Parei um pouco para refletir sobre a vida, foram alguns minutos, poucos minutos. Nesse intervalo para olhar para mim mesma, deparei-me com uma paisagem nova. O eu que me representou até aquele momento estava mais sereno, era fácil observar isso na forma como o coração batia, o ar entrava nas narinas, o olhar buscava a paisagem. Tudo estava tão diferente…
O coração, antes tão agitado por expectativas externas, por lembranças mortas do passado, por medos infundados do futuro, agora batia em um ritmo compassado, sem pressa, cadenciado com o agora. O sabor do hoje era novo, a cor do momento presente era luminosa, tudo parecia fazer sentido no ritmo de meu coração que bombeava o sangue do corpo para o aqui e agora, para a vida que é.
O ar, vida externa e interna, no movimento de troca de inspiração e expiração, transformava a minha percepção de mim mesma. Ao inspirar e reter o ar por alguns instantes, eu percebia a força que possuo de controlar as minhas emoções… Ao expirar e, por alguns instantes, manter meus pulmões vazios, oferecia a mim a certeza de que eu sou capaz de deixar ir o que não deve mais ficar… Não quer mais ficar… Não precisa mais estar dentro de minha alma.
Meu olhar, pela primeira vez, acendeu-se como mil lâmpadas coloridas, vendo o invisível, perscrutando o escondido, intuindo o secreto desejo de viver uma harmonia natural.
Nessa reflexão de poucos instantes, senti a força da Mãe Gaia vindo por dentro de meu corpo e fluindo para o universo. Então, me vi parte de um todo, parte de tudo e fui feliz. Por frações de segundos senti uma plenitude inefável e fiquei assim por algum tempo… Respirando a vida…
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Depois, quando os barulhos do mundo me trouxeram de volta para a realidade mundana, eu me vi mais forte, um pouco mais forte… Eu me vi mais plena… Um pouco mais plena… Eu me vi mais viva, e segui deixando a respiração me levar… Acontecer… Renascer sem esforço, a cada manhã.