Benedita Maria de Jesus era o nome de uma mulher muito interessante. Ela era uma pessoa muito especial, tinha o dom para lidar com bichos. De gente ela mantinha certa distância. Ela era muito desconfiada. Também, por tudo o que ela sofreu, não podia ser diferente. Mas vou dizer da grande e maravilhosa habilidade que ela tinha em lidar com as abelhas.
Em um sítio lá no sul de Minas Gerais, Benedita cuidava de abelhas. Ela era uma mulher de uns quarenta anos de idade, mais ou menos. Era casada e tinha seis filhos. Era alta e magra, muito séria e responsável. Cuidar das abelhas era uma atividade que lhe dava um enorme prazer.
Interessante é que Benedita não usava roupas especiais e nem fumaça para cuidar das abelhas. Quem a ajudava nessa tarefa tinha que vestir uma roupa especial para não ser ferroado por elas.
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Benedita recolhia o mel das abelhas e mandava o seu filho, de nome João, ir vender o mel lá no centro da cidade. O João era um adolescente de quinze anos de idade. Ele levava os favos de mel e costumava vender todos. O que sobrava, quando sobrava, ele saboreava ali mesmo no centro da cidade, geralmente sentado nas escadarias da igreja Matriz. O dinheiro ele levava para casa e entregava para sua mãe. Esse dinheiro era usado para comprar querosene, sal e açúcar. Eram outros tempos… Tempos de outras necessidades. Outros valores. Mas o amor à terra, às plantas, aos animais era algo muito forte. Benedita passou isso para seus filhos. Principalmente para João, que era muito apegado à sua mãe e era o que mais a ajudava nas tarefas diárias com as abelhas.
João contava que sua mãe não deixava ninguém matar abelhas. Ela dizia que as abelhas eram sagradas. Assim como as plantas, as águas e todos os bichos.
Benedita era uma pessoa que tinha uma ligação muito forte com a natureza, ela sabia ouvir e respeitar as mensagens enviadas por ela. Mesmo quando não estava na lida, quando sentava embaixo de um pé de árvore para conversar um pouco com alguém, era comum a presença das abelhas à sua volta.
Benedita “encantava as abelhas”, porque ela era encantada por natureza.
Benedita e seu filho João já partiram… Foram morar no céu e já faz muito tempo. Mas o exemplo de amor e respeito que eles deixaram pode ser seguido hoje e sempre.