“Assim como um bom artesão escolhe o melhor insumo para o seu artefato, cada um de nós deve escolher a melhor palavra para o que dá vida e vigor ao que vai conduzir a nossa história”.
Roberto Tranjan, O Velho e o Menino
Recentemente me questionaram, numa entrevista, sobre minha escolha pela escrita.
Por que escrevo? Por que trabalho com escrita?
Fui transportada para os tempos de menina, em que, sozinha e introspectiva, recorria ao “Querido Diário” para me espelhar, por meio das palavras.
Nesse passeio de um segundo, também visitei o processo de me desfazer de um TCC cheio de apud e citações, para uma monografia tecida a partir de um conto.
Lembrei, ainda, do puerpério depressivo, em que ganhei o curso “EscrevArte”, da Lane Lucena, e do curso de autoconhecimento e escrita que durou 6 anos. Foram presentes que iluminaram meus dias difíceis.
“Precisava de salvamentos
Larissa Garrido
Joguei uma corda para a poesia”.
Me percebi, então, feita de palavras.
E me encontrei amante das poesias.
Descobri que é assim que sou feita. De palavras que cultivei dentro de mim e que inscrevem minha expressão no mundo.
No livro “Oração Para Desaparecer”, tem um trecho que diz:
“A vida é feita de palavras, elas explicam e fazem nascer e morrer. Se ninguém pronuncia um nome, este ser está morto, mesmo que respire e leve um coração batendo no peito. Estar vivo é ser palavra na boca de alguém. Não lembrar delas me condenou ao abismo, não saber os nomes das pessoas, do meu lugar, a narrativa da minha vida, tudo o que somos é história e história se conta com palavras. Por isso, bastou um bilhete. Lembrei-me da missa: ‘Mas dizei uma palavra e serei salvo’. Fui salva por apenas duas, o nome da cidade de onde vim e o meu nome.”
Diria que nós somos feitos de palavras.
Antes mesmo da primeira palavra dita. Pois a palavra já estava nos sons, nos gestos e na dança. E conforme fomos nos fazendo humanos, ela apenas foi se revelando, aflorando e dando sentido aos nossos espantos, aos nossos sentimentos.
Para mim, a escrita é democrática.
É simples.
Acessível.
E quando ela se torna registro – escrito – de quem fomos e de quem podemos ser, temos um incrível poder de manifestação nas mãos. Somos co-criadores.
Quando escrevemos sobre nós, criamos um espelho que reflete nossa verdade.
Organizamos pensamentos, damos forma ao caos interno, acessamos camadas mais profundas do nosso ser. Escrever é uma forma de cultivar a própria existência, de escolher as sementes que queremos plantar no jardim da nossa identidade. Por isso, mais do que um ato de registro, a escrita pode ser uma prática de cuidado consigo mesma, um exercício de autoconhecimento e florescimento.
Foi dessas percepções que nasceu o “Caderno Autopoiético: Cultivando Palavras”, uma jornada escrita para quem deseja se recriar com mais consciência e presença.
Ele é um desdobramento da minha aula de Literatura na Arteterapia, na pós-graduação em Arteterapia, aliado à reestruturação da minha marca “Para Cultivar a Alma” que usa a metodologia aflorar para guiar processos de escrita e de construções – de pessoas e marcas.
Estruturado em quatro capítulos – primeiro, o Verbo (nossa relação com as palavras), o Solo (o plano de fundo onde damos sentido às palavras), Nutrição (as práticas diárias que sustentam o que criamos) e Aflorar (o desabrochar da nossa expressão no mundo) – o caderno propõe um caminho para que cada mulher possa se escrever, se nutrir e se tornar o que deseja ser.
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Se somos um jardim, quais palavras queremos semear? Como podemos nos regar, nos cuidar, nos permitir florescer? A escrita pode ser um caminho, um portal para nos compreendermos melhor e nos recriarmos com mais verdade. O “Caderno Autopoiético” é um convite para essa jornada.
Está pronta para cultivar suas palavras e, com elas, cultivar a si mesma?