Arteterapia Saúde Integral

A função da arte

Ao nascimento de cada criança somos levados a criar ambientes dignos para o desenvolvimento dessa criança. Ambiente esse que deverá conter espaços sadios para a formação desse organismo infantil, podendo assim desabrochar as capacidades anímicas que veem em seguida, querer, sentir e pensar. A responsabilidade do educador que lida e se dedica a crianças nessa faixa etária influencia não somente na educação, mas também e com grande ênfase para a formação orgânica da vida, construindo a base para toda a vida.

Brincar é um componente crucial do desenvolvimento infantil, em seu brincar a criança pode experimentar comportamentos, ações e percepções sem medo de represálias ou fracasso. (Gardner,1979)

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As educadoras que trabalham com essa faixa etária são da mais alta importância, pois em muitos casos, inúmeros até, essas crianças são rejeitadas ainda mesmo no ventre materno, rejeitadas ao chegar a casa, por motivos diversos como fator financeiro, emocional, briga de casais e outros. Nesses casos e nessas creches entram então essas profissionais muito mais até com compreensão, preparação e motivação para a vida. Baseado na experiência pedagógica nas Creches e Jardim de Infância das favelas Monte Azul, Peinha e Horizonte Azul (São Paulo) e no estudo da Pedagogia Waldorf ressalta, na educação infantil, a importância do brincar e dos brinquedos, do ritmo e do desenho infantil”. (Renata Keller).

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A criança passa por fases do zero aos sete anos onde aprende a andar, falar, pensar e se expressar, passo a passo o corpo fica ereto e assim constrói a confiança, a coragem, a perseverança, etc. O pensar se torna “a fantasia”, não mais imitando um ser que via antes e sim fantasiando, imaginando. Brincar é tão importante para a criança como o trabalho para o adulto, porém a criança consegue se dedicar muito melhor à sua brincadeira como o adulto a seu trabalho. O ato de brincar não segue lógica alguma, a criança apenas tem que brincar. Hora um tecido jogado no canto da sala é uma casa, em seguida transforma-se no cueiro de uma boneca, momentos após já virou uma capa e é isso que deve ocorrer, sem limitações, sem imposições.

Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade. (Nise da Silveira).

A criatividade anda de mãos dadas com o brincar. Ao ser criativo também se é original e fluente. Há ainda avaliações distorcidas sobre criatividade, talvez não erradas,  mas não tão aceitas pela nova interpretação educacional. Há quem diga que somente são corretos os desenhos belos, perfeitos, com troncos de árvore marrom, copa e folhas verdes, casinha ao fundo. E não é bem assim que a criatividade deve ser vista e entendida. Hoje a criatividade pode ser vista e entendida como subjetividade (uma construção do indivíduo em contato com seus limites em relação ao seu meio ambiente).

Os sonhos são as manifestações não falsificadas da atividade criativa inconsciente. (Carl Jung)

Falemos do papel do educador com relação à arte terapia. O educador é o meio que vai nortear o individuo, mostrando que há algo a ser seguido. de acordo com a necessidade. A arte terapia deve ser tratada realmente com o significado das duas palavras: arte e terapia. Hora ela é terapêutica, hora ela é educativa. Cabe ao educador perceber o momento de usá-la fazendo com que a arte possa fazer a junção com a vida. O profissional de arte terapia é um assistente ao ser humano, profissional esse que utiliza de varias formas de expressão como mosaico, bordado, canto, dança fazendo com que o assistido permita-se expandir nas potencialidades cognitivas e sensoriais. O processo de arte terapia com crianças e adolescentes é facilitador por ser lúdico. Rubin (1984) diz que o arte terapeuta deve escolher qual faceta sua irá usar em primeiro plano: artista, terapeuta ou educador, porém devemos lembrar que nem todos os arte educadores são arteterapeutas. Os processos de criação estão ligados aos materiais disponíveis, no entanto o arteterapeuta deve ser capaz de usar sua criatividade e propor novas formas de uso.

A arteterapia evoluiu muito com Jung, Freud e outros, com as experimentações do inconsciente e leituras através dos sonhos.

Pintar aquilo que vemos diante de nós é uma arte diferente do que pintar o que vemos para dentro. (Jung 1954).

“Um caminho produtivo para facilitar o início do processo arte terapêutico pode ser a vida da consciência corporal, dos exercícios de relaxamento das tensões e da colocação da respiração em estágios mais lentos e profundos para facilitar desbloqueios, permitindo mais fluência do processo criativo, pois esta providência rebaixa as funções da vigília, permitindo o acesso mais livre às camadas inconscientes”. (Mas o que é mesmo Arteterapia? – Ângela Philippini).

