Convivendo

A encantadora de abelhas

Abelha se aproximando de uma flor vermelha prestes a desabrochar.
123rf/Sultan MALÇOK
Escrito por Lita Duarte

Benedita Maria de Jesus era o nome de uma mulher muito interessante. Ela era uma pessoa muito especial, tinha o dom para lidar com bichos. De gente ela mantinha certa distância. Ela era muito desconfiada. Também, por tudo o que ela sofreu, não podia ser diferente. Mas vou dizer da grande e maravilhosa habilidade que ela tinha em lidar com as abelhas.

Duas abelhas frente a frente em cima de uma flor amarela.
Pixabay/Oldiefan

Em um sítio lá no sul de Minas Gerais, Benedita cuidava de abelhas. Ela era uma mulher de uns quarenta anos de idade, mais ou menos. Era casada e tinha seis filhos. Era alta e magra, muito séria e responsável. Cuidar das abelhas era uma atividade que lhe dava um enorme prazer.

Interessante é que Benedita não usava roupas especiais e nem fumaça para cuidar das abelhas. Quem a ajudava nessa tarefa tinha que vestir uma roupa especial para não ser ferroado por elas.

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Benedita recolhia o mel das abelhas e mandava o seu filho, de nome João, ir vender o mel lá no centro da cidade. O João era um adolescente de quinze anos de idade. Ele levava os favos de mel e costumava vender todos. O que sobrava, quando sobrava, ele saboreava ali mesmo no centro da cidade, geralmente sentado nas escadarias da igreja Matriz. O dinheiro ele levava para casa e entregava para sua mãe. Esse dinheiro era usado para comprar querosene, sal e açúcar. Eram outros tempos… Tempos de outras necessidades. Outros valores. Mas o amor à terra, às plantas, aos animais era algo muito forte. Benedita passou isso para seus filhos. Principalmente para João, que era muito apegado à sua mãe e era o que mais a ajudava nas tarefas diárias com as abelhas.

João contava que sua mãe não deixava ninguém matar abelhas. Ela dizia que as abelhas eram sagradas. Assim como as plantas, as águas e todos os bichos.

Benedita era uma pessoa que tinha uma ligação muito forte com a natureza, ela sabia ouvir e respeitar as mensagens enviadas por ela. Mesmo quando não estava na lida, quando sentava embaixo de um pé de árvore para conversar um pouco com alguém, era comum a presença das abelhas à sua volta.

Muitas abelhas sobre um favo de mel inteiro.
Pexels/Pixabay

Benedita “encantava as abelhas”, porque ela era encantada por natureza.

Benedita e seu filho João já partiram… Foram morar no céu e já faz muito tempo. Mas o exemplo de amor e respeito que eles deixaram pode ser seguido hoje e sempre.

Sobre o autor

Lita Duarte

Espiritualista, amante da natureza e das artes.

Sempre gostei muito de escrever e compartilhar reflexões e estudar para me manter em movimento.

Pintar a óleo sobre tela nas horas vagas sempre foi uma grande inspiração.

Contato:
Email litaduartedobrasil@gmail.com