Neste texto, não trataremos da busca pela perfeição técnica do movimento, seja em termos de performance ou treinamento. Nossa atenção está voltada para o ser humano em sua totalidade, considerando seu pleno desenvolvimento motor, cognitivo e socioafetivo.
Refletir sobre a linguagem do corpo significa explorar todas as possibilidades de movimento por meio da sensibilidade, vivências práticas, consciência corporal e do estímulo ao aspecto lúdico. A partir disso, podemos promover o aprimoramento dos aspectos físicos e psíquicos do corpo e suas interconexões.
A ausência de uma reflexão mais aprofundada sobre os processos educacionais atuais, bem como a falta de paradigmas sólidos nas ciências, especialmente na educação, frequentemente transforma o aluno em um mero espectador, um “corpo-objeto” no processo de ensino-aprendizagem. Essa abordagem ignora a auto-organização, as experiências individuais e as interações do aluno com o ambiente.
O termo “corporeidade” tornou-se comum, mas sua essência é complexa. No dicionário, refere-se à natureza dos corpos ou a um estado corporal. Cientificamente, corporeidade é derivada do corpo, compreendido como o organismo humano em oposição à alma. Em suma, refere-se a tudo que ocupa espaço e se movimenta, posicionando o ser humano como um ser no mundo.
Devemos enxergar o corpo não como uma soma de partes, mas como um sistema integrado, onde cada elemento só faz sentido em relação ao todo. Pesquisas sobre consciência corporal, motricidade humana, e corporeidade vêm crescendo, e a negação do corpo está cada vez mais relegada ao passado.
Essa nova abordagem exige conhecimento para compreender a complexidade humana e o real significado da palavra. O corpo se define por sua existência no mundo, interagindo com ele e com outros corpos. Somos agentes transformadores, vivos, imersos no tempo e espaço, experimentando sensações que nos conectam à nossa própria essência.
É fundamental oferecer aos alunos uma educação que os considere como seres biológicos, fisiológicos, psicológicos, cinésicos e antropológicos. Essa educação deve transformar o conhecimento e promover a integração com o meio social. Precisamos de um novo paradigma educacional que valorize experiências corporais e crie oportunidades para novas descobertas.
Essa educação deve ressaltar a importância da existência humana no mundo e sua interconexão com ele, enfatizando o movimento corporal como um agente de transformação. Isso envolve reorganizar e ressignificar nossas ações e relações.
Por meio de uma educação que estimule o prazer, o lúdico e a consciência crítica, o aluno é incentivado a expressar suas ideias e sua corporeidade, fortalecendo sua relação bio-psico-energética. O aluno é, essencialmente, movimento, um corpo ativo que se comunica e interage, buscando novas possibilidades e caminhos.
Ao professor, cabe planejar aulas que promovam o movimento consciente, incentivando a criatividade e a recriação de atividades que integrem música, ritmo, prazer, harmonia, intelecto e autodescoberta. Atividades naturais como caminhar, correr, saltar, equilibrar, girar e trepar devem ser combinadas com noções de forma, tamanho, agrupamento e distribuição, favorecendo a criatividade e o aspecto lúdico.
Através da liberdade de movimento e expressão, o indivíduo canaliza suas emoções, explora seu inconsciente e desenvolve habilidades fundamentais e potenciais humanos.
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A consciência corporal e a educação do movimento, por meio da expressão corporal, contribuem para o aprimoramento das capacidades motoras, a relação com o mundo e a formação integral do ser humano. Além disso, promovem conexões interpessoais, autoconhecimento e questionamento filosófico, preparando o aluno para compreender e transformar o mundo.
Essa abordagem educativa forma cidadãos íntegros, confiantes em si, que aprendem com os erros e perseguem seus objetivos. Para alcançar isso, práticas como a Ginástica Natural, inspirada nos movimentos animais, e fundamentos do yoga, que promovem o autoconhecimento e a autorrealização, são altamente recomendadas.