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A importância de ser mãe

Mulher negra ensinando filha negra a escrever.
langstrup / 123rf
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A saúde mental de um indivíduo passa obrigatoriamente por sua infância, fase crucial em sua vida, a qual determinará uma série de comportamentos e formas como ele lida com situações e com as questões do passado.

E, ao falar de uma infância emocionalmente segura, duas pessoas são essenciais nesse processo: os pais. Mais especificamente falando, a mãe é a figura central da vida de alguém, principalmente nos primeiros meses e anos de vida.

É a nossa relação com nossa mãe que vai ditar nossa relação com o mundo em diversas áreas de nossa vida: trabalho, amizade e relacionamentos amorosos. É ela que vai determinar a pessoa que seremos na vida adulta.

O vínculo que começa na barriga

A relação entre mãe e filho se dá, na maioria das vezes, na descoberta da gravidez. À medida que o bebê cresce dentro do útero, o corpo da mulher sofre mudanças, muitas delas bem drásticas. Isso é o corpo instintivamente se preparando para abrigar e proteger esse novo ser que está para vir.

E isso não é só uma questão de “acomodação”. Cientistas da universidade londrina Royal Holloway conduziram uma pesquisa que concluiu que as gestantes tendem a usar mais o lado direito do cérebro, que é a parte que responde pelo controle de nossas emoções. Em linhas gerais, isso significa que essa mudança permite que a mãe esteja neurologicamente preparada para criar um vínculo com seu bebê ao nascimento. E toda essa sensibilização emocional promove um grande impacto quando ela vê o rosto dele pela primeira vez, estimulando essa conexão intensa.

A voz da mãe também é um excelente calmante para o bebê e isso ainda na barriga. Com os recém-nascidos, ela promove inclusive uma redução significativa do ritmo cardíaco deles, tranquilizando-os. Outro poder que a voz materna também tem é o de ajudar os bebês prematuros a se alimentarem melhor – foi o que concluiu um estudo realizado pela Vanderbilt University (EUA), em 2013.

Extensão da mãe

Bebê branco beijando bochecha de mulher branca na praia.
Tatiana Syrikova / Unsplash

A conexão do bebê com a mãe continua mesmo depois do nascimento. O cordão umbilical até pode ser cortado, mas até os 6 meses de idade ele ainda se sente como uma extensão da mãe, e a individualidade é uma capacidade que leva anos para se formar.

Portanto, nessa fase, em que a criança tende a se identificar completamente com quem cuida dela, é essencial desenvolver todas as formas de atenção e carinho. Buscar fortalecer o vínculo é fundamental. É por isso que, nas tenras idades, a presença da mãe na criação precisa ser frequente. Não só nessa fase em que o bebê ainda é muito ligado a ela, como em todos os marcos de desenvolvimento.

O afastamento da figura materna pode trazer vários problemas comportamentais ainda na infância, mas que podem se estender até a fase adulta. A presença da mãe nada vida de um filho estimula sua inteligência emocional, favorecendo a expressão de sentimentos e de emoções, o que influi não só em suas habilidades cognitivas, mas também em seu autocontrole.

Sem falar que o poder de voz da mulher dentro da família, como uma parte educadora de grande relevância, permite que filhos homens construam um comportamento menos centrado no machismo. A Associação Americana de Psicologia realizou um estudo que mostra que filhos criados próximos de suas mães tendem a não reproduzir estereótipos de gênero.

As mães no mundo de hoje

No mundo ideal, a presença da mãe de maneira integral na vida dos filhos seria a melhor escolha para a criação de indivíduos saudáveis emocionalmente e, consequentemente, um mundo muito melhor para se viver.

Não é à toa que sempre brincamos com os “superpoderes” das mães administrando qualquer coisa na vida. Tem até um meme que usaram muito durante a pandemia do novo coronavírus, quando se iniciou o processo de vacinação, em que se dizia: “Se tivessem colocado uma mãe para cuidar disso, já estaria todo mundo vacinado, de banho tomado e agasalhado, pronto para sair”.

E isso é mais do que verdadeiro. No mundo de hoje, porém, em que as mulheres desfrutam de muitas conquistas que antes eram “privilégios” masculinos, temos uma nova visão dessa cuidadora.

A mãe de hoje não padece só no paraíso. Ela saiu desse espaço e passou a sofrer as dores e as delícias de ser uma mulher moderna com filhos: cuida da casa, trabalha fora (ou em home office), cuida-se e tem uma série de outras atividades.

E embora tenha tantas conquistas e independência, a mulher ainda parece viver assombrada pela culpa. A culpa de se dedicar demais ao trabalho e aparentar ser uma mãe relapsa ou largar um sonho profissional para se dedicar à maternidade.

Menina com traços asiáticos sentada no colo de mulher negra.
Tyson / Unsplash

E, ainda que chegue a um meio-termo, sendo a mulher que transita entre esses dois mundos, que não são dissociáveis – é um equívoco pensar que são coisas diferentes –, a mulher ainda sente a culpa dupla por ter que “se virar nos 30” para dar conta de todas as múltiplas jornadas que a trouxeram para um mundo que se modernizou, mas que se esqueceu de avisar a muitos homens.

Acalme-se! Se você se enquadra nessa situação, não é o fim do mundo, você pode continuar trabalhando e dando a atenção necessária para o seu filho se desenvolver e criar uma mente sadia. Só não tente ser uma pessoa multitarefa, porque não precisamos ser super-heroínas.

