É inata nos seres humanos a ideia da existência de seres inteligentes extracorpóreos na natureza. Apenas os ateus não a comungam, e bastaria observarmos que até mesmo os silvícolas, em todo o globo terrestre, creem na existência dos Espíritos e acreditam na participação deles na vida dos encarnados, sem que tenham recebido alguma doutrinação para isso.
A Bíblia atesta a influência e participação dos Espíritos na vida dos encarnados, com várias descrições de ações do Senhor Jesus interrompendo litígios de variados tipos entre desencarnados e encarnados.
Em meio ao século dezenove, o eminente educador francês Hipólito Leon Denizard Rivail tomou contato com fenômenos extraordinários que se davam em salões da sociedade parisiense e tomando a decisão de estudá-los, pelas vias da experiência e racionalidade, chegou à conclusão que os fenômenos eram provocados pelos Espíritos e, com eles, iniciaram-se os diálogos que resultaram no corpo da Doutrina Espírita.
Declara o educador, agora com o pseudônimo de Allan Kardec:
“Os seres que se comunicam designam-se, a si mesmos, como o dissemos, sob o nome de Espíritos ou de Gênios, tendo pertencido, pelo menos alguns, aos homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal”.
Continua Kardec:
“O Espírito não é, portanto, um ser abstrato e indefinido, que somente o pensamento pode conceber. É um ser real, definido e que, em alguns casos, pode ser reconhecido, avaliado pelos sentidos da visão, da audição e do tato”.
Sendo as almas daqueles que aqui viveram, carregam consigo as características que desenvolveram, por isso são naturalmente diferentes entre si, como são os encarnados, mas também como entre nós, vinculados à Lei do Progresso. Daí a necessidade da reencarnação.
Esclarece Kardec:
“Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos melhoram ao passar pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esse progresso ocorre pela encarnação, que é imposta a alguns como expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova que devem suportar várias vezes, até que tenham atingido a perfeição absoluta. É uma espécie de exame severo ou de depuração, de onde saem mais ou menos purificados”.
Os Bons Espíritos representam a Providência Divina junto aos encarnados, protegendo-os e instruindo-os, para que aproveitem ao máximo as possibilidades de progresso moral, e os Maus Espíritos, que o são por opção pessoal, ao contrário, procuram induzir os encarnados ao erro, pelos mais diversos motivos, tanto quanto buscam arrastá-los e mantê-los na viciação, qualquer que seja ela.
Em “O Livro dos Espíritos” os Espíritos Superiores nos esclarecem dizendo que “os Espíritos veem tudo o que fazemos, porque nos rodeiam incessantemente, mas cada um vê apenas as coisas sobre as quais dirige sua atenção”, e que podem “conhecer os nossos mais secretos pensamentos e, frequentemente, conhecem o que gostaríeis de esconder de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos lhes podem ser ocultados”, e por isso “os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações e sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem”.
Entretanto “pode o homem se libertar da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal porque apenas se ligam àqueles que os solicitam por seus desejos ou os atraem pelos seus pensamentos”, e se “pode neutralizar a influência dos maus Espíritos fazendo o bem e colocando toda a confiança em Deus”. Com isso, se “repele a influência dos Espíritos inferiores e anulais o domínio que querem ter sobre vós”. Eis porque Jesus nos ensinou a dizer na oração dominical: Senhor, não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal!
Aconselham ainda a não escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más paixões. Desconfiai, especialmente, daqueles que exaltam o vosso orgulho, porque vos conquistam pela fraqueza.
É nesse sentido que se deve entender a orientação dada por Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”, que o evangelista Mateus anotou no versículo quarenta e um do capítulo vinte e seis de seu Evangelho.
Há muito mais a ser estudado na Doutrina Espírita sobre esse tema, incluindo os casos de influência e perseguições motivadas por vingança por parte de Espíritos desencarnados, que não conseguindo perdoar perseguem o encarnado que o vitimou no passado, mas para esse pequeno ensaio é o suficiente para entendermos que são os nossos valores morais que dão sustentação aos nossos pensamentos, vontades e ações, que atraem os Espíritos para junto de nós, sejam eles bons ou maus.
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Convidamos os caros leitores a esse estudo por meio da literatura espírita, como também das palestras públicas e reuniões de estudos que os Centros Espíritas realizam no dia a dia.
Reafirmamos, por último, que é pela superioridade moral, pela prece, prática do bem e eliminação dos vícios, que se consegue se defender dos Espíritos inferiores, educando-os ou afastando-os, ensinam os Superiores, porque o resto é medida paliativa que tende a piorar a situação em maior ou menor tempo.
Pensemos nisso!