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A dor da impotência

Imagem de uma mulher de camisa branca de cabeça para baixo, trazendo o conceito de impotência.
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Escrito por Elaine Pera

Em um mundo acelerado, aprender a esperar é essencial. O arcano “O Enforcado” ensina que momentos de inércia podem trazer crescimento. Assim como a natureza respeita ciclos, devemos aceitar pausas como preparação para o futuro. A impotência pode ser ilusão; respeitar o tempo certo traz sabedoria e evolução.

Você já viveu situações em que o melhor que você podia fazer no momento era NÃO FAZER?

Talvez para nossa mente lógica e ativa parece impossível ficar sem fazer nada diante de uma situação concreta que se apresenta no nosso dia a dia, no entanto, a mente focada em solucionar questões, liderar, comandar, determinar, escolher e realizar pode se tornar um grande obstáculo para as lições da vida.

O meu estudo e trabalho com o tarô e com os atendimentos tem me ensinado muito sobre o aguardar, o esperar e o não agir. Algumas situações de desafio nos colocam diante de uma realidade muito difícil para nosso Ego – a chamada “questão da impotência”.

Esse tema aparece no 12º arcano do Tarô na carta denominada de “O Enforcado” ou “O Pendurado” que mostra um homem pendurado numa espécie de forca que o prende pelos pés. Seus braços estão para trás, aparentemente amarrados e suas pernas cruzadas numa imagem que nos lembra um 4 invertido. Ao olhar para a lâmina, temos uma estranha sensação de angústia e mal-estar, no entanto, o personagem não parece demonstrar qualquer sofrimento; parece aceitar sua condição de desconforto com resiliência.

A carta do Tarot "O Enforcado" está no centro da imagem. Há um fundo cinza.
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O que então este Arcano do Tarô tem a nos ensinar?

Um aprendizado que esta carta desperta em nós é a reflexão de que também já vivemos muitas situações de desconforto em nossa vida, seja num ambiente ou posição de trabalho, relacionamento, ou até numa vivência diária em que nossa mente, assim como a do personagem, não encontrou uma saída, um direcionamento para mudar aquele contexto. É como se perguntássemos a nós mesmos: se eu me soltar daqui e me libertar, para onde vou? O que devo fazer? Que caminho tomar?

E sem encontrar respostas para nossas questões, a melhor solução seria ficar, permanecer e esperar até que algo novo pudesse trazer um impulso para uma ação.

A vida nos ensina essa mesma lição através da Astrologia, quando os planetas andantes do céu resolvem mudar seu movimento e, a partir da ótica da Terra, ficam retrógrados, ou seja, parecem andar para trás. Esse retorno indica revisão, parada obrigatória para rever caminhos, alterar condições, desfazer más decisões e buscar uma maneira mais consciente e rica de seguir, por onde estávamos titubeando ou agindo sem muita clareza.

Parece que na loucura de um mundo movido automaticamente por tecnologias cada vez mais rápidas, onde temos que dar conta de tantas atividades e administrar a vida com inteligência e rapidez, o Cosmos resolve nos alertar e pedir para colocarmos os pés na terra, olharmos para a nossa realidade e agirmos com sabedoria.

Fácil não é compreender esses alertas vindos da Natureza e da vida como um todo, porque, nos sentindo impotentes diante de algo, nossa mente nos leva ao sofrimento, à ansiedade e à angústia. Mas será que se observássemos mais cautelosamente os ciclos da natureza, não aceitaríamos esses momentos com mais serenidade?

Imagem da mão de uma mulher colhendo maçãs.
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Vamos imaginar uma linda Macieira, com várias maças disponíveis, porém totalmente verdes ainda… Pensamos.. ok.. voltaremos aqui daqui a alguns dias e assim é feito…. já com alguns sinais de amadurecimento, as maças agora estão um tanto verde-amareladas…. pensamos ok … mais um tempo ainda, e assim dentro de alguns dias retornamos. Agora parecem já um pouco rosadas, mas ainda duras e presas nos galhos…. pensamos ok…. ainda mais…..

