Vivemos em um mundo obcecado por resultados, em que a eficiência e a produtividade se tornaram qualidades cada vez mais almejadas, quando não obrigatórias. E isso não acontece só no trabalho e sim com diversas esferas da vida.
É a busca pelo corpo ideal com tal peso e aparência. Está no relacionamento afetivo que atenda a uma lista gigantesca de exigências. E até no lazer, que precisa ser interessante o suficiente para ser exibido nas redes sociais.
Nesse contexto, o experienciar do processo foi sendo deixado de lado, tornando-se frequentemente esquecido. A rapidez engoliu a qualidade de vida. Os objetivos e as metas retiram pouco a pouco a capacidade de enxergar a alegria de estar vivo. E a eficácia reduziu drasticamente a criatividade.
Confesso que me assusta, em particular, os rumos que a educação vem tomando, não somente pelas conhecidas defasagem de conteúdo e falta de estímulo ao pensamento crítico. Mas, sobretudo, porque tenho visto muitas escolas consideradas inovadoras tendo como foco quase que exclusivo a formação de futuros profissionais.
Vejo isso de maneira bastante problemática, pois a função da educação deveria incluir o desabrochar do ser, a descoberta do indivíduo por si mesmo, a potencialização de suas potências e o lapidar de competências para uma vida plena, incluindo a capacidade de se relacionar bem consigo mesmo, com o outro, com outras espécies e com o planeta.
E se hoje boa parte dos adultos (que ainda tiveram a oportunidade de brincar livremente quando crianças, sem ter uma agenda lotada de compromissos e a vida mediada por telas eletrônicas) já sofre de ansiedade, angústia e falta de vitalidade, o que se espera da qualidade de vida dessas crianças quando se tornarem adultas?
O que se espera da capacidade delas para lidarem com os próprios sentimentos, quando suas necessidades mais básicas são esquecidas por aqueles que deveriam cuidar delas?
Fico pensando que daqui a 20 anos o mundo, no que diz respeito à tecnologia e à organização do trabalho, estará completamente diferente. E que as previsões sobre como ele será tendem a não se realizar, já que a vida está além do nosso controle e da nossa imaginação no momento presente.
E então, você já parou para pensar que talvez condicionar uma criança apenas a resultados que não temos a certeza de que serão os necessários no futuro pode ser um completo desperdício de tempo, ou melhor, de vida?
Você certamente já refletiu sobre o fato de que boa parte do que temos como atividades profissionais hoje poderão ser realizadas por máquinas no futuro. Mas parou para pensar que isso talvez não seja uma tragédia, mas uma libertação?
E o que de fato, nesse caso, será sempre necessário?
Talvez pessoas que saibam quem são, que reconheçam suas capacidades e saibam como colocá-las em prática em função do todo.
Talvez seres criativos, capazes de criar uma nova realidade mais pacífica e abundante para todos.
Talvez indivíduos resilientes, que saibam como viver transformações sem se perderem nas crises que elas geram.
Não existem respostas prontas…
O que existe é a possibilidade de analisar o que acontece conosco e ao nosso redor, percebendo quais impactos estamos gerando e visualizando o que desejamos daqui para frente. É sempre possível escolher diferente.
Meu convite é para que você enxergue sua vida além dos resultados que obteve até hoje. Perceba quem você se tornou ao longo desses anos. Seja honesto consigo mesmo e me diga o quanto se sente alegre e desfrutando a vida com a qual foi presenteado.
Quanta frustração cabe em reduzirmos nossa vida apenas aos resultados que conquistamos?
Por mais brilhantes que tenham sido os seus resultados, caso você esteja bem acima da média, ainda assim sua mente dirá que você poderia ter mais, gerando insatisfação ou autocobrança.
Como seria valorizar cada experiência? Comemorar todos os aprendizados?
Como seria perceber que os resultados tem, sim, importância, mas que a jornada até eles pode ser tão importante quanto — ou até mais.
E nesse momento coletivo em que a morte se fez tão presente, pense na tristeza de quem passou anos focado em um resultado, sem desfrutar a vida e, repentinamente, foi levado.
O que você e eu podemos fazer de diferente hoje para desfrutarmos mais a nossa jornada única neste planeta? Como podemos sentir mais a alegria disponível a cada respiração? Como estar mais presente, além da mente?
Observe mais a natureza e ela poderá dar a você lições preciosas sobre isso.
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Se existir algum hobby que você vem adiando por considerar inútil, como seria começá-lo ainda nesta semana?
Agora aproveite e me escreva nos comentários. Vou adorar ler os seus comentários com reflexões, insights e propostas de mudança.