamente nos ensinam a ser felizes, mas pelo caminho do olhar com autorrespeito, da identificação das próprias necessidades e do autoconhecimento.

Tudo isso, com base na forma como a psicologia positiva enxerga a felicidade genuína (trazendo uma resposta breve para a visão psicológica): o resultado de uma vida com experiências positivas, maior qualidade e controle das emoções.

Quais são os pilares da felicidade para a ciência?

Como mencionamos no tópico anterior, a ciência da felicidade está apoiada sobre três principais pilares. Vamos entender um pouco sobre eles?

Psicologia positiva

Um homem realizando um gesto de "positivo" com o seu polegar.
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Trata-se de um ramo da psicologia que estuda os efeitos da positividade para a vida, focando os elementos que nos trazem felicidade: emoção positiva, engajamento, relacionamentos, propósito e realizações/conquistas.

É uma ferramenta usada tanto nos consultórios como em outras áreas, como o ambiente corporativo, onde suas influências resultam em equipes mais colaborativas e profissionais mais satisfeitos e confiantes.

Neurociência

É o estudo o sistema nervoso – formado por cérebro, medula e nervos periféricos. Seu objetivo é mapear o que se passa dentro do nosso cérebro e de que forma ele influencia nosso comportamento, especialmente na forma como percebemos as emoções.

A neurociência da felicidade se ocupa da forma como a felicidade pode impactar nossa vida física e mental, ajudando-nos a lidar com adversidades e a nos sentirmos mais produtivos, criativos e empáticos.

Inteligência emocional

Esse conceito da psicologia é usado para designar a nossa habilidade para lidar com nossas emoções e de que forma reagir em relação a elas. É mais ou menos como saber “domar a própria fera, para que a fera alheia não nos morda”.

Falando mais tecnicamente, para que essa habilidade atue, é necessário que haja um equilíbrio entre as áreas presentes nos hemisférios esquerdo e direito de nosso cérebro. Ter inteligência emocional melhora nossas relações interpessoais e proporciona maior autogestão e autocontrole, o que pode facilitar a conquista da realização plena. E isso tem tudo a ver com felicidade.

Esses pilares nos ajudam a compreender o que é a felicidade e como podemos ser mais felizes. Eles contribuem para que identifiquemos pistas de como sermos realmente felizes e conectados, vivendo uma vida com mais propósito.

Qual é a importância da felicidade para melhorar a saúde mental?

Pessoas felizes ficam menos doentes. A maioria delas não tem doenças crônicas, além de ter uma expectativa de vida muito maior. E isso não tem nada a ver com dinheiro, já que felicidade não se compra. Felicidade é só questão de ser.

Duas pessoas segurando um coração de plástico vermelho.
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E não é mero achismo. Várias pesquisas científicas acerca da felicidade são realizadas regularmente, e a maioria pode comprovar o que foi relatado aqui. É o caso de um estudo conduzido pela HSPH (Harvard School of Public Health) em 2020, que associou otimismo e hipertensão, revelando que quem pensa positivamente tem muito menos chances de desenvolver o problema.

Um levantamento realizado pela CVA Solutions, em 2016, mostrou que a felicidade está associada a inúmeros fatores, como ter uma mente positiva e ser otimista (olha a psicologia positiva aí), ser altruísta, aprender a perdoar, ter uma religião (ou então desenvolver a espiritualidade). Estabelecer objetivos de vida e praticar exercícios são outros fatores que o estudo aponta serem responsáveis por trazer felicidade.

Remédio versus veneno

Vale ressaltar que estamos falando de felicidade genuína, não da famigerada felicidade tóxica. A felicidade real é simples, possível e nos permite ser humanos. Ao contrário da falsa felicidade. Você deve estar se perguntando: mas o que é felicidade tóxica? E o que é falsa felicidade, afinal?

Calma que a gente te explica. Se você já ouviu falar da síndrome de Poliana, tem uma pista do que vem a ser essa positividade tóxica. Trata-se de uma postura que simplesmente despreza as emoções negativas, forçando-nos a enxergar sempre o lado positivo de tudo, não dando espaço para elaborarmos as emoções que nos tornam humanos.

Vivenciamos regularmente todo tipo de sentimento; e o que nos torna reais, verdadeiros, é também vivenciar as emoções negativas. Saber lidar com elas é um dos pilares da ciência da felicidade (a inteligência emocional, lembra?). E não devemos confundir essa falsa positividade com a psicologia positiva, que, apesar do nome, nos ajuda a acolher nossas piores emoções.

