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A escrita como autocriação: cultivando palavras, cultivando a si próprio

As mãos de um homem sobre um caderno ou livro aberto estão no foco da imagem. Ele segura uma caneta e começa a escrever. Ao lado, há uma xícara e uma vela.
CasarsaGuru / Getty Images Signature / Canva
Escrito por Carolina Jardim

A escrita é mais do que um ato de registrar – é uma prática de autoconhecimento e transformação. Como as palavras podem moldar sua identidade e ajudá-lo(a) a se recriar? Descubra como a escrita pode ser uma poderosa ferramenta de cura e florescimento pessoal. Está pronto(a) para começar?

“Assim como um bom artesão escolhe o melhor insumo para o seu artefato, cada um de nós deve escolher a melhor palavra para o que dá vida e vigor ao que vai conduzir a nossa história”.

Roberto Tranjan, O Velho e o Menino

Recentemente me questionaram, numa entrevista, sobre minha escolha pela escrita.

Por que escrevo? Por que trabalho com escrita?

Fui transportada para os tempos de menina, em que, sozinha e introspectiva, recorria ao “Querido Diário” para me espelhar, por meio das palavras.

Nesse passeio de um segundo, também visitei o processo de me desfazer de um TCC cheio de apud e citações, para uma monografia tecida a partir de um conto.

Lembrei, ainda, do puerpério depressivo, em que ganhei o curso “EscrevArte”, da Lane Lucena, e do curso de autoconhecimento e escrita que durou 6 anos. Foram presentes que iluminaram meus dias difíceis.

“Precisava de salvamentos
Joguei uma corda para a poesia”.

Larissa Garrido

Me percebi, então, feita de palavras.

E me encontrei amante das poesias.

Uma mulher segurando um livro de poesia aberto está no centro da imagem. Ela está sentada no chão lendo o livro.
Sergiu Oana’s Images / Canva

Descobri que é assim que sou feita. De palavras que cultivei dentro de mim e que inscrevem minha expressão no mundo.

No livro “Oração Para Desaparecer”, tem um trecho que diz:

“A vida é feita de palavras, elas explicam e fazem nascer e morrer. Se ninguém pronuncia um nome, este ser está morto, mesmo que respire e leve um coração batendo no peito. Estar vivo é ser palavra na boca de alguém. Não lembrar delas me condenou ao abismo, não saber os nomes das pessoas, do meu lugar, a narrativa da minha vida, tudo o que somos é história e história se conta com palavras. Por isso, bastou um bilhete. Lembrei-me da missa: ‘Mas dizei uma palavra e serei salvo’. Fui salva por apenas duas, o nome da cidade de onde vim e o meu nome.”

Diria que nós somos feitos de palavras.

Antes mesmo da primeira palavra dita. Pois a palavra já estava nos sons, nos gestos e na dança. E conforme fomos nos fazendo humanos, ela apenas foi se revelando, aflorando e dando sentido aos nossos espantos, aos nossos sentimentos.

Para mim, a escrita é democrática.

É simples.

Acessível.

E quando ela se torna registro – escrito – de quem fomos e de quem podemos ser, temos um incrível poder de manifestação nas mãos. Somos co-criadores.

Quando escrevemos sobre nós, criamos um espelho que reflete nossa verdade.

Uma mulher está deitada no chão sorrindo e escrevendo em um papel. Ela está na parte externa de uma casa, ao fundo, há um ambiente de natureza.
Thượng Hy / Pexels / Canva

Organizamos pensamentos, damos forma ao caos interno, acessamos camadas mais profundas do nosso ser. Escrever é uma forma de cultivar a própria existência, de escolher as sementes que queremos plantar no jardim da nossa identidade. Por isso, mais do que um ato de registro, a escrita pode ser uma prática de cuidado consigo mesma, um exercício de autoconhecimento e florescimento.

Foi dessas percepções que nasceu o “Caderno Autopoiético: Cultivando Palavras”, uma jornada escrita para quem deseja se recriar com mais consciência e presença.

Ele é um desdobramento da minha aula de Literatura na Arteterapia, na pós-graduação em Arteterapia, aliado à reestruturação da minha marca “Para Cultivar a Alma” que usa a metodologia aflorar para guiar processos de escrita e de construções – de pessoas e marcas.

Estruturado em quatro capítulos – primeiro, o Verbo (nossa relação com as palavras), o Solo (o plano de fundo onde damos sentido às palavras), Nutrição (as práticas diárias que sustentam o que criamos) e Aflorar (o desabrochar da nossa expressão no mundo) – o caderno propõe um caminho para que cada mulher possa se escrever, se nutrir e se tornar o que deseja ser.

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Se somos um jardim, quais palavras queremos semear? Como podemos nos regar, nos cuidar, nos permitir florescer? A escrita pode ser um caminho, um portal para nos compreendermos melhor e nos recriarmos com mais verdade. O “Caderno Autopoiético” é um convite para essa jornada.

Está pronta para cultivar suas palavras e, com elas, cultivar a si mesma?

Sobre o autor

Carolina Jardim

Olá! Sou Carolina, uma sonhadora desde pequena. Pés descalços, no chão, cabeça nas nuvens. Sonhava com um mundo em que todas as pessoas fossem felizes, amigas e borboletantes. Fui crescendo e percebi que a Educação seria esse caminho. Ingressei na faculdade de Ecologia, sedenta por saber mais sobre Educação Ambiental e resgatei aí a possibilidade de tecer a Arte, a dança, a autoeducação como revoluções no mundo!

Deparei me com a Arteterapia, facilitei rodas de Danças Circulares e integrei projetos de formação de educadores pelas vias do autoconhecimento e da arte teatral.

A maternidade me impulsionou ainda mais a colocar meus projetos no mundo.

Com Cauê nasceu o Dá Tua Mão, que foi germinando do conto "A Dança de Um Um Lugar Chamado Flores" até tornar-se um Jardim em Flor.

Hoje me dedico à jardinagem de corações e à partilha daquilo que floresce do meu coração para aqueles que acolherem minhas palavras.

Gratidão!

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