“A relação entre educação e psicanálise no Brasil. Partindo de um estudo qualitativo, produzida no país nas primeiras décadas do século XX, são discutidas as contribuições da psicanálise na transformação das práticas educacionais. Os resultados indicam que a psicanálise esteve presente na educação de duas formas: inicialmente, pela divulgação de informações teóricas e às características do desenvolvimento emocional da criança, através cursos destinados a educadores, e, posteriormente, através da criação de uma prática de assistência ao escolar com problemas de aprendizagem ou comportamento, que consistia na avaliação da criança e na orientação de pais e professores. Conclui-se que a psicanálise, enquanto fundamento teórico e prático forneceu elementos que contribuíram para a sustentação dos pressupostos filosóficos da “Escola Nova”, que surgiu, a partir da década de 1920, como alternativa ao ensino tradicional.” (As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no Início do Século XX – Jorge Luís Ferreira Abrão1 Universidade Estadual Paulista).

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O arteterapeuta comunica-se com seus alunos através das pinturas que eles fazem, porém não cabe ao profissional interpretar as pinturas e sim oferecer os materiais e suportes necessários para que a pessoa perturbada entre em processo criativo. Segundo Freud, o processo de sublimação é a energia conduzida que é desviada da meta principal e deslocada para realização e valorização total do ego. Krammer também cita o processo de substituição, onde trocamos uma pessoa por um objeto, mas o que ela  realmente defende é a sublimação.

A relação arte/amor/terapia. Inúmeras formas de amor, inúmeras formas de amar. Fraterno, materno, erótico, a Deus, paixão, a si mesmo, amor terapêutico. O amor terapêutico existe entre profissional e cliente, e há a necessidade da aceitação do cliente, suas necessidades, desejos, anseios e escolhas. É claro que a aceitação não significa concordar em tudo, é possível negar, discordar e até frustar o cliente. Confirmar e amar implicam em impor limites de maneira firme mas nunca rude.

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Ao impor esse amor, essa aceitação e cumplicidade cabe ao arteterapeuta resolver, escolher e dimensionar os ETC (Continuum das Terapias Expressivas). São três níveis que refletem o sistema de processamento das informações humanas e o quarto nível que é o Nivel Criativo (CR).

  1. Dimensão do material: dificuldade do material, estrutura da arte e terapia, propriedades físicas do material;
  2. Potencialidade: cada material possui seu norteamento;
  3. Materiais determinados pela forma ou quantidade: são esses materiais que impõem limites à experiência;
  4. Matérias mediados ou não: cabe ao mediador escolher qual material mais apropriado para tal experiência. Como por exemplo um pincel comprido que delimita a distância do cliente à experiência;
  5. Distância reflexiva: determina a distância congnitiva entre a experiência artística e a experiência do indivíduo.

Bibliografia 

– CRIANÇA QUERIDA – Renata Keller Ignácio, Ref. 9788571220713 – Editora:Antroposófica, 3ª edição, 2014, 160 págs.

– As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no Início do Século XX Jorge Luís Ferreira Abrão1 Universidade Estadual Paulista- MAS O QUE É MESMO ARTETERAPIA? Ângela Philippini, Publicado originalmente no Volume V da Coleção de Revistas de Arte terapia “Imagens da Transformação” – Pomar – 1998.

– KRAMER, Edith. A contribuição de Edith Kramer: Arte como terapia. Universidade Candido Mendes pós-graduação lato sensu instituto

– Arnheim, Rudolph. A arte como terapia. Intuição e Intelecto na Arte. Martins Fontes, 2004

– CARDELLA, Beatriz Helena Paranhos.  O amor e sua manifestação na relação terapêutica. O amor na relação terapêutica :uma visão gestáltica. São Paulo: Summus, 1994.

Sobre o autor

Lilian Hypolito Monges

Professora formada em Artes Plásticas pela faculdade de Belas Artes de São Paulo, com pós-graduação em Arte Educação e Especialização em Arte Publicitária e Ilustração pela Escola Panamericana de Arte.

Trabalha com crianças, jovens e adolescentes há mais de 20 anos, estimulando a criatividade baseado nas quatro bases da arte: visual, dança, teatro e musica, procurando envolver e desenvolver o potencial de cada aluno, o que propicia um maior envolvimento do aluno com a matéria.

Possui conhecimentos específicos sobre brinquedos lúdicos, arte terapia, artesanatos (em madeira, texturização, customização, decoupage, etc.).

Professora de ensino fundamental II em rede particular

Tutora em Graduação de Artes Visuais

E-mail: lilianhypolitomonges@gmail.com
Celular/Whatsapp: 11 96436-5608