Do futebol, da convivência com as pessoas, “da cerveja” e de uma porção de pessoas diferentes, mas que, ao mesmo tempo, compartilham sentimentos muito semelhantes.
A vida é feita de incontáveis peças, que ora se juntam, ora se afastam.
Creio que alguém já disse isso, alguém já disse tudo, é sempre assim, as experiências acabam sendo muito parecidas.
Após conhecer melhor algumas pessoas, a gente vê que o quebra-cabeça tem sempre as mesmas peças.
A diferença é a ordem que cada um de nós dá à sua montagem, a peça pela qual cada um de nós prefere iniciar a composição.
Uns pensam nas cores, outros vão pelas formas, outros pelo centro e outros pelas bordas.
Alguns conseguem montar o todo, aos poucos, outros rapidamente e até mesmo colam os pedacinhos para garantir que não se separem, garantindo a perpetuação da vitória.
Outros ainda desistem, largam tudo e começam outro quebra-cabeça, iludidos com a possibilidade da facilidade.
A maioria acomoda-se ou simplesmente prefere continuar o jogo com a esperança que as peças se tornem mais afáveis à compreensão, ao olhar, à necessidade…
De uma partida de futebol à cerveja, muita coisa muda.
O adversário agora é o amigo. O xingamento cala e explode em incontroláveis e divertidas gargalhadas.
Suados, eles parecem soldados sobreviventes de uma batalha.
Homens travestidos de meninos, super-heróis, não são mais jogadores.
Apenas compartilham as experiências em uma deliciosa resenha.
Não há apito e impedimento, não há juiz e julgado.
As mulheres entraram nessa área não mais restrita, a diferença é que não estão travestidas de meninas depois do jogo.
Pegaram pesado, no corpo a corpo, no futebol… E em tudo!
Encontrar o melhor ângulo e a força para dar o chute é questão de treino.
E o futebol acontece como um balé: com passos harmônicos, se desenvolve uma linda dança.
Esses passos e passes nos colocam em ação, seja no movimento solo, em equipe ou em um íntimo “pas de deux”.
Eu te vejo, você me vê. O seu movimento determina o meu.
Quanto mais eu observar os seus passos, com mais desenvoltura e graça serão os meus.
Eu faço o passe certo para você e, juntos, nós fazemos o gol! Não importa quem colocou a bola dentro da rede.
As posições não são fixas e todos ganham medalhas apenas de participação.
Eu te ajudo, você me ajuda. A sua bondade estimula a minha.
Eu tenho uma parte de você e você tem uma parte de mim.
Não somos metades, incompletos, que unidos formam o inteiro.
Somos inteiros que juntos formam muito mais do que dois.
Indivíduos em harmonia brilhando no mesmo jogo. E a galera vibra!
A solidão não é a nossa inimiga por si só. A solidão por se estar só ao lado de alguém, sim, é o pior opositor.
Gostar de estar sempre sem ninguém é cômodo e covarde. É existir e passar.
É bom ter amigos de infância, ou então de longa data, para caminharmos paralelos na vida, tendo “causos” para comentar.
A presença e o afeto do outro nos fazem entender que fomos criados para o comum, para a comunidade.
É atividade diária que envolve tolerância, criatividade, bom humor e nada de vaidade.
No final, quem sabe, ou muito provavelmente, com sorte, sol, vitamina e exercícios, teremos como resultado uma existência plena e com muitos gols para contar!
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