Convivendo

A Contradição Brasileira — parte 3: Professores

Professor negra com crianças ao fundo.
Monkey Business Images / Shutterstock
Escrito por Márcia Leite

Professores sempre estiveram presentes no país desde 1500. Vieram como jesuítas, ensinaram as letras sagradas para a população privilegiada, ou seja, aqueles filhos dos poderosos da época.

Segundo alguns estudos, sempre foram muito respeitados moralmente e tripudiados financeiramente. Eles garantiam a distribuição do conhecimento no início da colonização aos membros da elite. Por meio de um artigo de Ruiz (2003), foram fortemente perseguidos durante a ditadura militar e, mesmo assim, dedicaram-se para cumprir suas funções de transmitir conhecimentos sólidos para seus alunos. Como não politizar, entretanto, os jovens ávidos por informações? Como ser agente de instrução sem opinar e sem fazer com que seus ouvintes não passem a questionar o que é certo e o que é errado na sociedade? Será que a função de professor para estimular os seus alunos a questionar e a encontrar verdades deveria ser anulada para agradar as “autoridades” do momento? Esse seria o melhor caminho ou produziria uma multidão de “servos” da sociedade?

Hoje, continuam como pessoas de elevado status, sendo também de carne e osso. Seguem trazendo possibilidades de questionamento e de estímulos ao pensar quando os alunos se envolvem nas questões abordadas. Apoiam aqueles que se dispõem a aprender mais, a buscar mais respostas, a produzirem algo mais para a sociedade acadêmica e a trazer benefícios para todos os cidadãos.

Ilustração de professor.
Rosannah Dominguez / Imagem disponibilizada pela autora.

E, por isso mesmo, passam a ser agredidos por aqueles que os querem calar, por aqueles que não querem pagar todo o esforço empregado na preparação das aulas e de si mesmos. Já vimos, inclusive, professores sendo agredidos pelas forças, que deveriam, na realidade, protegê-los. Algo que é absolutamente contraditório. Essas mesmas forças são, muitas vezes, designadas para fazer palestras sobre cidadania para jovens em escolas e mostram que também são pessoas com dores, sentimentos e alegrias.

Em tempos de pandemia, os professores precisaram se reinventar, buscando novas maneiras de transmitir conhecimento por meio da tela de computador, a distância, tentando apurar a percepção do aprendizado do aluno, já que não tinham o olho no olho e a expressão corporal que demonstrasse o conforto no entendimento (ou a falta dele). As horas de trabalho têm sido maiores, mesmo sem a necessidade ou a possibilidade de sair de casa.

Ilustração de professora contando histórias para crianças.
Imagem disponibilizada pela autora.

São muitos os exemplos de professores que foram até os alunos que estavam perdendo a força e a persistência nas aulas por dificuldades tecnológicas, fosse por não possuírem celulares ou computadores disponíveis para acompanharem as aulas, fosse pela dificuldade de entendimento das matérias ensinadas. Embora esses guerreiros não economizaram esforços a fim de trazerem seus alunos de volta ao ambiente escolar, ainda assim a evasão foi muito grande, o que nos trará frutos muito azedos e nada palatáveis nos próximos anos.

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Cabe a nós, portanto, valorizarmos essa classe trabalhadora que tem função importantíssima na formação de cada um dos indivíduos dessa sociedade.

Obs.: Todas as fontes utilizadas para a construção dos textos estarão na última parte da série “A contradição brasileira”.

Sobre o autor

Márcia Leite

Graduada em Farmácia e atualmente estudante da área de Humanas, mostro interesse em diversos temas. Incomodada com questões sociais e que mexem com a convivência e a saúde das pessoas.