Do ponto de luz na mente divina, que flua luz às mentes humanas, e que a luz desça sobre a Terra.
Do ponto de amor no coração divino, que flua amor aos corações humanos, que a força integradora envolva a Terra.
Do centro onde a vontade divina é conhecida, que o propósito guie as pequenas vontades humanas, propósito que os mestres conhecem e servem.
Do centro a que chamamos a raça humana, que o plano de amor e luz se realize. Que a luz, o amor e a vontade humana restabeleçam o Plano Divino sobre a Terra.
Acabo de ler um verso antigo, tornado conhecido mundialmente por Alice Bailey, da teosofia.
Chama-se “A Grande Invocação”, uma espécie de oração, uma súplica pela paz mundial. Tenho tentado ampliar minhas práticas de afirmação da existência nesses tempos difíceis. Não está sendo fácil viver em meio a tanto horror e temor pelo futuro, por isso a procura de versos e textos que ajudem a não sucumbir.
Na “A Grande Invocação”, há um trecho que diz: “Do centro onde a vontade maior é conhecida, que o propósito guie as pequenas vontades dos homens, propósito que os mestres conhecem e servem”. Apesar de ainda se manter a crença em uma “vontade maior”, gosto da ideia de não fechar, nominando este ou aquele mestre, essa ou aquela vontade. E me atrai ainda mais o pensamento de um propósito que guie até a menor vontade. Manter a coerência entre o propósito, seja ele qual for, e a vontade é um desafio que, se levado a fato, pode promover um enorme movimento no modo de pensar, sentir e agir na vida. Porém, talvez e sempre, talvez, para conquistar essa coerência, seria importante tentar primeiro perceber qual seria a relação entre propósito e vontade.
Segundo o filósofo Rudolf Steiner, para a compreensão dos atos da vontade, tem-se de levar em conta dois fatores: o motivo e a força motriz. O motivo é o fator conceitual e a força motriz é o fator da vontade localizada na organização humana. Ele ainda diz que o fator conceitual é a causa determinante momentânea do agir e a força motriz a causa determinante permanente no indivíduo. Se voltarmos a pensar em nosso verso, o motivo seria o que é chamado de “pequenas vontades” e a força motriz o propósito.
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Agora, sim, podemos nos perguntar como fazer para que cada gesto nosso se afine com nossa força motriz, nosso propósito. Ou seja, a manutenção de um alinhamento entre o que se pensa, sente e faz. O verso traz ainda um complicador que é a vontade individual em coerência com uma “vontade maior”, mas não precisamos avançar tanto. A tarefa de manter um alinhamento, uma afinação entre o que se pensa e faz já é hercúlea. Por ora, fiquemos nela.
A ideia de afinação pode ser apoiativa. Como se afina um instrumento? Uma das maneiras é a utilização de um diapasão, um dispositivo composto de uma nota que, tocada de modo claro, pode deixar em sintonia todas as outras notas. Em qual nota vibra meu propósito? Esta seria a primeira grande pergunta de afinação. Isso que desejo está afinado com a nota em que vibra meu propósito? Essa seria a pergunta afinatória a se fazer diante de cada uma de nossas pequenas vontades.