Dessa forma, chegar ao fim de uma rotina exaustiva, que é a da mãe que trabalha, é uma missão quase impossível. Por outro lado, há como administrar isso sem que pareça que você esteja tentando apagar um incêndio. Veja algumas dicas que podem aliviar essa carga.

  1. Você não é super-heroína

Como dissemos mais acima, seu filho precisa de uma mãe, e não de uma mulher-maravilha. A imagem de poderosas guerreiras, que estão sempre lá para o que der e vier, só alimenta a ideia de que temos que dar conta de tudo, chegando, muitas vezes, à exaustão física e emocional. Não se cobre por isso, então olhe para si com mais compaixão. Você é humana e seus filhos o admiram mesmo com as imperfeições.

  1. Organize-se de forma honesta

Tente organizar uma agenda que seja possível de cumprir. Deixe tudo organizado para o dia seguinte. Não caia na armadilha de fazer uma megaorganização semanal, porque aí voltamos para o primeiro tópico, dos superpoderes que você não precisa ter. Basta deixar tudo organizado no dia anterior, tanto a rotina de trabalho (caso você faça home office) como cardápio e outras atividades mais previsíveis.

  1. Não pegue mais trabalho do que pode fazer

Aqui vale a mesma honestidade mencionada acima. Não precisa sempre “mostrar serviço” para o chefe, provando que em casa você também é útil e funcional. E se você trabalha em home office, estabeleça um horário de expediente, não caia na tentação de pegar o computador, porque o trabalho está sempre ao seu lado.

Mulher marrom segurando menino marrom.
Yogendra Singh / Unsplash

Quando chegar à sua casa ou terminar o expediente, dedique-se ao seu filho, faça as atividades escolares, crie uma brincadeira. Desconecte-se do trabalho, pois seu lar é o seu refúgio.

  1. Peça a cooperação de todos

Todos moram na casa, certo? Todo mundo suja, todo mundo bagunça, todo mundo come. Sendo assim, todos são responsáveis pela saúde do lar em que vivem. É um espaço de todos, pelo qual todos devem zelar. Se ainda há pessoas que pensem que as tarefas domésticas são exclusivas da mulher, elas precisam rever seus conceitos.

E você pode aproveitar para fortalecer ainda mais o vínculo com seus filhos, criando uma situação agradável ao organizar e realizar as tarefas da casa. Eles precisam enxergar isso como uma parte natural do dia a dia e, se você for casada(o), seu marido ou sua esposa também precisa colaborar.

  1. Esteja com eles o tempo que puder

Se você trabalha fora, arrume um tempinho para entrar em contato com seus filhos. Uma ligação, uma chamada de vídeo, um emoji no WhatsApp mostram que você se importa com eles, mesmo estando longe. Que tal deixar uma gincana (não precisa ser nada elaborado) para eles resolverem enquanto você está fora? Deixe um bilhetinho com a “missão” e, ao chegar, pergunte se a tarefa foi cumprida.

Se você trabalha em home office, aproveite e organize pequenos intervalos para interagir com seus filhos. Pare um pouco, brinque, faça a atividade escolar, mostre um pouco do seu trabalho a eles. Peça uma opinião a eles como “especialistas” sobre alguma tarefa profissional (mesmo que você não vá cumprir, claro), inclua-os na sua rotina, mostrando que eles são importantes nisso também.

Não se iluda com a ideia de que trabalho é trabalho e que você tem que se trancar num escritório enquanto está em expediente, “desativando” o modo mãe, porque filhos – especialmente crianças – não entendem isso. Estabeleça, porém, regras para que eles também respeitem essa individualidade.

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  1. Faça com que eles se sintam parte relevante

OUÇA seus filhos. Dê voz para que eles expressem tudo que sentiram na sua ausência e busque fazer com que eles se sintam parte relevante da casa. Além disso, não aja como se crianças não fossem capazes de decidir, de deliberar.

Escolha temas sobre os quais eles também possam decidir, para que se sintam importantes, ouvidos e considerados e, acima de tudo, respeitados. Quando você mostra que a opinião deles é importante, eles se sentem mais responsáveis e que têm valor na família.

  1. Quando estiver presente, esteja presente

Pode parecer um título meio sem sentido, mas é isso mesmo! Quando você estiver presente, em casa, fora do trabalho, na companhia dos seus filhos, esteja inteira para eles. Seu lazer também é importante para seu bem-estar físico e emocional e não há nada pior do que estar presente em um local, mas checando o celular a cada cinco minutos ou se isolando.

Viva cada momento com eles, divirta-se, ria, invente brincadeiras, mas não se esqueça de também conversar, orientar, falar sobre responsabilidades e regras. Esteja inteira para seus filhos.

A maternidade teve grandes e significativas mudanças ao longo dos tempos – as mulheres ocupam lugares na sociedade muito distintos daqueles que tinham no passado – e ainda há muito a se conquistar.

Hoje em dia, nem toda mulher precisa ser mãe e, se ela não quiser ser, tudo bem. Essa é uma grande mudança na realidade feminina, mas se tem uma coisa que não mudou foi a importância de ser mãe para um filho. Se você escolheu ser mãe – e isso não tem nada a ver com escolher engravidar –, é preciso proporcionar a seus filhos uma vida emocionalmente saudável e segura, em que o mínimo que pode haver é o amor.

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