A falsa felicidade é um “fruto maldito” de uma cultura programada para supervalorizar o sucesso a qualquer custo, a competição (inclusive sobre quem é “mais feliz”), a artificialidade nas relações, as aparências e o individualismo. Trazendo a equivocada ideia de que felicidade só é real quando compartilhada, quando só podemos mostrar aos outros – geralmente nas redes sociais. E essa felicidade compulsória nos deixa ainda mais pressionados, ansiosos e depressivos.

Como aplicar a ciência da felicidade na prática

Justamente para evitar cair nessa cilada da falsa felicidade e não se enredar nessa trama de positividade tóxica, é preciso aplicar a ciência da felicidade de uma forma genuína e natural. Sem a obrigação de parecer feliz a todo instante, só “para inglês ver”. Lembre-se: felicidade é um estado de espírito, portanto é uma experiência só sua. Você só deve esse sentimento a si mesmo.

Pensando nisso, trouxemos algumas dicas de como você pode colocar em prática esse conceito tão importante para o seu dia a dia e para a sua saúde mental. Acredite: não é complicado e não requer nenhum grande ritual. Veja só como é possível!

Uma mulher de braços erguidos à beira do mar.
StockSnap de pixabay / Canva

— A felicidade é simples: não está em coisas complexas. Ela reside em um belo pôr do sol, na companhia de alguém querido, na conexão com a natureza… nas miudezas do dia a dia. É a felicidade das pequenas coisas.

— A felicidade não se compra: ser feliz não tem a ver com ter rios de dinheiro, um alto cargo na empresa, fama, uma casa luxuosa. Ser feliz reside na satisfação pura e simples de ser grato pela vida e pelas coisas.

— Felicidade é aprendizado e prática: você precisa praticar a felicidade todo dia, como se fosse uma tarefa do seu cotidiano. Como escovar os dentes e tomar banho. Então mãos à obra e faça com que a felicidade vire rotina!

— Felicidade é gratidão: já falamos aqui que devemos ser gratos pela vida e pelo que temos. Mas podemos ir mais além: que tal ser grato pelos aprendizados, por suas emoções, pelas pessoas em sua vida? Gratidão é cura interna.

— Felicidade é também ser triste: peraí! Isso faz sentido? Claro que sim! Ser feliz é entender que você não será alegre sempre e que não tem problema nisso. Permita-se ficar triste e elabore esse sentimento. É como a meditação: você não esvazia a mente nem se isola. Você percebe e vivencia tudo sem julgamento, deixando o fluxo seguir, acolhendo suas emoções. Assim é a relação da felicidade com a tristeza, os dois lados dessa moeda que é a nossa personalidade.

— Felicidade é perdão: se você se prende a ressentimentos, apenas está se envenenando e adoecendo. Não guarde mágoas e rancores. Perdoe o outro, perdoe si mesmo. Viva e deixe viver. Seu coração é importante demais para se ocupar disso.

— Felicidade é empatia: e aqui falamos de empatia genuína, não aquela hipocrisia disfarçada. Seja empático e bondoso, espalhe coisas boas. Ouça o outro, mostre que as pessoas têm importância – para você e para elas mesmas. Valorize, seja com uma boa palavra, um sorriso acolhedor ou apenas um bom ouvido.

— Felicidade é agora: pode até ser meio batido, mas só temos o agora. O passado nos trouxe até aqui, mas não podemos voltar para ele. Não deixemos, portanto, que ele nos assombre. O futuro ainda nem aconteceu (e, quando acontecer, será o agora). Não fiquemos, então, ansiosos por ele, até porque ansiar pelo que ainda não ocorreu é viver de conjecturas. Viva o hoje, porque esse é o único momento que cabe na sua mão.

— Felicidade é equilíbrio: já falamos da tristeza como um contraponto para que sejamos verdadeiramente alegres e desimpedidos. E isso também tem a ver com equilíbrio – tanto no sentido de não mergulhar em notícias ruins quanto no sentido de evitar colocar uma lente cor de rosa diante dos olhos, correndo desenfreadamente atrás da tão desnecessária felicidade tóxica.

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Ser feliz é um conjunto de fatores, e todos eles são mais simples do que você imagina. É a realização no dia a dia; é o canto dos passarinhos às 4 da manhã, quando o dia começa a despontar; é o sorriso de um filho; é aquele cafezinho no fim de tarde ao lado de um amigo querido; é o cuidado com seu corpo e sua mente. Não tem como buscar a felicidade, até porque, como sabiamente nos ensina o monge budista Thich Nhat Hanh: “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”.

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