Passados alguns dias, retornamos e, para nossa surpresa, quando colocamos a mão sob a maça, ela naturalmente se desprende da árvore e se oferece plena para nós…. Agora, sim, estava pronta…

O mesmo fato pode ser levado para as situações de nossa vida, embora nossos desejos do aqui e agora possam estar fortes e aguçados, precisamos diminuir o fluxo mental, entrar no movimento de nosso corpo, sentir que somos natureza e algo em nós ainda não estamos pronto para se manifestar num gesto ou atitude coerente.
Não se trata de ter paciência, mas sim de exercitar a observação e o próprio respeito por nós mesmos, acolhendo os momentos onde o NADA pode ser o melhor mestre e professor.

Avalie então se a dor e o sofrimento da impotência não podem ser apenas uma Ilusão advinda da necessidade de satisfazer seus desejos imediatamente, sem sequer perguntar porque, como e de que forma eu preciso sempre ser satisfeito para ser feliz. Os “nãos”, ou os “ainda não” são mensagens preciosas para nosso progresso como seres humanos, já que os animais, vegetais e toda a natureza sabem o tempo certo de cada coisa. Talvez precisemos humildemente admitir que somos apenas alunos e não os guardiões da Criação.

Uma mulher viajante está no foco da imagem. Ela está de costas, carrega uma bolsa e uma mala e observa o movimento dos aviões pela janela.
Maridav / Canva

Vamos nos lembrar de que, para que um carro, trem, avião ou barco entre no movimento e se dirija a algum lugar, ele necessita estar parado, silencioso e totalmente inerte. Que qualquer corredor de longa distância inicia seu movimento dando a largada somente quando está centrado, parado e consciente que cada passo, um por um, poderá levá-lo a vitória e principalmente, que para chegarmos aqui na vida, plenos e perfeitos, foi necessário, estar assim como nosso personagem inicial, contido, de cabeça para baixo em um corpo feminino, aguardando por 9 meses para enfim nascermos para o mundo.

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Apreciar e reverenciar os ciclos e etapas da vida, observando o início e o final do dia, o sol, a lua, as 4 estações do ano e tudo mais, é uma boa maneira de acreditarmos que estar impotente significa apenas estar em preparo ou elaboração para algo maior.

E que o outono chegando dia 20 seja o tempo no qual a natureza te prepare para diminuir seu ritmo… que essa estação lhe traga a oportunidade de deixar suas próprias folhas caírem, adormecerem no inverno e despertarem para um novo vigor na próxima primavera… Cada coisa a seu tempo.

Sobre o autor

Elaine Pera

Formada em Comunicação Social e Pedagogia com Pós Graduação e Especialização em Qualidade e Terapia Floral. Em 1990 iniciei meus estudos na área Terapêutica envolvendo quatro aspectos do ser humano.

O psíquico-mental através de cursos e formações na área da Programação Neurolinguística, Terapia da Linha do Tempo, Hipnose Ericksoniana e Constelação Familiar.

O emocional e físico através de técnicas terapêuticas como o Reiki, Cromoterapia, Florais de Bach e Massagem Bioenergética.

O espiritual através de conhecimentos e aplicações na linha da Cura e Apometria Quântica e estudos sobre a Grande Fraternidade Branca e a ação dos 7 raios, Tarô mitológico e Numerologia pessoal e Empresarial.

O objetivo do meu trabalho é caminhar junto, ser uma facilitadora para que cada um possa se sentir seguro para olhar para si mesmo e suas experiências, acolhendo-as, transformando-as e levando-as a frente para abrir novos caminhos, obter mais confiança em suas realizações pessoais.

Além dos atendimentos pessoais, workshops e trabalhos em grupo, também sou professora e facilitadora dos cursos de Terapia Floral e Cromoterapia, tendo realizado diversas turmas e cursos no SENAC-Saúde e em outros Espaços e Clínicas do ABC e SPaulo.

Telefone: 11 4221.1164 e 11 4228.2804
E-mail: elamapera@msn.com